Alex Szapiro, do SoftBank: “Nós temos muita coisa do nosso pipeline para sair” (SoftBank/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 10 de abril de 2024 às 08h36.
Última atualização em 11 de abril de 2024 às 10h04.
SUNNYVALE (Estados Unidos) - Um dos fundos mais atuantes no ecossistema de startups da América Latina, o SoftBank está animado com a nova safra e com as movimentações no começo deste ano.
“Nós temos muita coisa do nosso pipeline para sair”, afirma Alex Szapiro, managing partner do SoftBank para a América Latina desde 2022, em entrevista à EXAME no Brazil at Silicon Valley. “Eu diria que eu estou mais otimista do que efetivamente o contrário de um ou dois anos atrás, do ponto de vista de empresas que cabem na nossa tese”.
Na região desde 2019, o SoftBank desembarcou com cheques volumosos. Primeiro, US$ 5 bilhões em um primeiro fundo e, dois anos depois, mais US$ 3 bilhões, em um segundo veículo.
Com os recursos, a gestora construiu um portfólio atualmente com cerca de 75 investidas na região, incluindo como Nubank, QuintoAndar, MadeiraMadeira e Gympass (hoje Wellhub), Loggi, Kavak e Rappi.
A fala de Szapiro está conectada ao fim do inverno das startups, período em que os recursos para investir minguaram no mercado de venture capital. O próprio SoftBank tirou o pé e reviu os investimentos, baseados atualmente a partir de um fundo global, o Vision Fund - e não mais regional.
No ano passado, o braço da gestora japonesa investiu em apenas uma startup na região - a chilena Rankmi, uma plataforma de gestão de pessoas - além de ter colocado reforçado o caixa de operações já investidas, a partir de follow-ons.
Segundo o executivo, no último período de 12 meses, o Softbank avaliou mais de 100 startups de late stage, negócios em estágios mais avançados e em que concentra os seus investimentos.
A decisão por não alocar recursos, em grande parte, se deu por falta de conexão entre o momento da startup e a tese de investimentos, a partir de rodadas série B e com cheques em valores superiores a US$ 20 milhões.
“Em outros negócios, efetivamente, nós não achamos que tinha um componente de tecnologia, que é a nossa tese”, diz Szapiro, ex-líder da operação da Amazon e da Apple no Brasil. A gestora usa a tecnologia com base para sustentar uma tese agnóstica, compreendendo startups em mercados diversos de atuação.
O que anima o executivo agora é a chegada de uma nova safra, com empresas mais sólidas, incluindo as que começam a aplicar inteligência artificial generativa para transformar os seus modelos de negócios.
“Tem muita coisa interessante com tecnologia que você consegue resolver em educação, em logística, em compra e na forma como as pessoas se entretêm”, afirma. No horizonte, estão negócios ligados à saúde, educação e fintech, um dos grandes destinos de recursos do fundo.
Outro interesse está no universo do agrotechs, setor em que o SoftBank vê uma relação desproporcional entre o volume de investimentos em startups e o tamanho do mercado do agronegócio.
Com as mudanças macroeconômicas - a queda da taxa de juros e inflação controlada -, a expectativa é de que algumas startups se movimentem para abrir o capital ou atrair potenciais compradores, a exemplo da Pismo, adquirida pela Visa no ano passado por US$ 1 bilhão.
Na lista do SoftBank para IPO, nomes como MadeiraMadeira e Creditas costumam aparecer como as principais candidatas.
Segundo Szapiro, entre 15 e 20 empresas do portfólio das atuais 75 poderiam estar nesta fase de preparação. O momento, porém, é de paciência.
“A nossa visão é muito otimista. Agora, não é uma visão de pressa. Eu não acho que vai tudo acontecer em um ou dois anos”, afirma. ”Nós olhamos para uma janela de cinco, seis anos pela frente”.
A inspiração vem do próprio fundador do SoftBank, Masayoshi Son, que investiu US$ 20 milhões no Alibaba no início do negócio nos anos 1990.
Apesar do crescimento do negócio e da abertura de capital, apenas recentemente o fundo deixou a operação. Ao longo dos anos, a posição superou mais de US$ 100 bilhões.
*O jornalista viajou a convite da organização do Brazil at Silicon Valley
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