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‘Estamos preparando a Cimed para dobrar de tamanho no Brasil’, diz João Adibe

Com investimento de R$ 90 milhões em novo centro logístico e nova fábrica em planejamento, o CEO da farmacêutica busca alcançar R$ 10 bilhões em receita até 2030 - mesmo diante dos juros altos e de um ano desafiador para o setor

João Adibe, CEO da Cimed: “Ter mentalidade nacional e pensamento regional é o que faz a gente escalar” (Leandro Fonseca /Exame)

João Adibe, CEO da Cimed: “Ter mentalidade nacional e pensamento regional é o que faz a gente escalar” (Leandro Fonseca /Exame)

Publicado em 13 de outubro de 2025 às 14h45.

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A meta da Cimed é ambiciosa: dobrar de tamanho nos próximos cinco anos. Sob o comando de João Adibe, CEO da farmacêutica, o grupo mineiro quer transformar o faturamento atual de R$ 5 bilhões em R$ 10 bilhões até 2030 — uma estratégia que combina investimento pesado em infraestrutura, ampliação de portfólio e fortalecimento da governança.

“O nosso grande desafio é dobrar a empresa nos próximos cinco anos, isso porque temos uma demanda maior do que a nossa capacidade produtiva", afirma Adibe em entrevista ao podcast “De frente com CEO”, da EXAME.

Para sustentar o crescimento, a companhia iniciou um processo de expansão que prevê investimento de R$ 90 milhões em um novo centro logístico em Pouso Alegre (MG), onde está localizada a fábrica da empresa, que deve começar a funcionar até início de 2026. A primeira fase do projeto, já em execução, é voltada ao aumento da capacidade de armazenamento e eficiência operacional.

“Colapsamos nossa parte de logística. Essa fase é para ampliar nossa capacidade e preparar a operação para o dobro de tamanho”, afirma o CEO. "Até o fim do ano, devemos anunciar mais uma aquisição, neste caso, uma nova fábrica no Brasil.”

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O segredo da expansão

Com mais de 45 anos de história, a Cimed é hoje uma das maiores farmacêuticas do país, dona de marcas líderes como Lavitan, número um em vitaminas no Brasil com mais de 35% de market share, e Carmed, que ultrapassou 2 bilhões de unidades vendidas. A companhia também aposta em novas frentes, como baby care, oral care, hair care e solar care, além de uma nova linha de estética. Mas para Adibe, o diferencial da companhia é ter chegado em todos os estados brasileiros.

“O Brasil tem muita regionalidade. Acho que o primeiro diferencial que a Cimed tem é ter construído, desde 1990, uma cadeia de verticalização própria. Em todo os estados do Brasil a gente tem uma base”, afirma Adibe, que também participou do evento Neex em Goiânia.

Segundo o CEO, esse é o grande segredo da Cimed: pensar como uma empresa nacional, mas agir com agilidade regional.

Inflação alta, juros e os novos desafios

Apesar do otimismo, Adibe reconhece que o ambiente de negócios no Brasil segue desafiador. A inflação persistente e os juros elevados dificultam o planejamento de longo prazo e pressionam os custos de operação.

“Com taxas de 15% ao ano, o empresário precisa calcular muito bem antes de investir”, afirma.

Mesmo assim, o CEO acredita que é justamente em momentos de desaceleração que surgem as melhores oportunidades.

“Sou um brasileiro empreendedor. Mesmo quando o país anda de lado, dá pra achar oportunidades”, diz o executivo que não tem planos de exportação. “O Brasil é muito grande, tem muita oportunidade. Por enquanto, não há expectativa de exportar.”

Veja também: Em Goiânia, um dia para celebrar a pujança dos negócios do centro do Brasil

Rumo ao IPO e uma nova governança

A entrada recente de um fundo internacional na companhia reforça a confiança dos investidores e marca uma nova etapa na história da Cimed, segundo Adibe.

“Ter o Fundo Soberano ao nosso lado é uma chancela importante. Mostra que a Cimed está pronta para uma nova era de crescimento, com profissionalização e visão de longo prazo.”

Com o reforço financeiro e de governança, a empresa se prepara para ampliar ainda mais sua presença nacional, mantendo o foco em eficiência e inovação. O movimento também pavimenta o caminho para um futuro IPO.

“Para tirarmos do papel o IPO, o mercado precisa estar melhor. A empresa já está preparada, mas o momento tem que ser o certo,” diz o presidente.

Desafios da sucessão familiar

Além dos planos de expansão, Adibe conduz um dos temas mais delicados em empresas familiares: a sucessão. O executivo, que começou na Cimed aos 15 anos, diz que está preparando os filhos para o futuro da empresa.

“Meu pai me formou dentro da empresa. Agora, quem vai dobrar a Cimed são meus filhos”, afirma.

Hoje, oito familiares trabalham na companhia, incluindo João e sua irmã Carla. “Trabalhar em família não tem fórmula. Aprendemos todos os dias, mas somos complementares na gestão e temos clareza de propósito”, diz o CEO.

Aprender com os mais novos

A experiência, afirma Adibe, nunca deve ser obstáculo para aprender. “Eu uso as gerações passadas como inspiração, mas aprendo com os mais novos”, afirma Adibe que cita Abilio Diniz como uma das suas inspirações. Essa mentalidade, segundo ele, é o que garante a longevidade do negócio e a renovação constante da liderança.

“A transformação do país não vem mais da minha geração, e sim dos jovens que estão começando.”

Sobre o que ainda deseja conquistar, Adibe a família segue como a sua maior inspiração, seja dentro ou fora da empresa. “Na vida pessoal, eu poderia ter a realização de ter meus filhos do meu lado. E, como empresário, formar um monte de João Adibe aqui dentro da Cimed.”

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