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Faturamento da JBS é 35 vezes maior que há dez anos

Maior conglomerado privado do país, empresa gastou meio bilhão de reais em propina. E saiu barato

JBS: os negócios ganham volume a partir de 2007, quando a empresa abre seu capital (Ueslei Marcelino/Reuters)

JBS: os negócios ganham volume a partir de 2007, quando a empresa abre seu capital (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2017 às 15h48.

Última atualização em 22 de maio de 2017 às 15h58.

São Paulo - Friboi, Seara, Vigor, Swift e até Havaianas. A lista de marcas que estão sob o selo JBS vai longe. E a atuação da empresa em esquemas de corrupção, ao que parece, também.

Com as delações de Joesley e Wesley Batista, que estremeceram a República nesta semana, um grande número de esquemas de favorecimento vieram à tona.

Entre mensalinhos, mensalões e doações a políticos, o fato é que a marca registrou um crescimento gigantesco, multiplicando seu faturamento por 35 (3.400%) nos últimos dez anos.

 Os negócios da JBS ganham volume a partir de 2007, quando a empresa abre seu capital e deixa de ser Friboi para adotar o nome que leva atualmente.

Sendo beneficiada por incentivos conseguidos junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) hoje, dono de 21% do grupo, seu faturamento pula da casa dos 4 bi em 2006 para mais de 14 bi no ano seguinte.

Com o rápido crescimento, se inicia o processo de internacionalização dos negócios da empresa. Acontecem as compras de importantes rivais do setor alimentício, como as norte-americanas Swift e Pilgrim’s Pride.

O apoio financeiro que o BNDES proveu à JBS, aprovando um crédito de R$ 287 milhões nessa época de fusões é, até hoje, alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento dos governos petistas, foi apontado por Joesley como “operador dos interesses do grupo” junto ao banco.

Coincidentemente, as doações feitas às campanhas políticas caminham lado a lado com a parceria. Estima-se que quase meio bilhão a políticos e partidos nas eleições entre 2006 e 2014, segundo dados do TSE.

O valor corresponde a 18,5% do emprestado junto ao BNDES entre 2005 e o ano da última eleição presidencial.

Também em 2014, o grupo JBS entra como principal financiador das campanhas da ex-presidente Dilma Roussef e do senador Aécio Neves – que também foi gravado pedindo R$ 2 milhões “para sua defesa na Lava Jato”.

Os R$ 5 milhões que cada um recebeu na época, representaram quase a metade do orçamento de cada campanha.

Temer, com quem Joesley disse ter negociado pessoalmente várias vezes, também teria recebido 15 milhões nessa época, utilizados para a compra de apoios políticos para a chapa.

 Pequena ajuda

Bondade? Entusiasmo pela política brasileira? Não exatamente. Auxílios fiscais por parte dos estados, por exemplo, explicam melhor esses repasses financeiros.

O governador do estado, Silval Barbosa, do PMDB, teria recebido 30 milhões de reais em propinas, entre 2012 e 2014.

A mesada tinha como moeda de troca a concessão de um crédito de (Imposto sobre Mercadoria e Circulação de Serviços) orçado em cerca 74,6 milhões de reais, além de benefício fiscal estendido para todos os frigoríficos da JBS no Mato Grosso.

Essas e outras revelações foram possíveis por conta do esquema de delação premiada.

O acordo fechado pelos irmãos Batista, não prevê denúncia criminal pelo Ministério Público – apenas pagamento de uma multa de 225 milhões de reais.

Ou seja, vão contar tudo que sabem sem ter de se preocupar em ver o sol nascer quadrado depois.

A JBS é o segundo maior conglomerado empresarial do Brasil – atrás apenas da Petrobras. Vende para mais de 150 países e tem um faturamento anual na casa dos 170 bilhões de reais.

A empresa fechou o primeiro trimestre deste ano com um lucro líquido de 422 milhões de reais. Os 225 mi de reais de “fiança eterna”, portanto, não devem fazer cócegas no império dos Batista.

Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Superinteressante.

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