Primeiro projeto-piloto da Eternit em geração fotovoltaica: diversificação dos negócios (Eternit/Divulgação)
Juliana Estigarribia
Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 18h06.
A Eternit deu mais um importante passo dentro da sua estratégia de diversificação dos negócios, após abandonar o uso de amianto na produção de coberturas. A companhia acaba de instalar os primeiros projetos-piloto de telhas fotovoltaicas no interior de São Paulo. Os testes em condições reais visam garantir a comercialização do produto ainda no final do primeiro semestre de 2021.
"Trabalhamos com uma equipe de telhadistas e o processo se mostrou bem simples. A tendência é de uma instalação rápida e barata", afirma Luiz Antonio Lopes, gerente de desenvolvimento de negócios da Eternit e responsável pelo projeto de telhas fotovoltaicas, em entrevista exclusiva à EXAME.
O primeiro projeto-piloto foi instalado em uma residência de São Bento do Sapucaí, no interior paulista. Foram utilizadas 400 unidades em uma cobertura de aproximadamente 1.000 telhas. A capacidade de geração de energia elétrica é de cerca de 400 quilowatt-hora (kWh) por mês neste empreendimento, podendo representar uma economia de 300 reais mensais (no sistema de bandeira vermelha).
A cobertura fotovoltaica da Eternit funcionará como um "grid", diferentemente das placas solares convencionais: são fileiras independentes que contêm uma quantidade de telhas ligadas a um inversor, assim, caso uma telha apresente problemas, não é preciso desligar todo o sistema. A WEG é a empresa responsável pelo fornecimento dos inversores.
A Eternit instalou ainda um segundo projeto em Campos do Jordão, na região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo.
Segundo Lopes, durante o dia a residência consome a energia gerada pela captação das telhas e o excedente é jogado na rede. À noite, quando as telhas não estão captando energia, o consumo é proveniente da rede.
As células do sistema da Eternit vêm da China, o que segundo executivos é praticamente uma unanimidade no segmento. O principal diferencial da companhia é que apenas a célula é importada, e não toda a placa, o que confere menos impacto do câmbio.
Neste primeiro momento, a telha de energia solar do grupo será da marca Tégula, de maior valor agregado e feita de concreto. A estimativa é que o produto seja de 10% a 20% mais barato do que o sistema tradicional de coberturas com placas fotovoltaicas.
O próximo passo é viabilizar telhas de fibrocimento, que são ainda mais baratas do que as de concreto. "Essas telhas terão mais potência", afirma Lopes.
Por ser o tipo de telha de maior utilização no país e com custo mais acessível, a ideia da companhia é popularizar a oferta de energia solar.
Em entrevista recente à EXAME, Luís Augusto Barbosa, presidente da Eternit, disse que o grupo está desenvolvendo projetos para agregar valor ao negócio de coberturas. “Quando tomamos a decisão de deixar o amianto, buscamos fora do Brasil o que vinha sendo lançado de novo no mercado de construção. A inovação vai continuar", disse na ocasião.