Rogério Scheffer, CEO da Águia Sistemas: "Temos um compromisso em oferecer produtos que minimizem rupturas e maximizem a produtividade dos nossos clientes" (Águia Sistemas/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 08h17.
Centros de distribuição modernos são verdadeiras máquinas operacionais. Estruturas metálicas se erguem como prédios verticais, esteiras transportam produtos incessantemente e robôs autônomos garantem que nada fique parado por muito tempo.
A logística interna desses espaços é calculada nos mínimos detalhes para garantir eficiência máxima e a entrega do produto para o cliente no menor tempo possível — um dos diferenciais competitivos mais visados atualmente.
O que muitos não sabem é que boa parte desses centros de distribuição, espalhados pelo Brasil, tem um nome em comum por trás de sua estruturação: a Águia Sistemas.
Fundada há 50 anos em Ponta Grossa, no Paraná, a empresa começou como uma fabricante de móveis de aço e, ao longo das décadas, se transformou em uma das maiores fornecedoras de sistemas de armazenamento e movimentação de cargas do país. Em um bom português, é ela que "monta" o centro de distribuição, colocando as esteiras, as prateleiras e integrando todos os robôs de automação.
E faz isso para empresas gigantes. A Águia é responsável por praticamente todos os centros de distribuição da gigante varejista Amazon no Brasil. Também montou as operações das redes de farmácias Droga Raia e Ultrafarma, e da Nestlé.
Com um faturamento de 606 milhões de reais em 2024 e projeção de crescimento entre 12% e 20% para 2025, a empresa segue investindo fortemente em inovação.
"Nós sempre buscamos antecipar as necessidades dos clientes e inovar para entregar soluções cada vez mais eficientes e produtivas", afirma Rogério Scheffer, CEO da Águia Sistemas.
Para este ano, vai investir 25 milhões de reais em automação e tecnologia.
A trajetória da Águia Sistemas começou em 1974 como uma fabricante de móveis de aço.
"Meu pai e um tio iniciaram a empresa e, ao longo do tempo, fomos nos adaptando às mudanças do mercado", afirma Rogério.
A grande virada veio com a entrada no segmento de estruturas de armazenagem, antes mesmo de o conceito de intralogística ser amplamente conhecido.
"A gente já estava dentro desse mundo sem saber", afirma. "O desenvolvimento de soluções como padrões como o pallet ajudaram a estruturar toda a cadeia logística no Brasil."
A partir dos anos 2000, a empresa ampliou seu escopo com estruturas autoportantes, um modelo que transforma os próprios racks de armazenagem em prédios logísticos. Foi o momento de verticalizar os centros de distribuição.
"A gente começou a investir pesado em engenharia, trazendo tecnologias de ponta para viabilizar estruturas cada vez mais sofisticadas e eficientes", diz Rogério.
Nos últimos anos, a empresa tem investido na automação de processos logísticos, como sistemas dinâmicos de armazenagem e esteiras transportadoras motorizadas.
Com o crescimento acelerado do e-commerce e a necessidade de operações mais rápidas e eficientes, essas soluções se tornaram indispensáveis para grandes varejistas e indústrias.
O ano de 2024 foi de recordes para a empresa.
Com um faturamento de 606 milhões de reais, a Águia cresceu 20% em relação ao ano anterior e consolidou sua presença em setores estratégicos, como alimentos e farmacêutico.
Um dos destaques foi a automação do novo centro de processamento de cargas da DHL Express, um projeto de 23 milhões de reais que reduziu significativamente o tempo de liberação de encomendas.
Para 2025, a companhia já tem planos robustos: projeta um crescimento de até 20% e destinará 25 milhões de reais para investimentos em automação e novas tecnologias.
"Temos um compromisso em oferecer produtos que minimizem rupturas e maximizem a produtividade dos nossos clientes", afirma Rogério.
A ampliação da capacidade produtiva também está nos planos, com a introdução de uma nova linha de produção, elevando para 19 o número de robôs em operação nas fábricas.
A empresa também investe fortemente em engenharia digital, com um foco especial no conceito de gêmeos digitais, quando a estrutura é montada toda antes digitalmente e testada por ali, e depois, só replicada na "vida real".
"Estamos integrando modelagem 3D, simulação e emulação para criar projetos virtuais que nos permitam antecipar cenários, dissolver gargalos e validar layouts com dados em tempo real", afirma o CEO.
Os desafios, no entanto, são constantes.
O custo do capital no Brasil ainda é elevado, o que impacta a adoção de novas tecnologias pelas empresas. Além disso, a crescente demanda por entregas rápidas impõe uma necessidade constante de inovação para otimizar fluxos internos e garantir uma cadeia de suprimentos ágil.
A Águia Sistemas tem duas divisões principais: Estruturas de Armazenagem e Automação.
"Projetamos, fabricamos, integramos outras tecnologias, implementamos o projeto e temos também o software que faz interface com todos os sistemas", afirma Rogério.
"Já temos 19 robôs nas nossas linhas de produção e estamos investindo pesadamente em automação e digitalização de processos. A ampliação da infraestrutura, o investimento em automação e a busca constante por eficiência e redução de custos são os principais desafios da intralogística no Brasil", acrescenta o CEO.
Além disso, a demanda crescente por eficiência reflete no comportamento dos consumidores.
"O consumidor está cada vez mais mimado. Ele quer receber rápido, e isso pressiona os fornecedores a investirem cada vez mais em infraestrutura e automação. O lado bom é que essa necessidade só aumenta a demanda por soluções como as que oferecemos", afirma Rogério.
Mesmo diante dessas barreiras, a Águia Sistemas aposta em um mercado cada vez mais automatizado e digitalizado. Com um portfólio de clientes que inclui gigantes do varejo e da indústria, a companhia paranaense segue como peça-chave na transformação dos centros de distribuição do país – e, possivelmente, dos próximos anos do setor logístico brasileiro.