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Ex-presidente do BC e Fundador do BBA morre em SP

O banqueiro foi fundador do banco BBA, comprado pelo Itaú em 2002, ex-presidente do Banco Central e um dos idealizadores do Plano Cruzado

Banco Central: Fernão Botelho Bracher era ex-presidente do banco (YouTube/Reprodução)

Banco Central: Fernão Botelho Bracher era ex-presidente do banco (YouTube/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 09h04.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2019 às 09h16.

São Paulo - O banqueiro Fernão Botelho Bracher morreu, na manhã desta segunda-feira, 11, no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Fundador do banco BBA - comprado pelo Itaú em 2002 -, ex-presidente do Banco Central e um dos idealizadores do Plano Cruzado, no governo José Sarney, Bracher, que tinha 83 anos, sofreu complicações decorrentes de uma queda.

O banqueiro deixa cinco filhos: Candido - atual presidente do Itaú Unibanco -, Beatriz, Eduardo, Elisa e Carlos, além de 15 netos e três bisnetos.

Formado em direito pela Faculdade São Francisco (USP), em 1957, mudou-se em seguida, com sua mulher, a historiadora e psicanalista Sonia Sawaya, para a Alemanha para estudar nas universidades de Freiburg e Heidelberg. Voltou dois anos depois, como sócio de um dos maiores escritórios de advocacia do País, o Pinheiro Neto. Em 1961 deixou para trás a carreira de advogado para se tornar executivo de banco.

Foi convidado para ser assistente de diretoria no Banco da Bahia, sendo promovido a diretor da instituição para o setor sul e depois a coordenador da área externa. Em 1973, quando o banco foi incorporado pelo Bradesco, ficou mais um ano na instituição a convite do maior acionista do Bradesco, o banqueiro Amador Aguiar.

Antes de criar o maior banco de investimento do Brasil em 1988, Bracher teve duas passagens pelo governo: foi diretor de câmbio do Banco Central, entre 1974 e 1979, e, em 1985, foi convidado pelo então presidente José Sarney para presidir o BC em um dos momentos mais turbulentos do País: o período da hiperinflação. Deixou a instituição em 1987 - dias antes de o País decretar a moratória (leia mais abaixo).

Para o economista André Lara Resende, que trabalhou com Bracher no BC, o executivo "era um homem de espírito público e, mesmo na iniciativa privada, foi sempre um gentleman".

Em 1988, um ano após deixar o BC, Bracher uniu-se ao banco austríaco Creditanstalt e a Antonio Beltran Martinez, ex-executivo do Bradesco, para fundar o BBA. O banco de investimento virou referência e assessorou importantes operações de fusões e aquisições do País. No fim de 2002, foi incorporado pelo Itaú por R$ 3,3 bilhões, dando origem ao Itaú BBA.

Além da atuação no governo e na área financeira, os interesses de Bracher se estendiam por outros setores. Entre abril de 1987 e abril de 1996, Fernão Bracher foi membro do Conselho Consultivo do Grupo Estado.

Homenagens

O banqueiro recebeu nesta segunda diversas homenagens. Em nota, o BC foi lamentou sua morte: "Em 11 de janeiro passado, (Bracher) nos honrou e emocionou com sua participação no evento História Contada do BC, no qual relatou sua contribuição nas áreas de desregulamentação do mercado de câmbio, no combate à inflação e na renegociação da dívida externa", afirmou o BC.

"Fernão Bracher foi, acima de tudo, um homem de fibra, que apreciava e buscava os novos desafios (...). No Bradesco, desenvolveu trabalho exemplar como vice-presidente da seguradora e, posteriormente, do banco. No período de redemocratização do Brasil, assumiu o Banco Central e contribuiu para o primeiro plano heterodoxo contra a inflação, o Plano Cruzado", afirmou Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do conselho de administração do Bradesco.

Para Alexandre Bertoldi, sócio-gestor do Pinheiro Neto, Fernão Bracher foi um visionário, tendo fundado um banco que se tornou referência e teve seu modelo replicado.

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