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Estratégia de dólares da GOL é ameaçada por voos da Azul

Companhia começou a voar a Miami para que as vendas em dólares ajudassem a financiar os custos do combustível


	Avião da GOL durante pouso no aeroporto de Congonhas: companhia anunciou rotas a Miami e a Orlando em 2012 para ajudar a acalmar os investidores diante de prejuízos persistentes
 (Nacho Doce/Reuters)

Avião da GOL durante pouso no aeroporto de Congonhas: companhia anunciou rotas a Miami e a Orlando em 2012 para ajudar a acalmar os investidores diante de prejuízos persistentes (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2014 às 16h38.

São Paulo - A linha aérea brasileira de baixo custo GOL Linhas Aéreas Inteligentes começou a voar a Miami para que as vendas em dólares dos EUA ajudassem a financiar os custos do combustível com preço em verdinhas.

O que a empresa não esperava era que a operadora de curta distância Azul lhe apresentasse um desafio.

O serviço da GOL à Flórida, com aviões de corredor único e uma parada na República Dominicana, ficará em desvantagem em 2015, quando a Azul Linhas Aéreas Brasileiras SA acrescentar aviões de fuselagem larga para voos sem escalas.

Trata-se de uma ruptura com a tradição da Azul de operar jatos pequenos no Brasil – e uma luva atirada à GOL.

“Vai ser um cenário de concorrência acirrada”, disse Mário Bernardes Júnior, analista sênior do Banco do Brasil SA, em entrevista por telefone de São Paulo.

“É cedo para dizer em termos de mercado, mas a GOL vai ter que se mexer, até porque a estratégia dela é aumentar os voos internacionais”.

Embora as vendas em dólares representassem apenas 9,1 por cento da receita em 2013, o serviço da GOL nos EUA é importante porque 55 por cento dos seus custos por dívidas, combustível e outros gastos estão denominados na moeda desse país.

A GOL, com sede em São Paulo, anunciou rotas a Miami e a Orlando em 2012 para ajudar a acalmar os investidores diante de prejuízos persistentes.

Após ficar abaixo do índice Ibovespa do Brasil em retornos anuais desde 2010, a GOL está saindo à frente neste ano, com um ganho de 41 por cento que supera a alta de 4,9 por cento da medição.

As ações subiram mais de 50 por cento desde que Paulo Sérgio Kakinoff foi nomeado CEO, sucedendo o fundador Constantino de Oliveira Jr. em 2012.

Último lucro

O último lucro da GOL em um ano completo ocorreu em 2010. As medidas do novo CEO incluem descarregar os jatos velhos da aquisição da Webjet Linhas Aéreas SA em 2011 – e os voos aos EUA, que foram anunciados por volta de quatro meses depois que Kakinoff assumiu a chefia.

Voos internacionais não contribuem apenas com dólares dos EUA. Em toda a indústria global, eles também costumam gerar um rendimento maior, ou taxa média por quilômetro.

A razão: as linhas aéreas que fazem esses voos de longa distância normalmente não enfrentam a concorrência de rivais de baixo custo que é comum nas viagens domésticas.

“Passageiros internacionais são menos elásticos com variações de preços”, disse Bernardes, que considera que as ações da GOL superarão seu rendimento. “O yield é maior e é um dos pontos principais da expansão internacional”.

A estratégia de Kakinoff para voltar aos lucros já estava enfrentando a concorrência da Azul em voos dentro do Brasil, onde a companhia aérea menor cobre mais cidades com aviões turboélices e jatos regionais que utilizam pistas mais curtas do que os aviões 737 da Boeing Co. usados pela GOL.

Voos da Azul

Os voos da Azul aos EUA partirão do aeroporto de Campinas, a aproximadamente 101 quilômetros de São Paulo. Entre o público almejado pela Azul estão potenciais passageiros que moram fora de São Paulo e longe do seu aeroporto internacional.

“As razões pelas quais as pessoas não viajam tanto são custo e conveniência, que nós teremos com os nossos voos”, disse o fundador da empresa, David Neeleman, em uma coletiva de imprensa no mês passado.

“Teremos muita conveniência e sabemos que esse mercado vai crescer muito”.

A dívida da GOL era de R$ 5,59 bilhões (US$ 2,52 bilhões) no final de 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg. Cerca de 78 por cento da dívida da companhia aérea é denominada em dólares dos EUA, segundo um documento regulatório.

O real do Brasil se desvalorizou 7,4 por cento frente ao dólar desde o começo do ano passado.

O combustível para jatos também tem preço em dólares e, em 2010, antes do início da série de perdas anuais da GOL, custava em média US$ 2,19 por galão (3,78 litros), de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A média deste ano: US$ 3,02.

“É um cenário muito positivo para os passageiros e fica mais complicado para a Gol”, disse Bernardes, do Banco do Brasil. “Fica mais difícil para a expansão internacional”.

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