Ferrero: nos períodos de pico, como antes do Natal, 24 milhões de Ferrero Rocher saem da fábrica de Alba todos os dias (Getty Images)
AFP
Publicado em 21 de dezembro de 2016 às 20h58.
Com 70 anos de história, a empresa italiana Ferrero se vangloria com cifras impressionantes: abrange um terço do consumo mundial de avelãs e produz uma quantidade anual de Nutella equivalente ao Empire State Building.
A história da célebre marca italiana começa em 1946 em Alba, uma pequena cidade da região do Piemonte, no norte do país, um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
O confeiteiro Pietro Ferrero tem a ideia de utilizar avelãs para substituir o chocolate, muito mais raro e caro, e criar um creme que possa ser passado no pão.
Assim nasceu o que batizaria anos depois com o nome de Nutella, um creme popular no mundo todo, que conquistou jovens e velhos.
Hoje saem diariamente dois milhões de potes de Nutella, em porções que vão de 15 gramas a três quilos, da enorme fábrica de Alba, com um superfície de 340.000 m2, o equivalente a 50 campos de futebol.
Entrar nesta fábrica ultramoderna não é tarefa fácil: além de credenciais, não é permitido portar telefones celulares nem máquinas fotográficas. Avental e chapéu são obrigatórios.
Da produção da Nutella, não se pode ver nada. A receita é secreta e cuidadosamente preservada.
O visitante só assiste como a pasta cremosa é despejada em frascos transparentes que, em seguida, partem para a linha onde serão rotulados.
A produção dos bombons Ferrero Rocher é um tanto mágica. Os biscoitos esféricos com uma avelã no meio são banhados com Nutella pelas máquinas, e depois cobertos com avelãs trituradas e chocolate.
Nos períodos de pico, como antes do Natal, 24 milhões de Ferrero Rocher saem da fábrica de Alba todos os dias. Cada bombom leva quatro avelãs - uma no centro e três divididas entre o creme e a cobertura.
Os estoques da fábrica chegam a ter até 100 milhões de avelãs por dia.
Entre todos os seus produtos e suas 22 fábricas espalhadas pelo mundo, o grupo utiliza "um terço da produção mundial de avelãs", destacou recentemente o presidente da Ferrero na Itália, Francesco Paolo Fulci.
O terceiro maior grupo do mundo no setor de confeitaria adquire 120.000 toneladas de cacau por ano, e o objetivo é que 100% desta matéria-prima seja produzido por indústrias sustentáveis em 2020, em comparação com 45% em 2014-2015.
Um objetivo atingido em dezembro de 2014 para o óleo de palma, um produto que costuma ser criticado por seu impacto negativo na saúde e no meio ambiente, mas que a Ferrero defende.
O legendário Michele Ferrero, que desapareceu em 2015 depois de dirigir a empresa durante 40 anos, "era obcecado pela rastreabilidade" dos produtos.
"Esse conceito é popular hoje em dia, mas há 70 anos é considerado uma prioridade para a Ferrero," diz Laurent Cremona, responsável da marca Nutella em nível mundial.
"Sabemos produzir óleo de palma da forma mais segura e mais sustentável possível", acrescenta Cremona, lembrando que as organizações ambientalistas WWF e Greenpeace consideram o grupo como um exemplo neste setor.
Embora esta controvérsia surja regularmente, a Ferrero dobrou seu volume de negócios em 10 anos, chegando a 10 bilhões de euros, com mais de 40.000 empregados.
Seus produtos são vendidos em 170 países, e a Nutella tem 32 milhões de fãs no Facebook.
A família é proprietária da totalidade da empresa, costuma ser muito discreta, não quis entrar na Bolsa nem se desenvolver além de um crescimento orgânico natural.
Mas desde 2014 a empresa vem revisando sua estratégia, com a aquisição do grupo Oltan, especializado em avelãs, e da marca britânica de chocolates Thornton.
E neste outono adquiriu o grupo Delacre, a fim de entrar no mercado dos biscoitos de qualidade, menos saturado que o do chocolate.