Sócios da Pixcard: sistema da startup utiliza inteligência artificial para monitorar o comportamento de pagamento dos usuários (Lio Simas/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 4 de fevereiro de 2025 às 09h26.
O acesso ao crédito no Brasil sempre esteve atrelado a bancos, cartões e taxas elevadas. A PixCard quer mudar essa lógica com uma plataforma que permite o parcelamento de compras via Pix, sem a necessidade de bandeiras tradicionais ou maquininhas de cartão. Com um modelo que elimina intermediários e reduz custos, a empresa projeta movimentar R$ 180 milhões em 2025 e crescer entre 35% e 40% ao ano a partir de 2026.
O mercado brasileiro de crédito parcelado movimenta bilhões de reais por ano, mas ainda enfrenta barreiras para atender uma grande parte da população. Bancos tradicionais e redes de adquirência controlam o acesso ao crédito, cobrando taxas de administração e juros altos. Isso limita o poder de compra de milhões de consumidores e reduz a margem de lucro dos lojistas.
A PixCard surgiu para oferecer um modelo alternativo. Em vez de depender de instituições financeiras tradicionais, a plataforma permite que empresas concedam crédito diretamente aos clientes, sem precisar de intermediários como operadoras de cartões e redes de adquirência.
O modelo permite que qualquer empresa regulada pelo Banco Central, como bancos, fintechs, financeiras, varejistas e até prestadores de serviços, se torne uma EPC. Quem ainda não tem registro pode operar por meio de uma SCD (Sociedade de Crédito Direto) já homologada na plataforma.
"A tecnologia permite reduzir custos, ampliar o acesso ao crédito e oferecer um modelo mais eficiente para consumidores e empresas", diz Paulo Guimarães, fundador da PixCard.
Além dos consumidores, a plataforma permite que empresas criem suas próprias EPCs, concedendo crédito a clientes, fornecedores ou funcionários. Varejistas podem oferecer parcelamento direto, sem depender de bandeiras tradicionais. Fintechs e bancos podem ampliar suas operações com um modelo mais flexível e sem intermediários.
Lucas Guimarães, cofundador da PixCard, vê potencial para expandir o crédito no varejo. "Empresas que já têm relacionamento com consumidores podem se tornar provedoras de crédito, fidelizando clientes e aumentando a rentabilidade", afirma.
A adesão ao modelo também pode trazer vantagens estratégicas para as empresas. Além de gerar receita com a concessão de crédito, a EPC mantém controle total sobre o relacionamento com os clientes. Isso permite criar programas de fidelidade, oferecer condições personalizadas e ampliar a retenção de clientes sem depender de terceiros.
O sistema da PixCard utiliza inteligência artificial para monitorar o comportamento de pagamento dos usuários. O modelo permite que as EPCs ajustem limites de crédito e apliquem taxas mais baixas para bons pagadores, além de reduzir a inadimplência com um sistema de controle automático.
"O risco de crédito não pode ser ignorado. Criamos um modelo que permite às EPCs calibrar os limites de acordo com o perfil do usuário, garantindo segurança para todos os envolvidos", explica Guimarães.
A inteligência artificial também permite analisar tendências de consumo e prever riscos de inadimplência com mais precisão. Se um usuário apresentar um comportamento financeiro instável, a EPC pode reduzir seu limite de crédito ou oferecer opções de pagamento mais flexíveis para evitar o endividamento excessivo.
A plataforma não concede crédito diretamente. A decisão de aprovação e as condições de parcelamento são definidas pelas EPCs, que mantêm controle total sobre a operação.
"Se uma EPC decidir conceder crédito a um cliente desbancarizado, ele poderá realizar pagamentos e compras parceladas sem precisar abrir uma conta bancária", diz Paulo Guimarães.
O acesso ao crédito é um fator essencial para a economia. Pequenos negócios precisam de capital de giro, consumidores buscam parcelamento para aumentar seu poder de compra e grandes empresas querem ampliar sua base de clientes. A PixCard aposta que seu modelo pode atender todos esses públicos, criando uma rede de crédito mais acessível.
A PixCard prevê um crescimento de 178% em 2025, impulsionado pela adesão de pelo menos 40 EPCs à plataforma. Com isso, a empresa espera alcançar um giro financeiro anual de R$ 180 milhões e continuar expandindo nos anos seguintes.
"A demanda por crédito acessível e sem burocracia é crescente. Nossa meta é criar um modelo sustentável, que beneficie tanto os consumidores quanto as empresas que concedem crédito", afirma Lucas Guimarães.
A plataforma vê oportunidades no setor varejista, em empresas de serviços e na indústria. Bancos tradicionais também podem utilizar o modelo para ampliar sua base de clientes sem alterar suas operações principais.
Para os próximos anos, a PixCard pretende expandir sua presença no mercado financeiro, buscando parcerias estratégicas e explorando novos segmentos. A empresa avalia oferecer novas funcionalidades na plataforma, como seguros e produtos financeiros adicionais, para aumentar a adesão de usuários e provedores.
Nos próximos anos, a empresa pretende ampliar sua base de EPCs e consolidar sua presença no mercado. A expectativa é que o modelo se torne uma alternativa viável para bancos, varejistas e empresas que buscam uma forma mais eficiente de oferecer crédito.
"Nosso foco é crescer com sustentabilidade e eficiência. A PixCard foi criada para resolver um problema real do mercado, e queremos expandir essa solução para um número cada vez maior de usuários e empresas", diz Paulo Guimarães.