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Fábrica da Huawei no Brasil anunciada por Doria ainda não é certeza

O governador de São Paulo, João Doria, havia afirmado pela manhã que a empresa chinesa investiria 800 milhões de dólares em uma fábrica em São Paulo

Huawei: empresa é uma das maiores fabricante de smartphones do mundo (Tyrone Siu/File Photo/Reuters)

Huawei: empresa é uma das maiores fabricante de smartphones do mundo (Tyrone Siu/File Photo/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 9 de agosto de 2019 às 14h02.

Última atualização em 9 de agosto de 2019 às 15h24.

A empresa de tecnologia Huawei afirmou que ainda considera se vai abrir uma fábrica em São Paulo. A fábrica vai depender do desempenho, no restante de 2019 e nos meses subsequentes, da operação dos smartphones da Huawei no país, que foram lançados por aqui apenas em abril deste ano.

A informação de abertura de uma fábrica no país havia sido divulgada como certa nesta manhã pelo governador de São Paulo, João Doria, que está em viagem à China.

"A Huawei está no país há 21 anos, sempre presente na transformação digital do Brasil, do 2G até o 4.5G. E agora, na era do 5G, não será diferente. A empresa está animada com as oportunidades no cenário brasileiro e, conforme o desenvolvimento da performance da operação dos smartphones da Huawei no mercado local, considera instalar uma fábrica em São Paulo em um futuro próximo. Mais detalhes serão divulgados em momento oportuno", disse a Huawei em comunicado por meio de sua assessoria de imprensa.

O "considera" dito pela Huawei, contudo, não significa que a fábrica será de fato construída. Há estudos sendo feitos, mas a empresa ressalta que a operação no Brasil ainda é muito recente e que tudo vai depender de como será o desempenho de vendas dos aparelhos da companhia chinesa por aqui.

Questionada sobre o que significa o "futuro próximo" no comunicado, a empresa também afirma que, diante de um contexto de guerra comercial entre China e Estados Unidos, seria uma "imprudência" falar em datas.

Doria também havia afirmado que a empresa investiria 800 milhões de dólares na fábrica ao longo dos próximos três anos, em meio à expansão das operações da empresa na América Latina. A Huawei também não confirma esses valores.

A Huawei havia deixado de vender seus smartphones no Brasil em 2014. Cinco anos depois, tendo saltado de 6% para 19% de participação no mercado mundial, voltou a operar no Brasil com uma estratégia mais voltada a produtos premium e trazendo o smartphone topo de linha P30 Pro, além do P30 Lite, versão mais barata.

Especialistas do setor lembram que a Foxconn, baseada em Taiwan e que fabrica componentes eletrônicos para empresas como Amazon e Apple, fechou uma fábrica que tinha em Jundiaí (SP) e que usava para fabricar para o mercado brasileiro os celulares iPhone e os tablets iPad, da Apple. Em 2011, a empresa chegou por aqui prometendo investir 12 bilhões de dólares no Brasil e empregar mais de 100.000 pessoas, o que se mostrou inviável.

"A Huawei está bem ciente desse insucesso prévio da Foxconn e não quer cometer o mesmo erro", disse um especialista do setor.

Bloqueio comercial e substituto do Android

Um dos fatores que pode influenciar o desempenho da Huawei no Brasil -- e uma potencial fábrica -- ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira, quando a Huawei anunciou seu novo sistema operacional, que batizou de Harmony OS.

Por enquanto, nada muda para os usuários de celulares da empresa. O Harmony só chegará aos celulares depois que de fato entrar em vigor o decreto do presidente americano, Donald Trump, que impediu empresas americanas de venderem para a Huawei.

Assim, o novo sistema operacional (conhecido como "Hongmeng" na China, ou "o começo do mundo") será usado, por enquanto, apenas em aparelhos de internet das coisas (IoT).

A imprensa internacional afirma que a Huawei vinha desenvolvendo um sistema próprio desde 2012, mas que a pressão pelo novo software se intensificou com o decreto de Trump, anunciado em 15 de maio. Desde então, Trump prorrogou o prazo para o bloqueio efetivo para o fim de agosto, de modo que nada mudou até agora. Mas a extensão pode de fato entrar em vigor em breve se as negociações com o governo chinês não avançarem.

Um dos maiores desafios para fazer o Harmony OS emplacar fora da China são os aplicativos, e a Huawei vem tentando engajar a comunidade para criar programas para seu novo sistema. O mesmo desafio será enfrentado pela empresa no Brasil, onde mais de 90% dos smartphones usam o sistema Android e menos de 10% usa o iOS, da Apple. 

Caso os acontecimentos internacionais de fato obriguem a Huawei a acelerar a implementação do Harmony em todos os seus aparelhos, não se sabe se os brasileiros conseguiriam se adaptar facilmente a um novo sistema. Um especialista do setor com conhecimento do mercado chinês afirmou a EXAME que o sucesso do Harmony no Brasil "dependerá mais da compatibilidade com Android", mas que a empresa está fazendo esforços para criar aplicativos compatíveis.

Por ora, os aparelhos da Huawei vendidos no Brasil continuam usando Android normalmente. Em comunicado enviado a EXAME em junho, pouco depois do anúncio do bloqueio de Trump, a assessoria de imprensa da Huawei no Brasil afirmou que "a empresa continuará a fornecer atualizações de segurança e serviços de pós-venda do Google para todos os produtos Huawei existentes no portfólio" e que quem comprou um aparelho da empresa no Brasil não será afetado.

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