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Executivos da Portugal Telecom sabiam de empréstimo, diz PwC

O relatório foi encomendado pela administração da Portugal Telecom SGPS para analisar os investimentos na Rioforte


	Portugal Telecom: o relatório da PwC mostra que o início da exposição do Grupo PT aos títulos do Grupo Espírito Santo (GES) teve início em 2001
 (AFP/Patricia de Melo Moreira)

Portugal Telecom: o relatório da PwC mostra que o início da exposição do Grupo PT aos títulos do Grupo Espírito Santo (GES) teve início em 2001 (AFP/Patricia de Melo Moreira)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2015 às 08h29.

São Paulo e Rio - O relatório da auditoria PwC, encomendado pela administração da Portugal Telecom SGPS para analisar os investimentos na Rioforte, foi divulgado na quinta-feira, 8, à noite, conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo.

No documento, publicado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a PwC informou "que o seu trabalho foi sujeito a determinadas restrições e limitações".

Embora não tenha apontado o responsável pela aplicação de 897 milhões da operadora portuguesa na Rioforte, o documento detalha, em ordem cronológica, que o alto escalão da PT e do Banco Espírito Santo (BES) sabiam das operações financeiras em títulos podres.

No relatório, consta que no dia 28 de janeiro de 2014 houve "uma reunião no BES entre o principal executivo financeiro (CFO) da PT SGPS, Luís Pacheco de Melo, a pedido do presidente Ricardo Salgado para apresentação da Rioforte. Nesta reunião, foi explicado que o Grupo PT deveria passar a investir em papel comercial emitido pela Rioforte, em detrimento de títulos emitidos pela ESI (Espírito Santo Internacional)."

No dia 25 de março, conforme relata a PwC, foi deliberada a passagem da gestão de tesouraria da holding PT SGPS para a PT Portugal em consequência do processo de consolidação dos negócios em curso (à época o processo de fusão da PT com a brasileira Oi).

Neste momento, todos os negócios financeiros foram repassados para os principais executivos. Em virtude dessa deliberação, os excedentes de tesouraria passariam a ser controlados pela PT Portugal.

No dia seguinte, houve reunião no BES entre Luís Melo, CFO da PT SGPS; Carlos Cruz, diretor financeiro da PT SGPS, com o principal executivo financeiro do BES, Amílcar Pires, sobre a continuação das aplicações existentes em papel comercial emitido pela Rioforte.

Encontros

Segundo o documento, "Melo refere que a reunião ocorreu a pedido de Henrique Granadeiro (então presidente da Portugal Telecom)". Pires, no mesmo documento, disse que "a reunião ocorreu a pedido de Ricardo Salgado e que este teria afirmado que, no essencial, já estaria tudo acordado sobre o tema entre Salgado, Granadeiro e Zeinal Bava (então presidente do conselho de administração da PT)".

"Não posso julgar ninguém, mas os fatos são claríssimos. O BES ocultou a situação financeira relevante sobre a Rioforte. Independentemente da análise da PwC, houve na prática uma má gestão dos executivos à época", disse Rafael Mora, vice-presidente da RS Holding, dona da rede de mídia Ongoing (acionista da PT).

O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, informou em outubro que o relatório apontaria que Bava, Granadeiro e Salgado sabiam da operação em títulos podres.

Mora acredita que a divulgação do relatório não deve inviabilizar a assembleia de segunda-feira entre os acionistas da PT SGPS para aprovar a venda dos ativos da PT de Portugal para a francesa Altice. O sindicato dos trabalhadores da PT quer suspender a assembleia.

O relatório da PwC mostra que o início da exposição do Grupo PT aos títulos do Grupo Espírito Santo (GES) teve início em 2001. No dia 31 de dezembro deste mesmo ano, a exposição era de 600,2 milhões de euros.

Em 2005, a exposição atingiu o valor máximo de € 1,218 bilhão, até chegar aos € 897 milhões em julho de 2014.

O conselho de administração da PT SGPS contratou, em agosto, a PwC para analisar as aplicações em tesouraria da companhia em entidades do GES.

A medida ocorreu depois que a PT SGPS tomou o calote de 897 milhões de euros da Rioforte. Após a descoberta do empréstimo, os termos da fusão entre a Oi e a operadora brasileira foram revisados.

A PT SGPS detém 25,6% da Oi, que, por sua vez, é dona da operadora PT Portugal. Originalmente, a fatia dos portugueses era de 37,4%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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