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Esta empresa chegou há 2 anos no Brasil e agora quer aportar R$ 100 milhões por aqui. O motivo: a IA

Thomas Collins, CEO global da Marlabs, fala com exclusividade à EXAME sobre as expectativas de expansão na América Latina, especialmente no Brasil, que pode alcançar o tamanho dos negócios na Índia

Thomas Collins, CEO global da Marlabs: Meu objetivo é dobrar nosso negócio global nos próximos três anos e o Brasil é a nossa porta de entrada para toda LATAM (Marlabs /Divulgação)

Thomas Collins, CEO global da Marlabs: Meu objetivo é dobrar nosso negócio global nos próximos três anos e o Brasil é a nossa porta de entrada para toda LATAM (Marlabs /Divulgação)

Publicado em 29 de março de 2024 às 06h30.

Última atualização em 9 de abril de 2024 às 16h19.

"Vamos investir até R$ 100 milhões no Brasil e na América Latina ao longo dos próximos dois anos com foco em inteligência artificial (IA)", diz Thomas Collins, CEO global da Marlabs, empresa americana de soluções tecnológicas em nuvem e IA.

O Brasil está na mira de grandes empresas de tecnologia e a Marlabs não quer ficar fora do jogo. Fundada em 1996, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, a Marlabs começou apostando em serviços de engenharia e desenvolvedores de software. Com o passar dos anos, a companhia definiu como principal negócio os serviços de nuvem, automação e IA.

“Nossa estratégia é inequívoca. A Marlabs está comprometida em fortalecer suas capacidades de dados e IA capacitando clientes nos setores de saúde, ciências da vida, bancário, telecomunicações e mídia a obterem uma vantagem competitiva no mercado”, diz Collins.

Um dos cases de sucesso da companhia, usando IA, foi desenvolver para uma grande empresa farmacêutica um sistema que automatizou a coleta de informações sobre a produção de testes de COVID-19, melhorando o controle de fabricação e demanda que era urgente no período. Outra solução tecnológica que a companhia ofereceu foi automatizar processos em finanças e contabilidade, como criação de um sistema automatizado para revisão de documentos que precisavam ser renovados e para cálculo de comissões, o que resultou em uma redução do tempo de processamento, menos esforço manual e erros humanos.

Com 2.500 funcionários e mais de 80 clientes ativos, a companhia possui escritórios nos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Índia e Brasil, sendo que o maior centro de logística está localizado na Índia. "Vemos no Brasil o potencial de um dia ser um polo do tamanho proporcional ao da Índia", afirma Collins.

Em entrevista durante visita ao Brasil, Collins comenta os desafios e as expectativas para a expansão do negócio no país. O objetivo dele é o de transformar o Brasil numa espécie de hub dos negoócios da Marlabs para a América Latina.

O que estimulou a Marlabs a investir no Brasil? 

A Marlabs já havia estabelecido operações comerciais no Brasil antes de adquirir a Monitora, em São Carlos (SP), em maio de 2023. Em 2022, a Marlabs selecionou a Monitora como um provedor estratégico de serviços nearshore (terceirização de serviços de TI de um país para outros vizinhos), para atender aos nossos clientes nos mercados norte-americanos.

O Brasil foi especificamente selecionado para a aquisição devido ao seu abundante pool de profissionais tecnicamente habilidosos proficientes em inglês, tornando-os adequados para o mercado de tercerização de serviços tecnolígicos. Além disso, a vasta presença global do Brasil oferece à Marlabs uma entrada para uma expansão adicional na América Latina. Os brasileiros são conhecidos por sua criatividade, inovação e espírito empreendedor, reforçando nossa confiança em investir no mercado brasileiro. Hoje, no Brasil, já contamos com 25 clientes e um time de 200 funcionários.

Quanto o Brasil representa hoje no faturamento global da companhia?

O Brasil representa hoje entre 3 a 5% do faturamento da companhia, entretanto, o Brasil é um polo importante de geração de receita para a Marlabs por meio do Nearshore.

Por meio da Monitora, que é a Marlabs no Brasil, somos capazes de atender clientes no mercado global gerando receita tanto onde o serviço é prestado quanto para o Brasil. Além disso, hoje o maior centro de delivery da Marlabs está na Índia, mas o potencial do Brasil permite que possa ser um polo de tamanho de equivalência proporcional ao da Índia.

Quanto planejam investir neste ano no Brasil?

