Chen Guangbiao: Chen é hoje um dos chineses mais ricos do país, com uma fortuna avaliada em US$ 740 bilhões segundo números de 2012, e todos os anos protagoniza histórias inusitadas (Peter Parks/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 09h43.
Pequim - O bilioionário chinês Chen Guangbiao, de 45 anos, voltou a ser notícia esta semana após revelar o último de seus planos, comprar o jornal The New York Times, um anúncio que não surpreendeu uma China acostumada às extravagâncias do popular filantropo.
A compra de um dos principais jornais americanos - algo que muitos chineses acreditam ser impossível - é a última "loucura" de Chen, que todos os anos protagoniza histórias inusitadas, seja destruindo sua Mercedes em público para pedir que os chineses usem menos seus carros, ou mesmo vendendo ar enlatado.
Chen, no entanto, parece muito convencido que pode negociar a compra do jornal nova-iorquino, que ele calcula que pode custar cerca de US$ 1 bilhão, conforme anunciou em 30 de dezembro, durante uma cerimônia de premiação de jornalismo na cidade chinesa de Shenzhen.
"Vou viajar para os Estados Unidos e fazer três coisas. A primeira delas é comprar o The New York Times", declarou no evento.
O magnata insistiu na ideia poucos dias depois, após ter sido provocado por muitos internautas chineses nas redes sociais, e afirmou ao jornal chinês "Global Times" que sua ideia era séria e os que duvidavam dela eram "conservadores".
Chen, que teve uma infância miserável e triste - seus dois irmãos morreram quando ele ainda era pequeno -, é hoje um dos chineses mais ricos do país, com uma fortuna avaliada em US$ 740 bilhões segundo números de 2012.
Seu império foi construído a partir de uma empresa de reciclagem de materiais, a Jiangsu Huangpu, e sua fama na mídia como filantropo excêntrico nasceu no terremoto de Sichuan de 2008 (90 mil mortos), quando doou US$ 15 milhões e viajou à área afetada para ajudar nos trabalhos de resgate.
Até aquele momento tudo parecia normal, mas quando as doações foram feitas pessoalmente para os moradores que perderam tudo, Chen dava grandes maços de dinheiro em troca de fotos com eles, e liderou os trabalhos de resgate montado em uma escavadeira.
Esta forma de realizar atos filantrópicos se repetiu em março de 2011 no Japão, quando ele viajou para a área afetada pelo tsunami e também foi fotografado enquanto entregava dinheiro às vítimas, e meses depois em Taiwan, onde alguns lhe acusaram de fazer propaganda comunista, exibido como um rico chinês que ajuda os pobres de Taiwan.
Chen, que prometeu doar toda sua fortuna para a caridade quando morrer, denomina seus métodos de "filantropia violenta" ou "filantropia radical", e diz que com ela procura dar exemplo a outros milionários chineses, com fama de mesquinhos.
Segundo outra opinião também generalizada, tudo isso é apenas uma estratégia para ser famoso, embora outros considerem que por trás de suas excentricidades se esconde um verdadeiro coração humanitário.
O mesmo radicalismo de Chen foi mostrado em suas campanhas ecologistas, como demonstrou em setembro de 2011, quando para comemorar o "dia sem carros" subiu em uma escavadeira e com ela destruiu publicamente sua luxuosa Mercedes S600.
Também recorreu a uma medida para conscientizar a China dos problemas de poluição atmosférica: vender em grandes cidades poluídas centenas de milhares de latas com ar puro do planalto tibetano, o que fez no verão de 2012.
Chen também é capaz de ser fotografado rodeado por paredes construídas com seu dinheiro (como fez em dezembro) ou de contratar como personal trainer um famoso ginasta chinês que comoveu a sociedade por ver-se obrigado a mendigar na rua.
É, além disso, um fervoroso nacionalista chinês, que nestes tempos de grandes tensões entre China e Japão pelas ilhas Diaoyu/Senkaku mostrou publicamente seu apoio a Pequim, por exemplo quando em 2012 comprou 43 veículos de marcas chinesas e os presenteou na rua a donos de carros de marcas japonesas.
Em um desses veículos, com um chamativo terno cor verde limão e com uma grande bandeira chinesa, Chen voltou a mostrar que é capaz de qualquer coisa.
Meses antes, Chen pagou pela publicação de um anúncio na imprensa americana no qual defendia que as ilhas Diaoyu eram japonesas. Em uma foto perguntava aos norte-americanos como se sentiriam se Tóquio lhes tirassem o Havaí.
O anúncio, aliás, foi publicado no "The New York Times", o jornal que Chen agora "ameaça" comprar.