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Festa com dançarinas seminuas gera mal-estar a empresas de biotecnologia

Em evento do setor, corpos de dançarinas de topless foram pintados com logotipos de patrocinadores. Executivas se indignaram.

Direitos iguais: festa polêmica levantou discussão sobre igualdade de gênero no setor (nito100/Thinkstock)

Direitos iguais: festa polêmica levantou discussão sobre igualdade de gênero no setor (nito100/Thinkstock)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 15 de junho de 2018 às 11h37.

Última atualização em 15 de junho de 2018 às 11h40.

Empresas de biotecnologia e farmacêuticas buscam se distanciar de uma festa do setor na qual corpos de dançarinas de topless foram pintados com logotipos de patrocinadores.

Os patrocinadores do evento ameaçaram retirar o apoio quando foram informados por participantes da nudez quase explícita. Fotos apresentadas por participantes da festa de 6 de junho mostram uma dançarina vestida apenas com uma coroa de flores, botas, adesivos nos mamilos e a peça inferior do biquíni com o nome da Selexis, uma empresa de biotecnologia suíça, pintada na coxa direita. O nome de outra empresa, Alpha Blue Ocean, aparecia na barriga. Apesar de ser sido realizada em Boston ao mesmo tempo que a reunião anual da Organização de Inovação em Biotecnologia (BIO, pela sigla em inglês), a festa não tem relação com a entidade.

“Como eles puderam achar que isso seria uma boa ideia?”, disse Pierre Vannineuse, CEO da Alpha Blue Ocean, uma firma de investimentos com sede em Londres que ajudou a patrocinar o evento. Vannineuse disse que chegou tarde à festa e que soube das dançarinas quando alguns convidados externaram suas preocupações, nesta semana. “Estou muito surpreso.”

As preocupações a respeito do tratamento às mulheres em contextos profissionais aumentaram com o movimento MeToo e a acusação do produtor de cinema Harvey Weinstein por estupro e abuso sexual. O nome do evento, Party At BIO Not Associated With BIO, ou PABNAB, sugere um distanciamento do evento em relação à entidade.

Passaram dos limites

Jim Greenwood, presidente e CEO da BIO, disse que a inclusão de dançarinas foi “inapropriada” e que a contratação delas “não reflete os valores desse setor, da BIO ou dos patrocinadores do evento”.

“Em um momento em que nosso setor e a BIO estão determinados a se unir para abraçar a igualdade, enfrentar preconceitos inconscientes e condenar atitudes sexistas, este evento -- que é independente da BIO -- mostrou falta de consciência e de sensibilidade”, disse ele.

A indignação lembrou as objeções a uma conferência de saúde do JPMorgan, em 2016, em São Francisco, em que os organizadores contrataram modelos para que comparecessem com vestidos curtos e justos. Duas executivas escreveram uma carta aberta exigindo medidas após a festa de São Francisco. Na segunda-feira, Kate Strayer-Benton, diretora de estratégia da Momenta Pharmaceuticals, com sede em Cambridge, Massachusetts, relançou a carta anterior com detalhes do evento de Boston, destacando as semelhanças entre os incidentes.

“Uma das primeiras coisas que notamos quando chegamos foi uma dançarina de topless em um pequeno palco”, disse Strayer-Benton, que tirou fotos no evento. “Passaram muito dos limites. O fato de estarem de topless já era ruim o bastante. O fato de estarem marcadas com patrocínios foi realmente perturbador para mim.”

Um porta-voz da Selexis disse que a empresa não aprovou a pintura de seu nome na dançarina e preferiu não fazer mais comentários. Vannineuse disse que sua empresa não voltará a patrocinar o evento PABNAB no ano que vem se essas ações se repetirem. A Nanobiotix, uma firma de biotecnologia com sede em Paris, afirmou que deixará de patrocinar o evento.

“Não estávamos cientes do entretenimento e não estamos nada felizes com ele”, disse Sarah Gaubert, porta-voz da Nanobiotix, por e-mail. “Não demos autorização para a maneira como nossa marca foi usada neste caso. É inaceitável.”

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