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Figueiredo, da Mauá: o efeito Trump no mercado

Letícia Toledo O medo está instalado nos mercados internacionais. Na última semana, conforme as pesquisas mostravam o avanço do candidato republicano Donald Trump nas eleições americanas, os índices de ações caíam mundo afora. O Ibovespa recuou 4,2% na semana. Nos Estados Unidos, o S&P 500 fechou a sexta-feira em sua nona queda seguida – a […]

Luiz Fernando Figueiredo, sócio da gestora Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central (foto/Divulgação)

Luiz Fernando Figueiredo, sócio da gestora Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central (foto/Divulgação)

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Letícia Toledo

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 19h41.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h44.

Letícia Toledo

O medo está instalado nos mercados internacionais. Na última semana, conforme as pesquisas mostravam o avanço do candidato republicano Donald Trump nas eleições americanas, os índices de ações caíam mundo afora. O Ibovespa recuou 4,2% na semana. Nos Estados Unidos, o S&P 500 fechou a sexta-feira em sua nona queda seguida – a maior sequência de baixas desde 1980 –  enquanto o Dow Jones caiu 1,5%. Na zona do euro, o índice Euro Stoxx 50, que reúne as principais empresas do bloco, caiu 3,5%. Em entrevista a EXAME Hoje o ex-diretor do Banco Central e sócio-fundador da gestora Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, afirma que, se Trump ganhar, o pânico inicial deve ser geral, mas há oportunidade para os emergentes. 

Nos mercados acionários do mundo todo se espalhou um temor de que Trump vença. A vitória de Trump seria mesmo tão catastrófica para a economia?
Trump tem ideias complicadas, zero experiência no setor público e até como empresário seu sucesso é bastante duvidoso. A vitória dele traria um momento muito grande de incertezas. Ninguém sabe quais propostas ele realmente vai conseguir implementar e quais ficarão só nas promessas; há muitas dúvidas sobre o seu governo. O mercado deve realmente passar por um período de turbulência se ele for eleito. Já Hillary pode não ser a melhor das opções, mas pelo menos, de alguma forma, é a continuidade da política que está em andamento. Ela gera menos incertezas.

Após a votação do Brexit, o Ibovespa e as bolsas de países emergentes subiram com a fuga de investidores de países desenvolvidos. Isso deve se repetir?
Desta vez, a turbulência tende a ser geral, pelo menos durante um tempo. Ao longo das semanas, os investidores vão realmente separando quem está melhor, quem está pior, quais países são mais vulneráveis àquele evento. Quando se pensa mais para frente, Trump traz um risco para o próprio crescimento americano. Se ele seguir as políticas prometidas, vai inibir o consumo e o investimento no país. E isso em um mundo já fragilizado, com crescimentos baixos, é um grande problema. Agora, por outro lado, se o crescimento for baixo no mundo, o excesso de liquidez grande vai permanecer.

Esse capital pode de alguma forma vir para os emergentes?
Pode. O problema é que o grosso dos países emergentes está em um processo de ajustes econômicos. É uma coisa boa, indica que eventualmente eles vão conseguir se destacar nesse ambiente mais turbulento, mas é preciso agilizar esses ajustes para receber esses investimentos.

E como ficaria a relação entre dólar e real em uma vitória de Trump?
Em um primeiro momento isso causaria uma alta do dólar no país porque haveria uma redução de posição em países de risco, como o Brasil. Claro que um impacto maior é temporário, depois haverá uma acomodação dos recursos. Do lado externo, o Brasil tem fundamentos bons e a expectativa com as reformas fiscais é grande.

E se a Hillary ganhar, é possível uma alta na bolsa?
Se ela for eleita, o mercado vai melhorar. O mercado sempre se antecipa aos fatos, o Ibovespa caiu quase 5% por conta dessa tensão pré-eleições e isso é algo que vai recuperar se ela for eleita.

Até o fim do ano o Ibovespa vai continuar se pautando por questões externas?
Por aqui, a agenda até o fim do ano é concluir a votação da PEC do teto de gastos. Há a redução da taxa de juros pelo Banco Central e ainda a Operação Lava-Jato, que sempre pode surgir com mais alguma coisa. Mas no cenário externo tem mais eventos. Há eleições americanas, uma possível elevação de juros nos Estados Unidos, a reunião da Opep [para cortar a produção de petróleo] e o referendo na Itália [para reforma da constituição]. O ambiente é complexo.

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