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Esta montadora que nasceu numa universidade da China vai investir US$ 1 bilhão no Brasil

A GAC Motor chega ao Brasil para desenvolver motores flex, inteligência artificial para aplicativos de mobilidade, como o 99, e até carros voadores. Veja como a empresa pretende mexer com o setor de mobilidade e crescer fora da China

Dr. Wey Haigang, alto executivo chinês da GAC Motor: “Viemos para o Brasil não só para vender carros, mas sim para desenvolver um futuro entre os dois países” (Nathy Silva/Divulgação)

Dr. Wey Haigang, alto executivo chinês da GAC Motor: “Viemos para o Brasil não só para vender carros, mas sim para desenvolver um futuro entre os dois países” (Nathy Silva/Divulgação)

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 11h22.

Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 14h01.

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A montadora chinesa GAC Motor, que nasceu em uma universidade na China, prepara um marco significativo em sua expansão global ao anunciar um investimento de R$ 1 bilhão no Brasil para 2025. Com uma estratégia que combina inovação tecnológica e colaboração acadêmica, a empresa planeja desenvolver motores flex, inteligência artificial para aplicativos de mobilidade – como o 99 – e até carros voadores em parceria com universidades brasileiras.

“O Brasil é um mercado prioritário para a nossa expansão, não apenas por sua vasta população e potencial de mercado, mas também por ser um país aberto, justo e com uma excelente relação com a China”, afirmou Dr. Wey Haigang, alto executivo chinês da GAC Motor.

O crescimento acelerado da empresa impressiona. Apenas em exportações, a GAC Motor atingiu 45 mil unidades em 2023, com expectativa de dobrar esse número este ano. Além disso, a marca ampliou sua presença global de 40 para 70 países em 2024 e triplicou sua rede de concessionárias, passando de 170 para 400 unidades no mesmo período.

“Estamos aqui para construir um futuro compartilhado entre Brasil e China, oferecendo não apenas carros, mas serviços e soluções inovadoras para ambos os países”, destacou o executivo. “Vamos transformar a mobilidade no Brasil a partir de 2025”.

Essa estratégia reflete a visão de longo prazo da montadora, que enxerga na América do Sul – e particularmente no Brasil – um pilar essencial para seu crescimento global.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Dr. Wey Haigang, alto executivo chinês da GAC Motor, compartilhou as expectativas da montadora chinesa em 2025 no Brasil.

Como a GAC Motor pretende se destacar no Brasil frente aos concorrentes chineses?

Primeiramente, a GAC é uma empresa chinesa que lidera também o mercado chinês no ramo automobilístico. Temos uma produção de escala de 2.5 milhões de automóveis por ano e engloba vários tipos de automóveis como elétrico, à gasolina, entre outros. Dentro do mercado automobilístico somos fortes e essa é a nossa vantagem. Além disso, somos uma empresa estatal e já estamos na bolsa de Hong Kong e de Xangai.

Temos uma parceria muito forte também com a Honda e a Toyota e isso nos permite que a nossa qualidade seja sempre muito bem avançada. Também temos a nossa própria equipe de P&D e sempre visamos na inovação.

E sobre os nossos produtos, em termos de carros elétricos, o nosso modelo Aion já vendemos 450 mil unidades. Depois de BYD e Tesla, já vem a GAC, estamos na terceira posição.

No Brasil, o mercado brasileiro precisa muito de carro flex e híbrido e nós da GAC somos muitos fortes nesta parte de desenvolvimento de motores.

E vir para o Brasil é uma oportunidade muito boa. O Brasil também está em um momento de transformação para os carros elétricos. Então, a GAC acredita que com a nossa tecnologia temos muitos valores para agregar ao Brasil.

Parceria com universidades existe na China também? Quais parcerias já deram certo e ajudaram a desenvolver o mercado automotivo?

Essa cooperação entre a universidade e empresas é muito comum na China. Tanto que a GAC nasceu dentro de uma universidade de tecnologia na China (Escola Politécnica do Sul da China). O líder de laboratório de P&D também saiu dessa universidade.

