Negócios

Está mais caro brigar com a Amazon - quem ganha e quem perde nessa corrida

A batalha do comércio eletrônico ficou mais difícil, com entregas no mesmo dia e outros serviços. O que isso significa para empresas brasileiras?

Caixas da Amazon, dia 29/07/2016 (Mike Segar/Reuters)

Caixas da Amazon, dia 29/07/2016 (Mike Segar/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 2 de junho de 2019 às 08h00.

Última atualização em 2 de junho de 2019 às 09h33.

A Amazon, gigante varejista que nasceu como uma venda online de livros, hoje é muito mais que isso. Ela atua em centenas de categorias e oferece serviços como entrega no mesmo dia - isso apenas em sua frente de varejo. O avanço da companhia, que é responsável por 42% de todas as vendas online nos Estados Unidos, dificulta o avanço dos competidores e torna essa disputa cada vez mais cara.

O comércio eletrônico já representa uma fatia de 9,4% das vendas totais nos Estados Unidos, contra 12,8% em 2017 - no Brasil, essa fatia é de 4% - mas o volume ainda está muito abaixo das previsões de 30% dos analistas. A Amazon, segundo o JP Morgan, deve ultrapassar o Walmart como maior varejista do país em 2022.

Já é a sétima vez que o banco de investimentos analisa o cenário da briga entre o comércio tradicional e a gigante do comércio eletrônico, a Amazon.

As lojas tradicionais estavam reduzindo sua distância da Amazon, mas essa tendência se reverteu e a gigante liderada por Jeff Bezos voltou a ser uma ameaça mais forte, diz o relatório.

Com a economia fortalecida, as varejistas físicas prosperam mais, diz o banco de investimentos, pois há mais visitas às lojas. Em cenário de crescimento mais lento, o ambiente tende a ser mais competitivo. Além disso, a Amazon ampliou o número de produtos entregues no mesmo dia ou dia seguinte, acompanhada de perto do Walmart.

Assim, o custo de competir com a Amazon cresce cada vez mais, o que afasta competidores menores do campo de batalha.

Categorias

Uma das categorias de maior crescimento na Amazon são melhorias para a casa, como Ferramentas, com alta de 62% nas vendas ano contra ano, e Móveis e Decoração, com alta de 23%. O aumento das vendas dessas categorias pode prejudicar o caminho da Target, fortemente baseada nessas categorias.

Até agora, a varejista, que não atua no Brasil, se manteve ao lado da briga entre Walmart e Amazon com lojas bonitas e bons produtos. O JP Morgan acredita que ela deverá se manter nesse caminho, mas que precisará investir mais em sua operação online.

Outra categoria que deve se tornar mais relevante no futuro é a de produtos de consumo, como refrigerantes, produtos de beleza e de higiene, bebidas alcoólicas e outros. A categoria que mais cresceu foi a de produtos para animais de estimação - 16,4% das vendas nesse segmento já são feitas na internet. Esse aumento é uma ameaça para a Tesco, que depende fortemente da venda de produtos para animais.

O Walmart é o líder em clique e retire para essa categoria, com compras feitas na internet e retiradas em loja, mas a Amazon segue logo atrás. Ela investe em locais para retirada de produtos em lojas da Whole Foods, rede de supermercados naturais adquirida em 2017.

Esmaga os menores

O crescimento das grandes companhias de comércio eletrônico não é um risco apenas para as lojas físicas, mas também para seus competidores digitais menores. Ao expandir vendas próprias e de marketplace, gigantes como a Amazon, Walmart e, no Brasil, Magazine Luiza inibem players menores, que atuam em nicho.

De acordo com um relatório do BTG sobre os dilemas do comércio eletrônico, o tráfego de visitantes no site, variedade de estoque e serviços de armazenamento para vendedores se tornam estratégias cada vez mais importantes. Assim, é cada vez mais caro competir.

"Comércios eletrônicos horizontais se apresentam como uma loja de parada única e comunicam conveniência e variedade como fortes benefícios. Eles também se beneficiam ao vender outros produtos ou itens mais caros para seus clientes. Assim, uma varejista online que só vende produtos para bebês ou para esportes é uma loja vertical", diz o relatório do BTG.

No Brasil

Essa diferença veio à tona com a proposta de compra da Netshoes, loja do nicho de esportes, pelo Magazine Luiza, que vende de tudo.

No entanto, o banco afirma que o mercado brasileiro é diferente de países mais maduros, como Estados Unidos ou China. Lá, o comércio eletrônico se desenvolveu a ponto de tornar impossível a entrada de novos  negócios. O Alibaba, por exemplo, não é apenas um comércio eletrônico - integra também serviços, empresas de logística e fornecedores.

Já no Brasil, apesar da consolidação de empresas como B2W e Magazine Luiza, empresas como Renner ou Arezzo têm espaço para crescer no segmento de roupas e sapatos na internet, já que operam marcas próprias e possuem uma ampla rede de lojas.

Por aqui, o que importa mais é o nível de serviço.

Acompanhe tudo sobre:Amazone-commerceVarejo

Mais de Negócios

Imposto a pagar? Campanha da Osesp mostra como usar o dinheiro para apoiar a cultura

Uma pizzaria de SP cresce quase 300% ao ano mesmo atuando num dos mercados mais concorridos do mundo

Startup cria "programa de fidelidade" para criadores de conteúdo e times de futebol

Sem antenas, mas com wi-fi: esta startup chilena quer ser a "Netflix" da TV aberta