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Esta empresa vai vender R$ 500 milhões em ingressos para o Réveillon 2026

Responsável pela venda dos ingressos planeja prestar serviços para 550 festas simultâneas nesta virada de ano

Festas de virada de ano: O crescimento acelerado e o número recorde de 200 eventos já à venda colocam a Ingresse no centro da alta temporada do entretenimento no país (Ingresse/Divulgação)

Festas de virada de ano: O crescimento acelerado e o número recorde de 200 eventos já à venda colocam a Ingresse no centro da alta temporada do entretenimento no país (Ingresse/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 14h19.

Mesmo faltando dois meses para a virada do ano, a movimentação no mercado de festas já atingiu números que mostram o apetite do brasileiro por experiências ao vivo — e o tamanho do negócio por trás delas.

O setor de eventos premium, em especial no Réveillon, se tornou uma oportunidade milionária, disputada por empresas de ticketing, produtoras e plataformas de tecnologia.

Um bom exemplo deste movimento é a Ingresse, plataforma de venda de ingressos criada em 2012. Ela se consolidou como a principal operadora de bilhetes para festas de fim de ano no Brasil.

Nem entramos em novembro, e a empresa já movimentou 150 milhões de reais em vendas para o Réveillon 2026. A projeção é fechar o ano com 500 milhões de reais apenas nessa categoria.

O crescimento acelerado — 35% acima do ano passado e cinco vezes mais que o pré-pandemia — e o número recorde de 200 eventos já à venda, com meta de atingir 550 festas simultâneas até o dia 31 de dezembro, colocam a Ingresse no centro da alta temporada do entretenimento no país.

“Estamos observando uma mudança significativa no perfil de consumo por experiências", afirma Bruno Sapienza, sócio e diretor de receitas da Ingresse. "O Réveillon 2026 mostra que os brasileiros valorizam formatos premium e exclusivos”.

Com 350 funcionários e operação em três continentes, a empresa agora mira os próximos anos com planos de internacionalização, novas aquisições e uma ofensiva sobre o mercado secundário de ingressos — um dos pontos mais sensíveis do setor.

Como a Ingresse virou referência no Réveillon

Fundada em São Paulo por empreendedores com experiência no entretenimento e no Vale do Silício, a Ingresse nasceu com uma proposta simples: substituir o ingresso físico por QR Codes digitais.

Na época, 2012, o modelo parecia arriscado, mas a digitalização se mostrou um trunfo — tanto para os usuários quanto para os produtores de eventos.

"Naquele momento, o mercado estava migrando dos clubes para eventos abertos. A gente percebeu uma oportunidade latente para profissionalizar esse novo formato", afirma Sapienza.

Nos primeiros sete anos, a empresa dobrou de tamanho ano após ano.

Mesmo com o baque da pandemia, a Ingresse conseguiu se reestruturar e voltar ao mercado com foco em grandes momentos: carnaval, conferências e, principalmente, Réveillon.

Hoje, a plataforma processa 2,3 bilhões de reais em vendas ao longo do ano.

Só na última semana de dezembro, a empresa opera mais de 500 festas entre o dia 26 e 2 de janeiro, com presença em todos os estados do país.

Consolidação via aquisições

Além do crescimento orgânico, a estratégia da Ingresse se apoia em aquisições.

Desde 2019, a empresa comprou oito concorrentes, entre elas Ticket Sports, Ingresso Certo, Ingresso Nacional e Vamo.

O objetivo é consolidar o mercado — ainda bastante pulverizado — e agregar portfólios complementares, como eventos esportivos e shows regionais.

"Temos um pipeline super aquecido. Acreditamos muito na verticalização e na expansão via fusões e aquisições", diz Sapienza.

A empresa também aposta em produtos financeiros como antecipação de recebíveis, gestão de pagamentos para produtores e até entrada por reconhecimento facial, solução que já está sendo usada em eventos de grande porte.

Da operação nacional à presença global

A Ingresse também está levando o modelo para fora do país.

Com escritório em Madri, na Espanha, a empresa começou a operar na Europa e já realizou eventos em 17 países.

Parte da estratégia inclui atrair o público estrangeiro para as festas brasileiras.

Réveillons em destinos como Carneiros, em Pernambuco, e Jericoacoara, devem ter até 40% de presença internacional. O foco é usar a tecnologia da plataforma para conectar a demanda global ao calendário de experiências premium no Brasil.

“A gente acredita muito nesse ciclo: usar nossa operação na Europa para atrair estrangeiros aos eventos locais, e ao mesmo tempo desenvolver negócios lá fora com a mesma base tecnológica”, afirma o executivo.

Fraudes, cambistas e os desafios do setor

Um dos principais gargalos do setor de ticketing ainda é a fraude.

Ingressos falsificados, revenda ilegal e cambistas digitais pressionam a experiência do consumidor e a segurança dos produtores. Para combater isso, a Ingresse aposta em soluções tecnológicas. A empresa criou um QR Code dinâmico, que não permite captura de tela, além de centralizar todos os ingressos dentro do aplicativo.

Também eliminou completamente o PDF como formato de ingresso, dificultando a falsificação.

Outro projeto em desenvolvimento para 2026 é a entrada no mercado secundário formal, criando uma alternativa segura para revenda de ingressos — algo que hoje acontece de forma desorganizada e informal.

O que vem a seguir

Para os próximos anos, a Ingresse planeja acelerar as aquisições e ampliar a atuação na Europa. Além disso, vai lançar um clube de fidelidade chamado Ingresse Club, que oferecerá benefícios exclusivos aos usuários mais recorrentes.

O objetivo é manter o crescimento acima de 50% ao ano e se posicionar como a principal plataforma de experiência ao vivo na América Latina e na Europa.

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