(Loovi/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 26 de dezembro de 2023 às 08h02.
Com o fim do ano se aproximando, surge a inevitável reflexão sobre o que manter e o que renovar (na vida e no trabalho) para o próximo capítulo. É a hora que muita gente reserva para entender o que realmente é importante e faz sentido, e o que já pode ser liberado para que novas experiências cheguem.
Mas desapegar, nos negócios, não é tarefa fácil. Para alguns empreendedores, abrir mão de alguma ideia ou de algum projeto que já não faz sentido requer força de vontade e muita coragem.
Para o mineiro Quézide Cunha, o desapego foi fundamental para chacoalhar a vida e dar uma guinada em sua carreira.
Ele era sócio da maior distribuidora independente de Bíblias da América Latina, a Ômega Distribuidora, mas tirou um ano sabático e resolveu trocar de negócio.
Hoje, é sócio e fundador da Loovi, uma empresa de seguros automotivos para as classes C, D e E. O negócio, criado em 2019, acaba de captar 45 milhões de reais pela Marçal Holding, do influenciador digital Pablo Marçal, e Oliveira Participações, com assessoria do escritório de advocacia Mello Torres.
O valor captado será usado em:
Quézide vem de uma família humilde de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais. Aos 14 anos, conquistou o primeiro emprego como estoquista em uma livraria evangélica. Três anos depois, virou subgerente da empresa em outra cidade e foi sendo promovido até comprar parte dela e tornar-se sócio majoritário.
Na liderança da Ômega, transformou o negócio num modelo de atacarejo e investiu na produção própria de títulos e outros artigos religiosos, como óleos para unção.
“Fui o maior vendedor de Bíblia da América Latina, fiz umas dezenas de milhões de reais, e me tornei quem eu queria ter me tornado, que é uma pessoa próspera”, diz. “Mas percebi que o que tinha me levado até aí não me levaria mais adiante, e tomei a decisão de fazer meu sabático e pensar num novo negócio”.
Ta aí o desapego que falamos no início da reportagem.
Em 2015, ele se desligou da empresa e tirou um ano sabático em que fez viagens e estudou novos mercados, pensando qual negócio poderia desenvolver. Se interessou por dois. Um na área hospitalar e outro no setor de seguros. Escolheu a segunda opção.
“Me surpreendi quando soube que 73% do mercado automotivo não tinha seguro e quis estudar mais sobre”, afirma.
Uma das primeiras coisas que Cunha estudou quando decidiu investir no setor foram as associações de proteção veicular, em que pessoas se associam para ter benefícios de seguro, mas sem regulação da Superintendência de Seguros, a Susepe.
“Eu percebi que esse negócio estava ganhando escala e que eles tinham conhecimentos que talvez as seguradoras não queriam enxergar”, diz. “Eles conseguem humanizar a experiência, ter um cuidado mais pessoal e com uma comunicação mais direta”.
Foi assim que tomou a decisão de usar essas estratégias para uma empresa de seguros, mesmo. Prêmio e apólice, por exemplo, foram palavras cortadas do dicionário. “O brasileiro de classe média nunca teve seguro e não sabe o que é um prêmio. É o valor do seguro”.
Além desse aprendizado com as associações, Cunha focou muito em tecnologia. Passou um tempo na China estudando o mercado de seguros no país e como eles usavam a digitalização para baratear produtos.
"No final das contas, a gente vende seguro, como todas as outras corretoras de seguros. Seguro completo, furto e roubo, assistência 24 horas, seguro contra colisão, proteção contra vidros", diz Cunha. "Acontece só que fazemos de uma forma diferente, bem mais simples, pelo aplicativo, rapidamente, e com uma experiência que fala mais com as classes C, D e E”.
A simplicidade que Cunha fala está, por exemplo, no processo. Para definir o seguro, a Loovi sequer pede a placa do veículo antes do pagamento. Ela já processa a compra e depois vai fazendo a busca pelos dados enquanto o pagamento está sendo processado. Isso facilita e agiliza o negócio.
O aplicativo da empresa também faz acompanhamento mais preciso de possíveis sinistros com o carro, o que dá mais assertividade no preço. Também tem a opção de personalizar o que quer que o seguro cubra, para deixá-lo mais acessível aos bolsos.
"Carro rebaixado tem vez na Loovi, carro de leilão, carro menosprezado nas grandes companhias, todos eles têm vez na Loovi”, diz Cunha.
Com mensalidades que partem de 89,90 reais, o plano básico da Loovi contempla assistência 24 horas, carro reserva e pagamento de 100% da tabela Fipe em caso de furto ou roubo. O usuário pode acrescentar serviços extras como seguro contra batidas e fenômenos naturais, assistência para troca ou reparo de vidros.
A meta do empresário é faturar 360 milhões de reais até 2025. Hoje, eles já atendem 2.000 municípios no país.
O investimento de agora não será somente de capital. Além dos 45 milhões de reais, Cunha entende que a entrada desses novos parceiros também ajudará no desenvolvimento do negócio pelo conhecimento dos investidores. É o conhecido smart money. "O parceiro é um expert em tecnologia, em mídias digitais, em lançamentos digitais", afirma. "Certamente vai ajudar muito no nosso negócio".
Na parte de capital, o cheque entrará para:
“A Loovi tem uma força digital muito significativa, mas temos explorado bastante a captação de executivos de vendas e corretores de seguro para a expansão no mercado brasileiro", diz. "Um dos planos é aprimorar nossa plataforma com a criação de um portal exclusivo para os corretores. Esperamos que no início do ano que vem essa ferramenta já esteja disponível”.
Também está nos planos da insurtech somar a sua carteira mais de 100.000 novos segurados, sendo que em números atuais, mais de 82% deles nunca tiveram seguro antes.