O americano Ezra Kebrab, CEO da fintech Caliza (Paulo Vitale)
Repórter
Publicado em 7 de outubro de 2024 às 15h06.
Última atualização em 7 de outubro de 2024 às 16h17.
Oferecendo transações financeiras em segundos, ao invés de dias, como ocorre nos bancos tradicionais, a fintech americana Caliza visa democratizar o comércio internacional. Recentemente, chamou a atenção de Doug Scherrer, ex-CFO do Nubank, que entrou como investidor-anjo em uma rodada de R$ 46 milhões liderada pela Initialized Capital, referência no Vale do Silício e apoiadora de startups disruptivas.
Há um ano no Brasil, a Caliza acaba de anunciar sua expansão para o México. Segundo Ezra Kebrab, CEO da fintech, a movimentação faz parte de uma estratégia para fortalecer sua presença na América Latina e, no futuro, alcançar regiões como a Europa e a Ásia.
De forma resumida, a Caliza possibilita a liquidação instantânea de transações entre empresas latino-americanas e norte-americanas. Isso torna um processo normalmente demorado mais ágil e mais barato, além de botar outras fintechs a par dos grandes bancos. “Enquanto os atrasos de dias ou semanas são comuns em transações internacionais, com nossa solução o dinheiro chega ao destino em minutos”, afirma Kebrab. A fintech segue as regulações locais, operando sob o marco regulatório do Banco Central no Brasil e as diretrizes do Banxico no México.
É como se a Caliza fizesse um "Pix internacional" para a empresa americana no momento em que a brasileira faz o pagamento. “O Pix transformou o mercado doméstico, enquanto transações internacionais ainda são arcaicas”, comenta Kebrab. A maioria dos sistemas de pagamento não se comunica, gerando problemas de interoperabilidade. A startup oferece uma infraestrutura que viabiliza transações rápidas e seguras em múltiplas moedas, incluindo contas digitais em dólares, fundamentais para empresas que acessam mercados como os EUA.
No México, a empresa estabeleceu parcerias, como com o Banco Dondé, para otimizar transações entre México e EUA. O executivo enxerga uma grande oportunidade no país com a tendência de nearshoring, que incentiva empresas a moverem operações para países vizinhos.
Em sua primeira rodada de investimentos, a Caliza levantou US$ 8,5 milhões (R$ 46 milhões) para acelerar a expansão e desenvolver novos produtos, como cartões multimoeda e soluções avançadas de tesouraria internacional. A fintech já facilita pagamentos para importadores brasileiros que negociam com a China, e o objetivo é expandir ainda mais esse alcance.
A empresa planeja ampliar seu portfólio de clientes e atender multinacionais com operações em diversos países, como, por exemplo, e-commerces tipo Shein, Aliexpress, Temu e Shopee. “Nossa tecnologia permite transferências eficientes entre diferentes mercados, algo crucial para empresas com fábricas ou filiais em vários continentes”, conclui Kebrab.