JBS: as conversas continuam, mas não há nenhuma negociação realmente em andamento (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de junho de 2018 às 11h58.
Rio - A resistência dos irmãos Joesley e Wesley Batista está atrapalhando os planos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de vender sua participação no frigorífico JBS. Vários grupos têm procurado o banco de fomento com interesse na compra da fatia na dona das marcas Seara e Friboi, dizem fontes consultadas pelo Estadão/Broadcast.
Com a recusa dos Batistas em se engajar em negociações, o que é importante para as discussões sobre valores, as ofertas ainda não se concretizaram. As conversas continuam, mas não há nenhuma negociação realmente em andamento.
Desde que entrou em crise, na esteira da delação premiada feita pelos seus principais executivos, que envolveu o presidente Michel Temer, a J&F, holding da família Batista, vem se desfazendo de participação em várias empresas.
A fabricante de calçados e roupas Alpargatas, dona da marca Havaianas, e a produtora de celulose Eldorado estão entre os negócios vendidos. Conforme as fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, no caso da JBS, empresa que deu origem ao grupo, a disposição não seria a mesma.
Participação. O banco de fomento detém hoje 21,3% do capital da JBS, fatia avaliada em R$ 5,153 bilhões, conforme o valor de mercado de quinta-feira. A participação foi construída com parte dos R$ 8,1 bilhões investidos na empresa, principalmente por meio da compra de ações.
O banco de fomento já informou, em 2017, que saiu ganhando com as operações, quando se considera lucros distribuídos, empréstimos devolvidos e ações já vendidas. Mais conhecido investimento da política dos "campeões nacionais", com a qual o BNDES apoiou, durante os governos do PT, a internacionalização de grandes grupos nacionais, as operações do banco com a JBS são alvo da Operação Bullish, deflagrada em maio de 2017 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal.
Para piorar, as rusgas com os sócios da JBS são anteriores à delação premiada dos irmãos Wesley e Joesley. Recentemente, como resultado de uma reclamação da holding BNDESPar, braço de investimentos do banco, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) instaurou mais um processo por conflito de interesse contra a participação dos dois em assembleia de acionistas realizada em abril do ano passado, em torno da discussão sobre a reestruturação societária do frigorífico.
Na sexta, 29, pela manhã, as ações da empresa chegaram a registrar a maior alta do Ibovespa, principal índice da Bolsa, puxadas pela informação de que um fundo do Catar estaria fazendo uma auditoria para adquirir a participação do BNDES, publicada no site da revista "Veja".
Posições. Em comunicado, a JBS informou não ter tomado "conhecimento sobre qualquer possível negociação envolvendo ações de sua emissão".
Procurada para comentar as informações obtidas pelo Estadão/Broadcast, a companhia manteve a posição. O BNDES também não comentou os rumores, alegando que não trata de informações sobre companhias abertas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.