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Estigma do Brasil no mercado de bonds envolve a Fibria

Os problemas do Brasil estão sendo grandes demais até mesmo para a próspera produtora de papel e celulose Fibria Celulose SA


	Fábrica de papel e celulose: os problemas do Brasil estão sendo grandes demais até mesmo para a próspera produtora de papel e celulose Fibria Celulose SA
 (hxdyl/ThinkStock)

Fábrica de papel e celulose: os problemas do Brasil estão sendo grandes demais até mesmo para a próspera produtora de papel e celulose Fibria Celulose SA (hxdyl/ThinkStock)

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Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2015 às 14h26.

Seus US$ 600 milhões em bonds para 2024 caíram 3,7 % nos últimos três meses, embora a companhia esteja tirando proveito dos preços mais elevados da celulose em quase dois anos e de um real mais fraco.

O declínio iguala a queda média nos bonds corporativos dos mercados emergentes provocada pela crise global.

A maior produtora de celulose do mundo -- matéria-prima para produtos como lenços de papel e papel higiênico -- está se tornando vítima de uma corrida para venda de ativos brasileiros desencadeada pelas crises econômica e política do país.

A Moody’s Investors Service rebaixou a classificação do Brasil para o mais baixo nível do grau de investimento no dia 11 de agosto, em um momento em que a maior economia da América Latina caminha para a recessão mais longa desde 1931 e um escândalo de corrupção envolve altos funcionários do governo.

“Os mercados brasileiros de crédito realizaram uma reprecificação devido a uma confluência de acontecimentos, incluindo preocupações em relação ao crescimento doméstico, rumores políticos negativos, investigações de corrupção em andamento, preços mais baixos das commodities e rebaixamento das classificações de crédito”, disse John Haugh, estrategista da Mizuho Securities USA Inc. para a América Latina, de Nova York.

Demanda da Ásia

A celulose contornou o desfalecimento das commodities neste ano, dando um salto de 8,1 % em meio à demanda mais forte na Ásia e à redução da oferta na América do Norte e na Europa. Isso tem sido positivo para a Fibria.

A empresa com sede em São Paulo disse em 23 de julho que seu lucro antes de itens aumentou 85 % no segundo trimestre, maior incremento entre 37 empresas de produtos florestais e papeleiras internacionais monitoradas pela Bloomberg.

A queda de 26 % do real neste ano também serviu de impulso. Uma desvalorização de 10 % na moeda brasileira adiciona cerca de R$ 800 milhões (US$ 223 milhões) ao lucro anual da Fibria antes de itens, disse o diretor financeiro da empresa, Guilherme Cavalcanti, em uma teleconferência no dia 23 de julho. Isso porque a maior parte da receita da companhia é gerada em dólares.

A Fibria exporta 95 % de sua produção.

A Fibria disse também, em 19 de agosto, que elevará os preços da celulose para os consumidores dos EUA, da Europa e da Ásia no mês que vem. Este será o quarto incremento neste ano.

Enquanto a Fibria oscilou um pouquinho no mercado bonds recentemente, no acumulado do ano ela está estável, disse a assessoria de imprensa em um e-mail. A produtora de papel e celulose foi menos afetada do que o Brasil e as demais companhias do país.

Bonds da Suzano

Os bonds da Fibria e da Suzano Papel e Celulose SA, uma produtora de celulose brasileira de menor porte, provavelmente se recuperarão à medida que a aversão a “todo esse estigma do Brasil” diminuir, disse Klaus Spielkamp, chefe de renda fixa da Bulltick LLC, de Miami.

Os US$ 650 milhões em notas da Suzano para 2021 caíram 2,5 % nos últimos três meses.

Os investidores ainda não estão dispostos a recompensar a Fibria por seu sucesso.

Os yields de seus bonds subiram 0,5 ponto porcentual nos últimos três meses, para 5,37 %, depois de terem atingido 5,44 % em 26 de agosto, nível mais elevado desde 31 de março, mostram dados compilados pela Bloomberg.

“Muitos investidores venderam Brasil sem nenhuma distinção e esses bonds foram pegos no meio”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage, por telefone, de Miami.

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