Negócios

Esta empresa usou ChatGPT para criar licor, gin e vodca. Agora, projeta faturamento de R$ 10 milhões

A Ghizoni Bebidas, criada em 2019, está lançando e repaginando o portfólio de bebidas com o uso de inteligência artificial generativa; empresa prevê crescimento superior a 500%

Bruno Ghizoni, da Ghizoni Bebidas: a inteligência artificial te dá uma série de informações de como evoluir esses produtos, substituir ingredientes e reduzir custo (Ghizoni Bebidas/Divulgação)

Bruno Ghizoni, da Ghizoni Bebidas: a inteligência artificial te dá uma série de informações de como evoluir esses produtos, substituir ingredientes e reduzir custo (Ghizoni Bebidas/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de maio de 2023 às 17h47.

Última atualização em 22 de maio de 2023 às 21h00.

A explosão da inteligência artificial generativa a partir do ChatGPT, da Open AI, caiu como uma luva na trajetória da Ghizoni Bebidas. A empresa foi criada em 2019 e chegou ao mercado com um único produto, a whiskila, uma bebida que combina Whisky e tequila.

O estalo para o drink inusitado veio de uma viagem que Bruno Ghizoni fez ao México. Entre os drinks que conheceu, uma versão que mistura whisky e tequila, símbolos dos Estados Unidos e México, respectivamente, atraiu a atenção do profissional. Na fronteira entre os países do norte do continente americano, a junção dos dois destilados carrega a narrativa de igualdade.

De volta ao Brasil, ele decidiu transformar o drink em uma bebida e investir no mercado de bebidas, uma trajetória que a sua família já tinha percorrido tempos atrás com o universo de vinhos.

Com um time de especialistas, iniciou o trabalho para criar algo palatável. “O gosto era muito ruim”, afirma Ghizoni, fundador e CEO. Nove meses depois, o produto estava pronto para ir às ruas, mas encontrou resistência.

A simples informação de que a bebida unia whisky e tequila já deixava o cliente com o pé atrás, com o receio de ser forte demais. Como estratégia, a empresa investiu em bartenders para posicionar o produto e em distribuidores independentes para levar pelo país.

O negócio cresceu lentamente ao longo dos últimos três anos. Nos doze meses em 2022, o faturamento ficou em cerca de R$ 1,5 milhão. Já a estimativa para este ano está em torno dos R$ 10 milhões, alta superior a 500%.

Como que o ChatGPT está impactando a Ghizoni

A transformação da empresa parte de uma nova união de forças. Publicitário de formação, Ghizoni se enveredou pela área de inovação, passou por consultorias e liderou fundos de venture capital, como o Portbank Capital e o Nerd Ventures. É também professor de inovação da FIA-USP.

Foi logo depois da venda da participação no Portbank que, capitalizado, decidiu empreender com a Ghizoni Bebidas.  Na experiência, ele teve contato com vários laboratórios e conheceu duas tecnologias:

  • A cromatografia gasosa, técnica que permite analisar as moléculas presentes em cada produto de forma precisa e identificar a proporção exata dos ingredientes
  • A espectrometria de massa, método que analisa determinada substância e aponta os elementos que ela forma

No ano passado, um amigo de um laboratório farmacêutico permitiu que a Ghizoni usasse as tecnologias para fazer estudos relacionados ao universo das bebidas.

Faltava um terceiro elemento, a inteligência artificial generativa. Com o uso do ChapGPT, a empresa combinou as informações para identificar quais itens podem substituir os ingredientes do Whiskila e também de bebidas de marcas de concorrentes no mercado.

“Ele te dá uma série de informações de como você consegue evoluir esses produtos, substituir ingredientes e conseguir reduzir custo mantendo a qualidade ou melhorando”, afirma Ghizoni.

Além disso, o profissional conta que antes o processo era muito mais braçal. Em uma experiência para desenvolver um licor próprio, a empresa ficou emperrada por meses com uma dificuldade de solubilizar a bebida. Quanto perguntou à AIG, a resposta veio rápida e certeira.

Quais o futuro do negócio

O primeiro teste da empresa foi a produção de um licor, batizado de Licor whiskila. Com a boa aceitação, o uso da tecnologia ganhou escala com o lançamento da gin e a vodca, dentro da Majestic, uma linha inspirada em opções líderes de mercado. Os três já respondem por 70% do faturamento deste ano, em torno de R$ 5,5 milhões.

A Whiskila, primeiro produto da empresa, também será transformada. A bebida assumirá a forma de um whiskey com agave, uma forma de driblar as restrições e os problemas com a importação de insumos do México. A agave tem no Brasil um dos principais produtores, principalmente nos estados da Bahia e da Paraíba.

A partir da "leitura" do produto que a Ghizoni tem no mercado, a AIG propôs o ingrediente em substituição ao importado e o caminho a ser empregado para obter o melhor resultado.

 A empresa também tem outros produtos em testes. Na lista, estão:

  • licores
  • gins com sabores
  • whisky

Os produtos têm chegado a preços competitivos, em torno de R$ 50,00, e dialogam com um público que a empresa chama de “pós-universitários”. Entre os principais mercados, estão São Paulo, Goiás, Espírito Santo e Goiás.

Um próximo passo na estratégia é entrar em grandes redes atacadistas e de fornecedores. Com sede administrativa em Tubarão, Santa Catarina, a Ghizoni tem buscado se aproximar dos supermercadistas da região.

EXAME libera vagas para curso de inteligência artificial aplicada aos negócios

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialChatGPTbebidas-alcoolicas

Mais de Negócios

38 franquias baratas a partir de R$ 4.990 para trabalhar em cidades pequenas (e no interior)

Quais são os maiores supermercados do Rio Grande do Sul? Veja ranking

Brasileiro mais rico trabalhou apenas um ano para acumular fortuna de R$ 220 bilhões

Quais são os maiores supermercados do Nordeste? Veja quanto eles faturam