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Evacuação, prisões, novo acionista: o labirinto da Vale

Mais de 20 dias após a tragédia de Brumadinho, mineradora segue protagonizando notícias negativas

Fábio Schvartsman, presidente da Vale: a sucessão de notícias ruins pode acelerar uma mudança no quadro acionário da companhia

Fábio Schvartsman, presidente da Vale: a sucessão de notícias ruins pode acelerar uma mudança no quadro acionário da companhia

DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 04h24.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2019 às 06h37.

Qual será a notícia negativa ou a declaração fora de tom a aumentar ainda mais a crise da Vale essa semana? A mineradora segue em seu labirinto mais de 20 dias após o rompimento da barragem de Brumadinho, que deixou cerca de 300 mortos, em Minas Gerais.

Cerca de 170 moradores de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, começam a semana incertos sobre segurança. Eles foram obrigados a deixar suas casas na noite de sábado por precaução com uma barragem da Vale. Segundo a Defesa Civil, auditores atestaram instabilidade na barragem a montante, mesmo modelo da estrutura que se rompeu em Brumadinho. A sirene soou por volta das 20h20 de sábado e 49 casas foram evacuadas. É a terceira operação desse tipo em Minas desde o rompimento em Brumadinho.

A barragem é uma das dez que a Vale prometeu desativar, o que levanta uma nova série de questionamentos sobre a velocidade e a assertividade com que a empresa levará adiante a reestruturação de seu negócio e a indenização às vítimas.

As indenizações seguem em discussão e devem ter nova audiência para detalhamento do que foi previamente acordado entre a empresa e o Ministério Público do Trabalho na sexta-feira. Entre as propostas na mesa estão o pagamento mensal correspondente a dois terços do salário líquido do trabalhador até a data em que ele completaria 75 anos, indenização de 300.000 reais por cônjuge ou filho, auxílio-educação e indenização de 100.000 reais.

Em outra frente, uma nova audiência entre a empresa, o governo de Minas e o Ministério Público está agendada para quarta-feira. O objetivo das autoridades é assinar um termo de ajuste em que a empresa se comprometa a recompor a arrecadação tributária do estado e de Brumadinho por três anos. Na quinta-feira, uma reunião para tratar do tema terminou em impasse. No mesmo dia, o presidente da mineradora, Fábio Schvartsman foi criticado em depoimento na Câmara por ter chamado a tragédia de “acidente”. No dia seguinte, oito funcionários da companhia foram presos nas investigações sobre o rompimento da barragem.

Internamente, a Vale formalizou a criação de três comitês junto ao conselho de administração para tratar de segurança, reparação e apuração. É um movimento que faz especialistas em governança torcerem o nariz. Comitês e novos processos, se bem coordenados, podem agilizar a tomada de decisões; mas podem também engessar ainda mais a tomada de decisões.

Na bolsa, as coisas tendem a andar mais rápido. A sucessão de notícias ruins pode acelerar uma mudança no quadro acionário da Vale. O colunista Lauro Jardim, de O Globo, noticiou neste domingo que o grupo Cosan negocia comprar a participação do fundo Previ, dono de 21% da Vale. A mineradora vale cerca de 240 bilhões de reais na bolsa. Onde muitos veem crise, alguns veem oportunidade.

O do empresário Rubens Ometto Silveira Mello esclareceu por meio de fato relevante nesta segunda-feira que "não há qualquer tipo de tratativa ou negociação em curso com a Previ ou seus fundos a respeito da Vale S.A".

 

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