Escolhemos essas 3 universidades (Universidade Federal de Santa Catarina, Unicamp e Universidade Federal de Santa Maria) porque são muito fortes nesta parte de motores híbridos. Atualmente, somos fortes em gasolina e parte híbrida, porém na parte de motores flex, talvez o Brasil seja mais forte. Inclusive a Unicamp, nesses últimos anos vem desenvolvendo e estudando bastante este ramo de flex.

O Brasil pode se tornar uma base para exportações de veículos para outros mercados da América Latina?

Somos uma empresa com uma abordagem pragmática e estruturada. Seguimos um passo de cada vez. Inicialmente, nossa estratégia é focada na importação. Posteriormente, iremos avançar gradualmente para estabelecer uma linha de montagem local. Quando atingirmos uma etapa estratégica, planejamos explorar a possibilidade de exportar para outros países da América do Sul, posicionando o Brasil como um polo de distribuição para a região.

O Brasil já possui uma base sólida como exportador no setor automobilístico, produzindo cerca de 4,5 milhões de veículos, dos quais apenas 2,5 milhões são comercializados internamente. Essa infraestrutura de exportação existente nos dá confiança de que, com o tempo, alcançaremos esse patamar.

A GAC ainda é parceira da BYD na China, atuando em conjunto no desenvolvimento e na fabricação de ônibus. Vai existir alguma parceria com a marca aqui no Brasil?

Temos sim projetos em conjunto com a BYD na parte de ônibus elétrico. Estamos abertos à discussão, mas neste primeiro momento no Brasil damos prioridade para o desenvolvimento próprio e ser independente nestes projetos de desenvolvimento.

Qual é a visão da GAC Motor para o futuro da mobilidade em países em desenvolvimento?

Como a política chinesa é de sair da China para o mundo, estamos presentes como participante do Brics e na Rota da Seda, porque temos uma missão de ajudar os países emergentes a se desenvolver.

Nossos projetos têm como prioridade principalmente a África e a América Latina, e o mais importante não é a quantidade de venda, mas sim levar os nossos produtos para esses países. Nosso conceito é levar o produto e adaptar ao local.

Tem alguma prática de ESG na China que vocês vão trazer para o Brasil?

Estamos comprometidos com a redução de carbono e queremos trazer produtos que contribuam para isso, em parceria com instituições. Nosso objetivo é nos firmar como uma empresa local no Brasil. Em novembro, inauguramos nosso escritório no Morumbi, em São Paulo, e contratamos uma equipe brasileira, reforçando nosso compromisso em atrair talentos locais.

A GAC opera em toda a cadeia produtiva, desde a mineração até a reciclagem de baterias, com foco em energia sustentável. Além disso, lideramos o mercado de aplicativos de mobilidade na China, com 25% dos carros do DINI utilizando veículos da GAC, e esperamos oferecer esse serviço no Brasil.

Além do Brasil, a GAC mira em outros países, sejam eles emergentes ou não?

Na verdade, sobre investimento, somos bem flexíveis. Na Tailândia temos investimentos próprios e na Malásia temos joint ventures com outras empresas.

Na África também temos fábricas de montagem. O Brasil é o nosso próximo foco.

Quais foram os avanços globais da companhia?

Apenas em termos de exportação, em 2023 atingimos 45 mil unidades. Nesse ano temos uma expectativa de dobrar esse número de unidades exportadas. Isso significa que estamos em uma velocidade muito rápida de crescimento. Em termos de países, estávamos em cerca de 40 países e neste ano estamos presentes em 70 países. Concessionárias tínhamos 170 espalhadas no mundo, neste ano chegaremos a 400 concessionárias. Esperamos que no Brasil possamos promover cada vez mais.

Qual é a expectativa para esse ano?

A GAC visa o crescimento de longo prazo. O Brasil tem os seus recursos e esperamos que possamos juntos utilizar os recursos, nos adaptar ao país e crescer juntos passo a passo e de forma ativa.

O faturamento global chegou em 490 bilhões em Renminbi (RMB). Neste ano talvez fique igual ou um pouco abaixo por causa do câmbio.

Semanas atrás o presidente da China veio ao Brasil e reforçou a política da China, que valorizamos também, de desenvolver tecnologias e parcerias para que possamos crescer junto com os nossos países parceiros. E o Brasil será o nosso grande investimento em 2025.

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