Negócios

Estaleiro da Odebrecht pede recuperação extrajudicial

Balanço de 2015 da companhia, criada para atender aos pedidos da Sete Brasil, já mostrava sinais de dificuldade

Estaleiro Enseada Paraguaçu, da Odebrecht (Odebrecht/Divulgação)

Estaleiro Enseada Paraguaçu, da Odebrecht (Odebrecht/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 09h33.

São Paulo - O estaleiro Enseada Paraguaçu, que tem como principal sócio a Odebrecht, pediu na sexta-feira à noite que a Justiça do Rio de Janeiro homologue um pedido de recuperação extrajudicial da companhia.

Cerca de 60% dos credores aderiram ao plano e o valor total da dívida que faz parte do processo é de cerca de R$ 750 milhões. A estimativa é de que o estaleiro ainda tenha dívidas de R$ 2 bilhões com bancos.

Esta é a primeira vez que uma empresa do grupo Odebrecht recorre à Justiça para ter um plano de recuperação aprovado.

A recuperação extrajudicial, porém, é diferente da recuperação judicial já que a negociação das condições da reestruturação dependem apenas dos credores. No plano a ser homologado na Justiça, a previsão é de que a dívida seja paga em 19 anos.

De acordo com o pedido inicial feito à Justiça, e que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, a proposta foi aprovada por 64% dos credores da unidade de negócios da Bahia. A empresa também tem uma unidade no Rio de Janeiro.

A estratégia do Enseada foi negociar separadamente as dívidas para ter quórum suficiente para aprovar um plano extrajudicial e evitar a recuperação judicial. A requisição da empresa na Justiça também é de que todas as execuções de dívidas ou pedidos de falência sejam suspensos. Mas, mesmo se aprovado, os credores que não aderiram ao plano podem recorrer da decisão.

O Enseada Paraguaçu foi construído para atender aos contratos fechados com a Sete Brasil que em 2011 encomendou seis sondas da empresa.

O balanço de 2015 da companhia já mostrava os sinais de dificuldade. Havia um passivo (dívidas) de curto prazo de R$ 2 bilhões sem nenhuma cobertura de novas receitas.

A Sete Brasil deixou de repassar para o estaleiro R$ 1,4 bilhão pelos contratos de navios que já estavam em construção.

Propinas

A Sete Brasil, que também está em recuperação judicial, deixou de pagar os 28 navios que contratou de cinco estaleiros depois que denúncias de corrupção impediram a companhia de conseguir um empréstimo de longo prazo. Entre as denúncias estavam a de que os estaleiros teriam pago propinas para conseguir os contratos.

As encomendas do Enseada somavam US$ 6,5 bilhões e, além da construção de seis navios-sonda, previam ainda conversão dos cascos de quatro petroleiros para a Petrobrás.

Além da Odebrecht, eram sócios originalmente do estaleiro as construtoras UTC, OAS e o grupo japonês Kawasaki - os investimentos no estaleiro chegaram a R$ 2,7 bilhões.

O estaleiro está 85% pronto e a ideia é a partir da recuperação judicial estabilizar a dívida e passar a usar a estrutura em outros atividades.

Entre os principais credores da recuperação extrajudicial estão as empresas GE, Caterpillar e National Oilwell Varco.

Procurada, a Odebrecht confirmou o pedido de recuperação extrajudicial, mas não informou mais detalhes da ação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Novonor (ex-Odebrecht)Recuperações judiciais

Mais de Negócios

Azeite a R$ 9, TV a R$ 550: a lógica dos descontaços do Magalu na Black Friday

20 frases inspiradoras de bilionários que vão mudar sua forma de pensar nos negócios

“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB Holding

EXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico