Nani Oliveira: "Eu usava a maquininha de parceiros para conseguir fazer os serviços" (Nani Sound/Divulgação)
Isabela Rovaroto
Publicado em 29 de outubro de 2022 às 07h28.
O que faz alguém empreender? Muitos decidem unir áreas de interesse com a necessidade de gerar renda. Esse foi o caso de Ananias Oliveira Filho, 35 anos, que trabalhava como garçom, mas decidiu pedir demissão para trabalhar com o que sempre gostou: carros.
Em 2009, ele vendeu seu Monza 89 e investiu R$ 3,9 mil em uma pequena loja de serviços automotivos. Depois de ter problemas com o sócio e acumular uma dívida de R$ 250 mil, a franquia Nani Sound, rede de acessórios e estética automotiva, tem 22 unidades contratadas e já faturou R$ 1 milhão em 2022.
“Pedi demissão, recebi R$ 1.100, vendi meu Monza, um carro que eu amava, em troca de uma moto e um pouco mais de dinheiro. Ao todo, juntei R$ 3,9 mil. Era todo o dinheiro que eu tinha, e coloquei tudo no negócio”, diz.
Cansado da rotina pesada no restaurante em que trabalhava, Nani, como é conhecido, sugeriu uma sociedade ao colega que trabalhava com autoelétrico em casa.
“Ele entraria com as ferramentas e serviços, eu com o dinheiro, e dividiríamos o lucro da loja. Todos ao meu redor me desestimulavam, diziam que não conhecia nada do negócio. E de fato, eu não conhecia, mas estava disposto a correr o risco e aprender no caminho”, diz.
O sócio aceitou e a dupla alugou um espaço no Jardim Mitsutani, Campo Limpo, que cabia apenas um carro de porte pequeno. O início foi desafiador. O sócio de Nani era alcoólatra, o que impactou os resultados do negócio.
Para reverter a situação, o empreendedor comprou a parte do sócio no negócio. O número de clientes voltou a crescer, novos funcionários foram contratados e ele se mudou para um ponto maior.
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Em 2011, dois empreendedores abriram uma negócio de serviços automotivos perto da loja de Nani. Ele ofereceu seus serviços com preços menores para eles. No fim, eles acabaram virando sócios.
O trio de empreendedores cresceu e abriu três lojas.Quando a sociedade foi desfeita, a unidade do Jardim Germânia, São Paulo, que ficou com Nani ganhou um novo nome e, oficialmente, nasceu a Nani Sound.
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Nani seguiu empreendendo sozinho e o seu faturamento começou aumentar. Porém, sem estudos e experiência no setor financeiro, ele não soube gerir seus recursos.
O empreendedor parcelava as compras com com os fornecedores e, com o faturamento mensal, pagava somente as despesas fixas, utilizando o restante para fins pessoais. Com os parcelamentos acumulando, Nani chegou a dever R$ 250 mil em 2015.
“Eu usava a maquininha de parceiros para conseguir fazer os serviços. Assim ele tinha a garantia de pagamento e eu recebia também”, diz.
Sem condições de pagar o aluguel da loja, teve de mudar para um ponto menor e não conseguia mais comprar os materiais com os fornecedores. No total, foram dois anos no negativo.
A esposado empreendedor tinha uma noção básica de administração e começou a fazer as contas e gerir a crise. Com a oportunidade de abrir um novo CNPJ no nome da esposa, eles voltaram a comprar de fornecedores e, aos poucos, a conta foi quitada.
Nani diz que a situação inclusive trouxe benefícios. "Como os fornecedores antigos não tinham mais interesse de negociar, eu me vi obrigado a procurar outros parceiros e expandir seu networking", diz.
Assim, entrou em contato com novos fornecedores, que ofereciam melhores preços e condições. Aplicaram a estratégia de comprar com menor frequência e à vista, evitando, assim, dívidas futuras.
A partir de 2017, as contas voltaram a se equilibrar. “Abrimos três novas unidades e a Nani Sound estava se reconstruído”, diz.
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Durante uma conversa com o amigo Fernando Cássio, que trabalha no Grupo Kalaes, o empreendedor foi convencido de transformar o negócio em uma franquia.
Ano passado, com as lojas próprias, faturou R$ 2,5 milhões. Neste ano, quando entrou para o franchising, já faturou R$ 1 milhão com quatro unidades e estima alcançar R$ 3 milhões de faturamento.
“A história empreendedora do Nani mostra o quanto ele batalhou para chegar aonde chegou. Vamos expandir esse modelo de negócio de sucesso para todo país”, diz Sidney Kalaes, sócio da marca e presidente do Grupo Kalaes.
Até o fim do ano, mais dez unidades serão inauguradas, sendo três no mês que vem. No total, entre inauguradas e em implantação, a rede tem 22 franquias.
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