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Exportações da Whirlpool caem 40% em 5 anos

A falta de competitividade dos equipamentos produzidos pelo grupo no Brasil fez a fabricante perder o mercado americano

17º Whirlpool (Raphael Gunther / EXAME/Exame)

17º Whirlpool (Raphael Gunther / EXAME/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de novembro de 2017 às 10h13.

São Paulo, 19/11,2017 - A Whirlpool, dona das marcas Consul e Brastemp, e também fabricante de compressores, é uma das 50 maiores exportadoras de manufaturados do País. A empresa viu suas vendas externas de compressores para refrigeração caírem 40% nos últimos cinco anos.

A falta de competitividade dos equipamentos produzidos pelo grupo no Brasil fez a maior fabricante e exportadora de compressores do País perder o mercado americano nesse período.

"Em 2013, abrimos uma fábrica no México para atender aos Estados Unidos, que eram abastecidos a partir do Brasil", conta o vice-presidente de Relações Institucionais da companhia, Armando Ennes do Valle Júnior. Hoje, a filial brasileira vende o produto a vários mercados, mas não mais para os EUA.

A fabricante não é um caso isolado. Apesar de o total de empresas brasileiras exportando ter aumentando na crise, o crescimento se dá na base, entre as que estão nas menores faixas de valor. Entre os maiores grupos exportadores, mais de 300 empresas deixaram de atuar na venda para o exterior, entre 2013 e outubro deste ano, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).

Valle diz que falta competitividade nas exportações. Ele lembra que na China, por exemplo, a liberação de uma carga para exportação é feita em seis horas. No Brasil, demora de 24 a 48 horas. "É muito tempo. Tem órgão nos portos que só trabalha em horário comercial."

Ele aponta o excesso de burocracia, falta de infraestrutura nos portos, a não compensação de impostos e contribuições incidentes na produção, como PIS e Cofins, além de pressões inflacionárias e do câmbio, como fatores que tiraram a competitividade do produto brasileiro em relação aos concorrentes de fora. "Ninguém exporta imposto", diz o executivo, fazendo referência a outros países.

Além disso, ele lembra que todo exportador de produto industrializado depende de importação para exportar. Ele destaca como obstáculo a complexidade do processo de importação, em que são necessários seis ou sete documentos. "E, para exportar, é exigido outro tanto de documentos", afirma.

"O Brasil ainda não olha para exportação como uma alternativa importante, que seria fundamental nesse momento de crise", afirma o executivo. Ele defende um caminho mais rápido para as vendas externas de grandes companhias exportadoras. "Estamos entre os 50 maiores exportadores do Brasil e não podemos ser tratados como uma empresa que está exportando pela primeira vez."

Apesar de mais de 4.700 empresas terem exportado pela primeira vez no ano passado, segundo o Mdic, as dificuldades de vender para o exterior também afetam as empresas de menor porte. "Há muita dificuldade para lidar com a burocracia. A exportação é um investimento que leva tempo para dar resultado", diz Camilla França, da BFX Brazil, consultoria para exportadores de primeira viagem.

O fabricante de peças para carros Arthur Solto, por exemplo, teve problemas ao tentar exportar para a América Central. O empresário teria de readequar a produção ao padrão dos países da região e desistiu. Preferiu enfrentar a concorrência maior e, talvez, voltar a exportar à Argentina em 2018.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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