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Esta startup mirava construir a 1ª estação espacial do mundo, mas agora luta para pagar as contas

Bilionário tenta manter o cronograma de módulos orbitais, mas enfrenta dificuldades de captação e pressão de fornecedores

Um foguete SpaceX Falcon 9, transportando o Blue Ghost da Firefly Aerospace e os módulos lunares Resilience da ispace, decola do Complexo de Lançamento 39A no Centro Espacial Kennedy em Cabo Canaveral, Flórida, em 15 de janeiro de 2025. Texas, que no ano passado se tornou a primeira empresa a pousar com sucesso no vizinho celestial da Terra (Gregg Newton /AFP)

Um foguete SpaceX Falcon 9, transportando o Blue Ghost da Firefly Aerospace e os módulos lunares Resilience da ispace, decola do Complexo de Lançamento 39A no Centro Espacial Kennedy em Cabo Canaveral, Flórida, em 15 de janeiro de 2025. Texas, que no ano passado se tornou a primeira empresa a pousar com sucesso no vizinho celestial da Terra (Gregg Newton /AFP)

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 05h29.

A Axiom Space, startup cofundada pelo bilionário Kam Ghaffarian, passa por uma crise financeira que ameaça seus planos de construir a primeira estação espacial comercial do mundo.

A empresa, sediada em Houston, nos Estados Unidos, enfrenta dificuldades de captação de recursos, atrasos no desenvolvimento e pressão de fornecedores estratégicos como a SpaceX e a Thales Alenia Space.

De acordo com a Forbes, documentos internos e relatos de ex-funcionários afirmam que a Axiom acumulou custos elevados, que chegaram a uma folha de pagamento de US$ 10 milhões por mês em 2023. A situação levou a demissões, cortes salariais e atrasos em pagamentos a parceiros.

A SpaceX, responsável pelos lançamentos dos voos privados da companhia, chegou a emitir notificações de quebra de contrato.

Fundada em 2016, a Axiom foi concebida para aproveitar a experiência da Estação Espacial Internacional (ISS) e, gradualmente, construir sua própria infraestrutura orbital. O modelo previa anexar módulos à ISS antes de destacá-los para formar um posto avançado independente. O plano foi apoiado por uma rodada de captação de US$ 350 milhões em 2023, que elevou a avaliação da empresa para US$ 2 bilhões.

No entanto, a lentidão no desenvolvimento do primeiro módulo, somada à possibilidade de desativação antecipada da ISS, comprometeu as projeções. O projeto, que previa dois módulos lançados até este ano, agora foi adiado para 2026.

Pressão financeira e mudança de modelo de negócios

Para gerar receita enquanto desenvolvia a estação, a Axiom diversificou suas atividades. Em parceria com a SpaceX, passou a organizar voos privados para a ISS e conseguiu contratos da NASA, incluindo US$ 228 milhões para o desenvolvimento de trajes espaciais para a missão Artemis III.

Apesar disso, os voos não foram rentáveis. Segundo documentos internos divulgados pela Forbes, a empresa pagou cerca de US$ 670 milhões por quatro lançamentos da cápsula Dragon 2, mas não conseguiu atingir o ponto de equilíbrio devido aos custos elevados e à exigência da NASA de incluir comandantes veteranos em missões privadas.

Os trajes espaciais representam uma frente de negócios promissora, mas a entrada da SpaceX nesse segmento aumenta a concorrência. Além disso, ex-funcionários apontam que os recursos alocados no programa de trajes desviaram foco e engenheiros do projeto da estação orbital.

Em meio às dificuldades, Ghaffarian investiu recursos próprios e buscou empréstimos de parceiros, mas admite que será necessário novo financiamento para manter o cronograma. A Axiom já reduziu sua equipe e solicitou cortes salariais voluntários em troca de participação acionária.

O futuro do projeto também depende da definição do destino da ISS, programada para ser desativada em 2030, mas que pode ser retirada de órbita antes caso a Rússia confirme a saída em 2028. Esse cenário obrigaria a Axiom a redesenhar sua estação para operar de forma independente antes do previsto.

A NASA continua apoiando a Axiom, mas financia também concorrentes como Blue Origin, Voyager Space e Vast, além de considerar alternativas como a Starship, da SpaceX.

Ainda de acordo com a Fortune, analistas do setor alertam que a viabilidade de estações espaciais privadas dependerá de forte apoio governamental, já que o mercado comercial ainda não demonstra escala suficiente para sustentar esses projetos.

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