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Essa empresa viralizou no TikTok — e agora despenca na bolsa

Empresa canadense viu suas ações caírem 15% após admitir perda de inovação e impacto das tarifas dos EUA

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 14h08.

A Lululemon, marca canadense que alcançou sucesso global com sua calça legging para ioga e roupas esportivas, viu suas ações despencarem na Nasdaq, em Nova York, após divulgar os resultados do segundo trimestre.

Na última quinta-feira, 4, os papéis da empresa caíram mais de 15% no after market. No pré-mercado desta sexta-feira, 5, recuavam quase 20% por volta das 10h10 (horário de Brasília).

O próprio CEO da empresa, Calvin McDonald, reconheceu que a marca perdeu seu “fator surpresa”. Em teleconferência com investidores, ele afirmou que alguns ciclos de produtos se estenderam demais e os consumidores deixaram de reagir às novidades.

“Nos tornamos previsíveis demais em nossas ofertas casuais e perdemos oportunidades de criar novas tendências”, disse. Segundo ele, a proporção de novos estilos lançados subirá dos atuais 23% para cerca de 35% até a próxima primavera no hemisfério norte.

Receita cresce, mas lucro recua

No trimestre encerrado em julho, a Lululemon registrou receita líquida de US$ 2,5 bilhões, alta de 7% na comparação anual, mas levemente abaixo das projeções de analistas. O lucro, por sua vez, caiu 5,6%, para US$ 370 milhões.

Além disso, a companhia reduziu suas projeções para o ano fiscal, esperando lucro por ação entre US$ 12,77 e US$ 12,97, abaixo da previsão de analistas de US$ 14,45.

A receita anual deve ficar entre US$ 10,85 bilhões e US$ 11 bilhões, contra estimativa de US$ 11,18 bilhões. As margens também recuaram: a bruta caiu para 58,5% e a operacional para 20,7%.

Além da estagnação das linhas de produtos, a empresa tem enfrentado um cenário macro mais desafiador. McDonald citou a queda no consumo de roupas esportivas, a maior seletividade dos clientes e o impacto das tarifas de Donald Trump nos EUA. Segundo ele, as barreiras comerciais devem reduzir o lucro anual em US$ 240 milhões.

Críticas e estratégia de virada

A estratégia da Lululemon também tem recebido críticas de analistas. Em relatório, o banco Jefferies afirmou que a companhia corre o risco de se tornar uma marca de apelo massificado, semelhante à Gap, ao apostar em coleções com cores “exageradas” e grandes logos.

O estudo destacou ainda o excesso de promoções: mais de mil itens estariam em liquidação no site da varejista, sinal de dificuldades para escoar estoques.

Para reverter o quadro, a empresa pretende acelerar lançamentos, renovar peças icônicas e reduzir o peso dos descontos. “Temos uma marca que as pessoas amam, com clientes extremamente fiéis que respondem bem a novos estilos e inovação”, disse McDonald.

O império da legging

Fora do balanço mais recente, a Lululemon já havia celebrado um marco que ajuda a explicar sua fama global. Em comunicado de maio, a empresa informou que a linha Align, criada para a prática de ioga, superou a marca de US$ 1 bilhão em receitas acumuladas desde o lançamento, há dez anos.

O feito consolidou a imagem da Lululemon como símbolo de inovação em roupas esportivas — e hoje expõe o contraste com o atual momento de desgaste do negócio.

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