Desperdício de dinheiro: empresas perdem milhões com faltas e atrasos (Danilo Rizzuti/Getty Images)
Karin Salomão
Publicado em 25 de janeiro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 25 de janeiro de 2019 às 10h08.
Uma empresa ineficiente custa caro e um estudo descobriu exatamente o quanto. As 500 maiores empresas do país deixam de ganhar 230 milhões de reais por ano, em média, com a improdutividade de suas operações.
O levantamento foi feito pela Levee, startup que usa inteligência artificial para aumentar produtividade nas empresas. O estudo analisou os dados operacionais das empresas para descobrir quanto elas perdem com deficiências no sistema produtivo e com falhas humanas, como faltas, atrasos e rotatividade.
Cerca de 100 mil pessoas foram analisadas pela pesquisa, pertencentes às 500 maiores empresas do país. A startup, que tem em sua carteira de clientes grandes nomes como Pernambucanas, C&A, St Marché, Dasa, Rede D'Or e G4S, viu seu faturamento crescer 32 vezes nos últimos dois anos. Por ano, seus sistemas são aplicados a mais de 150 mil postos de trabalho.
As 500 maiores empresas do país tiveram, em conjunto, um faturamento de 840 bilhões de dólares em 2017, último ano analisado, 2,4% mais do que no ano anterior. A cifra que mais importa, a do lucro, ficou em 32 bilhões de dólares, um recuo de 3,3%, de acordo com a publicação Melhores e Maiores, de EXAME.
Os problemas de improdutividade e faltas são ainda maiores em empresas do setor de serviços, como varejo, restaurantes, hospitais e call center. Em média 5% dos funcionários faltam por dia em empresas do setor de serviços no Brasil, número que pode chegar entre 7% a 10% em segmentos como o varejo.
Nessas empresas, são as pessoas, mais do que máquinas ou equipamentos, que são responsáveis pelo andamento da companhia. Os dados de absenteísmo são calculados considerando o número de funcionários faltantes da área de serviços, varejo e alimentação da base do aplicativo da startup.
Um dos grandes problemas para a produtividade é a distância física que os funcionários precisam percorrer para chegar ao trabalho, diz Jacob Rosenbloom, presidente da Levee.
Muitos desses colaboradores moram longe de seus locais de trabalho e passam muito tempo no trânsito.
Chuvas, acidentes e problemas com o transporte atrapalham esse trajeto ainda mais e podem levar a faltas. Além disso, com mais tempo no trânsito, funcionários chegam mais cansados e estressados no trabalho e, portanto, serão menos produtivos durante o dia.
Outro problema é a rotatividade, que na média é de 40% ao ano nas grandes empresas. Profissionais da camada operacional tendem a trocar de emprego até mesmo por posições semelhantes financeiramente, mas com 30 minutos a menos de deslocamento, segundo o levantamento da Levee.
Embora a tecnologia não consiga resolver os problemas do trânsito, pode ajudar a encontrar os profissionais com o perfil mais adequado à vaga e que morem mais próximos do local de trabalho, o que pode cortar faltas, atrasos e rotatividade.
A startup automatiza certos processos e leva a geolocalização em conta na contratação de funcionários. "Trouxemos a tecnologia para que a área de recursos humanos consiga se focar em aspectos mais estratégicos da contratação, como perfil cultural", diz Rosenbloom.