Repórter de Negócios
Publicado em 23 de abril de 2025 às 11h57.
Última atualização em 23 de abril de 2025 às 11h58.
O faturamento das pequenas e médias empresas brasileiras teve uma queda de 2,4% em março de 2025, na comparação anual. Esse recuo vem após uma leve estabilidade de 0,3% em fevereiro e encerra o primeiro trimestre com uma retração de 1,2% em relação ao mesmo período de 2024.
Os dados fazem parte do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que acompanha empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, divididas em quatro grandes setores — Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços — mostra que a queda ocorreu em um cenário econômico desafiador.
"A redução do índice foi influenciada por pressões inflacionárias, aumento das taxas de juros e uma deterioração significativa nas expectativas econômicas tanto no Brasil quanto no exterior", diz Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores da Omie.
A queda na confiança dos consumidores, registrada em recentes pesquisas da FGV-IBRE, é um reflexo do cenário econômico atual. Para Beraldi, o pessimismo é palpável, com 51% dos pequenos empreendedores sinalizando uma piora na economia, aumento em relação aos 39% registrados no último levantamento de setembro de 2024.
No Comércio, as PMEs apresentaram um crescimento de 2,9% em março, após um aumento expressivo de 13,1% no mês anterior. No entanto, o varejo, segmento importante dentro do Comércio, sofreu uma retração de 3,0% em comparação com 2024. Apesar disso, segmentos como o comércio varejista de medicamentos veterinários e alimentos mantiveram o crescimento.
Já o setor de Serviços registrou um aumento de 1,5%, impulsionado principalmente pelas áreas de informação e comunicação, artes e atividades financeiras. Contudo, setores como educação e serviços profissionais continuam com desempenho abaixo das expectativas.
A Indústria das PMEs apresentou uma nova queda de 7% em março de 2025, sendo o quinto mês consecutivo de resultados negativos. Com destaque negativo para a metalurgia e fabricação de móveis, apenas alguns subsegmentos, como produtos metálicos e químicos, conseguiram registrar crescimento.
O setor de Infraestrutura também não foi poupado, com um recuo de 5% no faturamento. A cadeia da construção civil sofre com a alta das taxas de juros e o enfraquecimento da confiança, impactando principalmente a construção de edifícios e os serviços especializados para o setor.
Apesar das dificuldades enfrentadas, o economista Felipe Beraldi acredita que a economia brasileira não está à beira de uma recessão. "O crescimento da renda das famílias brasileiras, impulsionado pelos aumentos nos rendimentos reais do trabalho, continua sendo um fator importante para sustentar a atividade econômica", afirma.
O rendimento médio real do trabalho cresceu 4,4% no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2025, mantendo-se acima dos níveis pré-pandemia.
Com base nos dados coletados e nas projeções para os próximos meses, a expectativa é que as PMEs sigam enfrentando desafios, mas também busquem alternativas de adaptação ao cenário econômico em constante mudança.