Negócios

Falta de pilotos é o novo desafio para companhias aéreas

Políticas governamentais, como vacinação obrigatória para pilotos em treinamento e restrições de viagens, também mantiveram distante uma nova leva de aviadores em potencial

Companhias aéreas: Muitas empresas estão se esforçando para recontratar pilotos, bem como comissários e equipe em terra (Germano Lüders/Exame)

Companhias aéreas: Muitas empresas estão se esforçando para recontratar pilotos, bem como comissários e equipe em terra (Germano Lüders/Exame)

B

Bloomberg

Publicado em 27 de setembro de 2021 às 09h52.

Última atualização em 1 de outubro de 2021 às 10h27.

Por Anurag Kotoky e Cecilia Yap, da Bloomberg

Depois de entrar em crise devido ao coronavírus, a indústria de aviação enfrenta ainda mais problemas à medida que o mundo emerge do pior da pandemia e descobre que provavelmente haverá uma escassez de pilotos depois que milhares foram demitidos ou decidiram se aposentar.

Políticas governamentais, como vacinação obrigatória para pilotos em treinamento e restrições de viagens, também mantiveram distante uma nova leva de aviadores em potencial, segundo Bhanu Choudhrie, CEO da Alpha Aviation Group, que administra escolas de aviação nos Emirados Árabes e a maior delas no Sudeste Asiático, a Philippines. Elas treinaram mais de 2.500 pilotos para companhias aéreas, incluindo Philippine Airlines, AirAsia Group, Cebu Pacific e Air Arabia.

Aeronaves modernas, estreitas e destinadas a voos de longas distâncias, como os jatos A321 XLR da empresa Airbus -- com entrega prevista para 2023 -- exigirão mais pilotos do que os modelos anteriores, agravando a escassez, disse Choudhrie em entrevista em Londres.

“As companhias aéreas vão continuar a comprar, modernizar suas frotas e, ao fazer isso, vão exigir pilotos”, disse ele. “O mercado está ficando interessante de novo e estamos começando a observar essa tendência de alta, a ver as companhias aéreas chegarem até nós e dizer -- olhe, este é o meu cronograma de entrega, você pode ter pilotos prontos para mim em dois anos?”

Muitas companhias aéreas estão se esforçando para recontratar pilotos, bem como comissários e equipe em terra, mas esse não tem sido um processo simples e algumas vagas de emprego não foram preenchidas. As carreiras no setor não parecem mais tão seguras quanto antes.

Treinar um piloto leva de 18 a 24 meses, de acordo com Choudhrie, o que significa que as empresas devem trabalhar para prepará-los muito antes da entrega de novas aeronaves, incluindo jatos de fuselagem estreita, como o A321 XLR, que podem voar por mais tempo. As companhias aéreas normalmente encomendam aeronaves com anos de antecedência, dada a capacidade limitada de produção dos fabricantes de aviões.

A proporção da tripulação -- ou número de pilotos atribuídos a um avião -- pode ser tão alta quanto 18 para o A321 XLR em comparação a 10 ou 12 para modelos mais antigos da mesma familia de aeronaves, disse Choudhrie.

A Boeing estima que o mundo precisará de mais do que 600.000 novos pilotos nas próximas duas décadas, durante as quais as companhias aéreas receberão 43.600 novas aeronaves. A demanda por novos aviões aumentará em mercados nos quais as operadoras procuram substituir sua frota antiga e em países como a Índia, sede da IndiGo, maior cliente dos jatos estreitos mais vendidos da Airbus.

É por isso que a Alpha Aviation está abrindo um novo centro de treinamento de voo na Índia, com um investimento inicial de US$ 15 milhões, e tem planos de se expandir e investir até US$ 100 milhões, disse Choudhrie. Ele se absteve de fornecer mais detalhes antes de um anúncio formal.

  • Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.
Acompanhe tudo sobre:companhias-aereasEmpregosBoeingEXAME-no-InstagramPandemia

Mais de Negócios

Indústria brasileira mais que dobra uso de inteligência artificial em dois anos

MIT revela como empreendedores estão usando IA para acelerar startups

Um dos cientistas de IA mais brilhantes do mundo escolheu abandonar os EUA para viver na China

Investimentos globais em IA devem atingir 1,5 trilhão de dólares em 2025, projeta Gartner