Tsai Chi-Yu, cofundador e CEO da Stay: “Menos de 10% dos brasileiros têm previdência privada, mas 100% sonham com estabilidade financeira. Nosso objetivo é mudar essa realidade” (Stay/Divulgação)
Repórter
Publicado em 11 de março de 2025 às 10h22.
Última atualização em 11 de março de 2025 às 10h23.
A previdência privada ainda é um privilégio para poucos no Brasil. Apenas 10% da população possui um plano complementar, de acordo com a Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida). No entanto, a demanda por estabilidade financeira nunca foi tão alta, especialmente em um cenário onde benefícios corporativos se tornaram peça-chave na atração e retenção de talentos.
De olho nesse mercado pouco explorado, a Stay, fintech criada no Brasil em 2022, oferece previdência privada como benefício corporativo e captou 3 milhões de dólares para acelerar seu crescimento no país. O investimento foi liderado pela MAYA Capital e pela americana Better Tomorrow Ventures, com participação de fundos como 17Sigma, Grão, Ralicap e Sequoia Scout Fund.
“Menos de 10% dos brasileiros têm previdência privada, mas 100% sonham com estabilidade financeira. Nosso objetivo é mudar essa realidade, ajudando as empresas a criar pacotes de remuneração mais competitivos e reduzir a rotatividade de funcionários”, diz Tsai Chi-Yu, cofundador e CEO da Stay aos 34 anos.
A Stay se inspira em fintechs americanas como Vestwell e Human Interest, que popularizaram o modelo de previdência empresarial nos Estados Unidos. A proposta é oferecer uma plataforma 100% digital e customizável, facilitando a adesão de empresas e funcionários.
Diferente dos planos tradicionais, a startup aposta na educação financeira e na flexibilidade de contribuição, permitindo que cada funcionário personalize sua previdência de acordo com seu perfil financeiro. A solução é oferecida em parceria com a seguradora internacional Zurich, o que garante maior segurança ao modelo.
“A Stay trabalha para democratizar o acesso à previdência privada. Investimos fortemente em educação financeira, porque entendemos que existem diversos caminhos para construir um planejamento sustentável para o futuro”, afirma Chi-Yu.
Atualmente, a Stay tem operação somente no Brasil. A expectativa é expandir para países como Chile, Colômbia e México nos próximos anos.
Nascido em Taiwan, Tsai Chi-Yu, de 34 anos, tem um histórico de atuação em grandes empresas de tecnologia e finanças. Antes de fundar a Stay em 2022, o executivo atuou como trader de derivativos de moedas e juros para América emergente no Morgan Stanley, foi líder responsável pela frente de rider engagement na Uber e executivo em diversas áreas da 99 como produto, engenharia, marketplace, novos negócios.
Fluente em português, o executivo escolheu o Brasil para empreender após identificar oportunidades no setor de previdência privada. “O Brasil tem uma lacuna gigantesca nesse mercado. Diferente dos EUA, onde a previdência complementar é uma cultura forte, aqui há um desafio enorme de conscientização. Mas a vantagem é que há muito espaço para inovação”, diz.
A Stay aposta que a previdência privada pode se tornar tão popular quanto o vale-alimentação e o plano de saúde. Para isso, a fintech busca expandir parcerias com empresas de diferentes setores, desde tecnologia até saúde e jurídico.
Com o investimento recebido, a startup também planeja ampliar seu time de tecnologia e aprimorar a experiência da plataforma, aumentando de 7 funcionários de tecnologia para 20, principalmente os especializados em inteligência artificial. “O objetivo é tornar o processo de adesão ainda mais intuitivo e acessível para empresas de todos os portes”, afirma.
Por ser uma empresa de capital fechado, o empresário não abriu faturamento, mas projeta crescer no mínimo 20 vezes esse ano, após multiplicar seus ativos por 40 vezes em 2024. Entre os clientes da fintech estão o escritório de advocacia Cescon Barrieu, a operadora de saúde Leve Saúde, e a Mölnlycke, multinacional sueca especializada em produtos e soluções médicas.
Com um mercado ainda pouco explorado, a Stay quer transformar a previdência privada em um benefício acessível para os brasileiros. Se a fintech conseguirá popularizar essa tendência no país, só o tempo dirá – mas os primeiros passos já foram dados.