Victor Cavalcanti, Henrique Lima, Lucas Bastos e Vitor Reis, da Infleet: empresa cresce 150% por ano (Infleet/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 24 de maio de 2024 às 09h47.
Engenheiro mecânico formado na Universidade Federal da Bahia, Victor Cavalcanti trabalhava com gestão de equipamentos quando decidiu empreender. Tentou identificar um mercado com demanda em alta e que, de certa forma, já fazia relação com o cargo que exercia. Por ali, muitas vezes precisava fazer o transporte de equipamentos e lidava diretamente com a gestão de frota da empresa.
“Eu percebi que tudo era muito descentralizado”, diz. “Muitas vezes os carros não tinham rastreadores, os caminhões andavam com poucas informações, o índice de acidentes era alto. E tudo era feito numa planilha do Excel”.
Cavalcanti decidiu voltar à faculdade, então. Não para estudar, mas para chamar três colegas para empreenderem juntos.
Foi assim que surgiu a Infleet, em 2018. A empresa é uma startup que faz a gestão de frotas e ajuda motoristas e empresas com dados sobre transporte, análise de riscos e de custos e segurança.
Na prática, a empresa tem um dashboard onde as companhias conseguem acompanhar informações sobre seus veículos, sejam eles carros, motos ou caminhões. Além disso, contam com um dispositivo que fica instalado dentro do veículo e que, com sensores e câmeras, dá alertas em tempo real ao motorista.
“A câmera no dispositivo é abastecida com um sistema de inteligência artificial que olha se o motorista apresenta comportamento sonolento, ou se está fumando, ou se está muito perto do veículo da frente, por exemplo”, diz Cavalcanti. “A partir disso, o dispositivo emite um alerta para o motorista e para a empresa”.
Com cerca de 550 empresas clientes, a empresa agora se prepara para expandir. Para isso, acaba de concluir uma rodada de captação de investimentos de 10 milhões de reais.
O aporte foi liderado pela Indicator Capital, gestora com foco em deep tech (IoT), além de participação dos investidores atuais, DOMO.VC, por meio do Fundo Anjo, com 2 milhões de reais, e CV Idexo, corporate venture capital da TOTVS, com 3 milhões de reais.
Os recursos serão aplicados no desenvolvimento de Internet das Coisas e Inteligência Artificial (IA), bem como no aprimoramento das suas soluções que proporcionam redução de acidentes, poluentes e diminuição de custos com combustível e manutenção de veículos.
Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal Exame EmpreendaCom essa solução, a Infleet mira um mercado potencial de 11 milhões de veículos no Brasil. Essa é a quantidade de frotas corporativas no país -- e todas estão no radar da startup.
“Desses 11 milhões, só, 2 milhões são de transportadoras”, afirma Cavalcanti. “Atendemos todo mercado. Empresas de engenharia, empresas de ônibus, tudo. Se tem veículo, pode ser cliente da Infleet”.
Dos 550 clientes que a empresa tem hoje, alguns contam com quatro veículos, outros com 1.000. A empresa fatura cobrando uma taxa mensal de uso por veículo. O faturamento, porém, não é informado. A taxa de crescimento é de 150% ao ano. A ideia é chegar ao fim deste ano com mais de mil clientes.
Boa parte da grana que entrou agora será usada para o desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das já existentes.
Uma delas é, justamente, o dispositivo de vídeo telemetria com IA, uma solução que reduz em 80% os comportamentos de risco de motoristas, como uso de celular, sonolência e distrações, levando a uma diminuição de 60% na ocorrência de sinistros com a frota.
“A análise da condução e comportamento dos motoristas combatem acidentes e também desperdícios, como o consumo de combustível e pneus”, diz o CEO.
É justamente por causa desse dispositivo que a startup chamou a atenção da gestora Indicator Capital.
“A Infleet se encaixa perfeitamente na tese do Fundo 2, pois utiliza sensores e câmeras assim como inteligência artificial para auxiliar e melhorar o desempenho dos gestores de frotas”, diz Thomas Bittar, cofundador da gestora. “A oportunidade e o potencial no mercado brasileiro são enormes. São 11 milhões de veículos comerciais, e apenas uma pequena parte aplica tecnologias de monitoramento”.
No fundo 2, são 330 milhões de reais investidos em startups.