Em relação aos detalhes do investimento, como uma empresa de capital fechado, mantemos a confidencialidade em relação aos valores da transação. No entanto, estamos empolgados em anunciar planos para o lançamento de um Experience Lab em São Paulo, com o objetivo de promover colaborações profundas em Dados, IA e Deep Tech. Antecipamos investir até R$ 100 milhões no Brasil e na América Latina ao longo dos próximos dois anos. Já para os próximos cinco anos, a empresa planeja triplicar de tamanho no país, alcançando uma receita de US$ 100 milhões.

Por que está visitando o Brasil neste mês? 

Meu objetivo principal é interagir tanto com clientes existentes quanto potenciais para discutir nossas parcerias estratégicas e colaborações em nosso plano de ação. Também estou entusiasmado em mostrar os ativos valiosos que desenvolvemos em nosso Centro de Excelência em IA.

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Como a IA fará parte da estratégia de expansão da Marlabs no Brasil? Quais são as metas ou resultados esperados com essa tecnologia no Brasil?

A IA tornou-se um componente integral da estratégia digital para empresas que buscam manter sua relevância no cenário em constante evolução de hoje. Juntamente com a Automação e a Inteligência de Dados, a IA atingiu um nível de capacidade que está prestes a remodelar completamente toda a cadeia de valor empresarial, especialmente no domínio da experiência do cliente.

Diante desse potencial transformador, temos investido firmemente em fortalecer nossas capacidades em Dados e IA. Nossa estratégia de IA é estruturada em torno de quatro pilares-chave: Preparação, Educação, Desenvolvimento e Operacionalização.

Com a Onebridge, empresa americana de análise de dados que agora faz parte da família Marlabs, fortalecemos nossa expertise nos setores de Ciências da Vida (LifeScience) e Saúde, servindo com orgulho quatro das dez principais empresas de LifeScience globalmente. Além disso, estamos colaborando com um importante provedor de saúde dos EUA para estabelecer seu Centro de Excelência em IA, com o objetivo de impulsionar a previsibilidade e fomentar o crescimento da receita.

Nossos esforços operacionais em IA e ML abrangem uma ampla gama de projetos, incluindo previsão de demanda, otimização de estoque, integração de dados de ponto de venda, avaliações de admissão de candidatos, detecção de anomalias em tempo real nas operações e identificação de discrepâncias em relatórios de ensaios clínicos.

A Onebridge foi adquirida pela Marlabs em janeiro de 2024 e agora representa aproximadamente um quarto da receita total da Marlabs. O que esperam com essa parceria?

O que é especialmente notável é que toda a receita da Onebridge é derivada de serviços de Dados e IA. Esta aquisição estratégica se alinha perfeitamente com as ambições de expansão global da Marlabs. Meu objetivo é dobrar nosso negócio nos próximos três anos, impulsionado tanto pelo crescimento orgânico quanto por aquisições estratégicas.

Na Onebridge, descobrimos uma riqueza de expertise em domínio complementada por um compromisso robusto em fomentar relacionamentos com os clientes. Durante uma visita recente à Índia em fevereiro passado, tive o privilégio de me encontrar com um dos clientes da Onebridge em Bangalore. Para minha grande satisfação, o cliente se referiu à equipe da Onebridge como "lendas" dentro de sua organização, especialmente renomada por sua habilidade em superar desafios relacionados a dados. Esta é a reputação e o sentimento dos clientes que almejo que a Marlabs encarne em todos os nossos relacionamentos com clientes.

Em quais países da América Latina a Marlabs irá investir nos próximos anos?

Isso não está definido ainda. O primeiro passo foi abrir o Brasil, consolidar como polo nearshore e investir para expandir aqui.

Brasil é nossa porta de entrada para toda LATAM também, daqui chegamos mais fáceis a clientes dos países vizinhos, entretanto, pesquisamos como opção crescer por aquisição também, procurando atender o mercado de língua espanhola da América Latina.

Estamos avaliando países como Argentina, Chile e Colômbia, mas ainda não temos isso definido. Além da América Latina, também avaliamos empresas na Europa. Nosso foco é fazer aquisições estratégicas do ponto de vista da região, mas também procuramos empresas que, além de estarem alinhadas aos nossos valores e excelência na entrega, possam ajudar a ampliar nossas capacidades e expertise em setores novos.

Qual é a expectativa quanto ao faturamento no Brasil este ano?

Como uma empresa de capital fechado, mantemos confidencialidade em relação aos nossos números de receita. No entanto, estamos otimistas quanto ao nosso robusto pipeline e antecipamos oportunidades de crescimento substanciais nos setores de Dados e IA nos próximos meses. Nosso recente sucesso em garantir um contrato de dados multimilionário e de vários anos nos EUA reafirma minha confiança de que nossa direção estratégica está no caminho certo.

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