EXAME Solutions
Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 10h00.
Última atualização em 13 de janeiro de 2024 às 15h57.
Cerveja é uma tradição brasileira tão arraigada quanto futebol e samba. Mas toda tradição evolui, ganha novos elementos e responde às demandas de um povo também em constante evolução. Não seria diferente com a maior cervejaria do país. Se as receitas nos tonéis não mudam, as de como gerir um negócio bilionário, sim.
Nascida da fusão das duas maiores e mais antigas cervejarias do país, no final da década de 1990, a Ambev celebra uma nova postura organizacional, uma mudança da sua cultura, que já começa a render frutos.
Este ano, foi premiada como a campeã da 50ª edição de Melhores e Maiores, na categoria Alimentos e Bebidas. É a maior vencedora da categoria em toda a história da premiação. Entre 1979 e 2002, liderou o ranking dez vezes.
Conhecida por uma cultura organizacional forte, baseada em pilares como meritocracia e senso de dono, a Ambev se reinventou, abriu as portas para a diversidade e passou a captar talentos amadurecidos no mercado e não em casa, como no seu disputado programa de trainees.
O resultado dessa revolução foi uma empresa mais diversa, que pratica a escuta ativa e com capacidade de sonhar com o futuro. “Para esse novo round de crescimento, nós queríamos pessoas que pudessem escutar mais, colaborar não só dentro da empresa, mas com seu ecossistema e pensar transformações de longo prazo”, diz Jean Jereissati, CEO da Ambev. (confira a entrevista completa acima)
Para Sofia Esteves, consultora de RH da Cia de Talentos que atuou na transição cultural da Ambev, é preciso fazer uma análise de vários aspectos da empresa antes de fazer, de fato, uma mudança. Entender as necessidades do consumidor, as diferenças regionais, as demandas dos parceiros e dos colaboradores, para enfim compor uma visão de futuro.
“Eu não acredito em uma mudança cultural de que agora sou o oposto do que era, eu acredito em evolução cultural. Olhar para trás, para a sua trajetória como empresa e fazer um diagnóstico para o mundo de hoje”, diz.
A mudança de cultura coroa também um novo momento da Ambev, mais digital. De uma companhia de bebidas nascida de uma fusão incensada, em 1999, e que passou por uma expansão internacional nos anos 2000, agora ela aposta seu crescimento na atuação em outras áreas, principalmente através da digitalização dos serviços.
Em 2018, lançou o Zé Delivery, um aplicativo que usa um sistema de logística com parceiros, capaz de entregar bebida gelada na porta do consumidor em minutos. Com o modelo-piloto pronto quando a pandemia colocou o consumidor do bar dentro de casa, viu o negócio expandir e garantiu a liderança na plataformização da indústria.
Mais recentemente, lançou a plataforma Bees, focada nas vendas B2B, onde os donos de estabelecimentos podem fazer pedidos diretamente no aplicativo, agilizando o que antes era anotado por um vendedor que passava semanalmente. Não só o portfólio da marca fica disponível, mas também de marcas parceiras de petiscos, doces e guloseimas que costumam figurar nos caixas de bares brasileiros.
Para o CEO Jean Jereissati, os próximos anos devem ser de consolidação dessa nova cultura, colhendo os frutos da governança. “Agora é menos sobre mudança e mais sobre consistência nessas coisas que são transformacionais. Nós estamos olhando menos para competição e comparação e buscando o que faz nossos clientes satisfeitos e felizes”, diz.