André Esteves: banqueiro, que está em recolhimento domiciliar, só fala com a mulher e os filhos (Chris Ratcliffe/Bloomberg)
Luísa Melo
Publicado em 13 de janeiro de 2016 às 09h48.
São Paulo - Em recolhimento domiciliar desde o dia 18 de dezembro, André Esteves, que era dono do BTG Pactual, está preparando sua volta ao mercado. A informação é do jornal O Globo.
Segundo fontes contaram à publicação, o banqueiro passa praticamente todo o tempo voltado a estudar o processo que levou à sua prisão.
"Dependendo da decisão da Justiça, Esteves vai voltar ao mercado. Mas acho improvável voltar ao BTG. É algo complicado, mas ainda é cedo para pensar nisso", disse uma pessoa próxima a ele ao jornal.
Esteves passou quase um mês na penitenciária Bangu 8, no Rio de Janeiro, acusado de atrapalhar investigações da Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras.
De acordo com O Globo, o empresário quer convencer a Segunda Turma do STF (Superior Tribunal Federal) a não aceitar a denúncia feita pelo Ministério Público, que levou à sua prisão. Assim, ele deixaria de ser réu no processo da Lava Jato.
Ainda conforme o jornal, sua determinação em provar que houve erro na investigação tem sido comparada à dedicação com que construiu seu patrimônio.
O objetivo seria apresentar a defesa logo que o recesso do Judiciário terminar, em fevereiro. Enquanto isso, o banqueiro permanece recluso na cidade de São Paulo.
Conforme uma pessoa próxima a Esteves contou a O Globo, ele só fala com a mulher Lílian e os três filhos. Nem mesmo os vizinhos o veem.
Recolhimento
Esteves não pode sair de casa sem autorização da Justiça antes de apresentar sua defesa. Ele também está proibido de participar de atividades ligadas ao BTG Pactual ou às demais empresas envolvidas na Lava Jato.
O empresário está em recolhimento domiciliar que, diferentemente da prisão domiciliar, permite trabalhar fora com autorização judicial, por exemplo.
Reforço
Ainda segundo o jornal, além do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kaykay, Esteves conta também com a ajuda do jurista Sepúlveda Pertence, ex-presidente do STF, e de Sonia Ráo, da Ráo & Pires Advogados, em sua defesa.
BTG
Apesar de ter renunciado à presidência e perdido o controle societário do BTG Pactual, André Esteves ainda é dono de cerca de 28% das ações da empresa, de acordo com o Globo.
Desde que ele foi preso, a companhia apressou-se em desvencilhar sua imagem do banqueiro e a vender ativos importantes para levantar caixa e, assim, comprovar sua saúde financeira.
Já foram vendidas a participação da Rede D'Or, de hospitais, e na Recovery, de recuperação de crédito. O BTG quer ainda se desfazer do banco suíço BSI e da fatia na Pan Seguros.
Segundo o jornal, Esteves não quis comentar a reportagem.