A fabricante brasileira de materiais de construção Eternit inaugura nesta quarta-feira (23/04) uma nova linha de produção em sua fábrica em Goiânia. A partir de um investimento de 15 milhões de reais, a empresa aumentará a capacidade de produção dessa unidade de 14 mil toneladas por mês para 24 mil toneladas mensais, um acréscimo de 71%.

Segundo o presidente do Grupo Eternit, Elio Martins, a ampliação oferece uma margem de segurança para a companhia, num momento em que suas cinco fábricas trabalham no limite da capacidade instalada.

A nova linha de produção da unidade de Goiânia deve gerar 60 empregos e reunirá componentes de 400 fornecedores nacionais e estrangeiros, como forma de reforçar a produção de telhas de fibrocimento nos modelos Tropical e Ondulada, para abastecer os mercados do Sudeste e do Centro-Oeste. Na mesma fábrica, a empresa também produz caixas d';água de fibrocimento e outros quatro tipos de telhas, dos modelos Vogatex, Modulada, Canalete 49 e Etermax, além de peças complementares.

As ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo reagiram timidamente à notícia, com valorização de 0,15%, até o início da tarde desta quarta-feira.

Foco na classe baixa

Em todo o Brasil, os produtos da Eternit chegam a 10 mil postos de revenda e garantem à empresa a liderança na fabricação de produtos de fibrocimento. Em 2007, a receita líquida da companhia aumentou 13% na comparação com o ano anterior e chegou aos 400 milhões de reais.

Desde o início de 2008, a empresa conta com uma Diretoria de Desenvolvimento e Novos Negócios, responsável por acrescentar ao portfólio de produtos uma linha de telhas metálicas e por preparar a companhia para um crescimento de 15% ao ano na capacidade de produção, nos próximos quatro anos.

Listada entre as empresas do Novo Mercado da Bovespa, o nível mais elevado de transparência das companhias de capital aberta, a Eternit é uma das principais beneficiárias da forte expansão da construção civil, que em 2008 deve crescer em torno de 5,5% acima do aumento do PIB brasileiro.

A empresa tem como uma de suas principais vantagens competitivas o foco nos consumidores com renda familiar mensal de até cinco salários mínimos, responsáveis por dois terços da demanda do segmento em que atua. Uma das principais estratégias da companhia é oferecer produtos econômicos, como forma de atrair compradores das classes C, D e E, justamente os que sentiram mais claramente o aumento do poder de consumo, nos últimos anos.

Entre os obstáculos aos seu crescimento, porém, a Eternit enfrenta a imagem negativa em torno de uma das principais matérias-primas de seus produtos, o amianto crisotila.  Representantes de ONGs e do Ministério Público de São Paulo buscam há anos a proibição de uso e comercialização da substância, sob a alegação de que ela está relacionada a maiores probabilidades de câncer e doenças pulmonares. A Eternit afirma que é possível utilizar a crisotila de maneira "segura e controlada".