Igor Ripoll, CEO da SEK: presença no Brasil ainda é tímida, mas a empresa quer reverter esse cenário
Repórter
Publicado em 12 de setembro de 2025 às 08h58.
Última atualização em 12 de setembro de 2025 às 09h44.
Não é só a Oracle que teve uma última boa semana. Enquanto as ações da empresa de Larry Ellison subiam mais de 30% em um dia (e o CEO ultrapassava Elon Musk na lista de mais ricos do mundo), uma empresa de cibersegurança com raízes brasileiras anunciava a segunda aquisição em um mês — e agora, ela mira o primeiro bilhão.
A SEK, empresa formada por aquisições e liderada por um ex-Oracle, anunciou nesta semana a compra da Dreamlab Technologies Latam, unidade regional da suíça Dreamlab, especializada em resposta a incidentes, serviços ofensivos e consultoria estratégica.
Com isso, a SEK deve encerrar 2025 com mais de R$ 1 bilhão em receita global — uma estimativa ambiciosa, mas que reflete o ritmo de consolidações da empresa nos últimos dois anos.
No início do mês, a SEK anunciou a compra da brasileira Netbr, de ferramentas em identidade e acesso. As duas companhias serão integradas à operação local da SEK e passarão a atuar sob a mesma marca.
A estratégia de aquisições responde a um desafio comum no setor: a fragmentação dos fornecedores.
"Uma empresa média pode ter mais de 40 parceiros de segurança. Isso gera vulnerabilidades. Nosso papel é unificar essa oferta com escala, governança e confiabilidade", diz Igor Ripoll, CEO da SEK.
Formado em engenharia mecatrônica, o baiano criado em Brasília iniciou a carreira na Microsoft, onde passou por vendas indiretas e consultoria. Migrou depois para a Oracle, onde ocupou cargos de direção e passou cinco anos na área de vendas. "A Oracle foi uma escola de vendas e de valor. Ali eu aprendi a traduzir soluções técnicas em resultados de negócio", diz.
Criada em 2021 pelo fundo Pátria, a SEK é uma empresa de cibersegurança formada por aquisições. Começou com a chilena NeoSecure e a brasileira Proteus, mas levou tempo para integrar as operações. À época, cada país atuava de forma isolada, com catálogos e equipes diferentes.
A missão de unificar os processos coube a Ripoll, ainda como CRO. O executivo comandava a receita da SEK quando a companhia iniciou a nova fase. Em 2024, assumiu o cargo de CEO e, desde então, vem liderando um plano de aquisições para ampliar a atuação da empresa, que já tem presença relevante no Chile, Argentina, Peru e Colômbia.
A presença da SEK no Brasil ainda é tímida, mas a empresa quer reverter esse cenário. Por isso, busca mais aquisições locais e mira setores com maior demanda por proteção digital, como bancos e fintechs. "Identidade digital é um dos maiores vetores de risco hoje. Por isso já era a área que mais crescia antes da Netbr", afirma.
A aquisição da Dreamlab adiciona uma equipe especializada em resposta a incidentes e negociação de resgate em casos de ransomware, com experiência em pagamentos em bitcoin e atuação na deep web.
"Queremos ser o conselheiro de confiança em cibersegurança. Nossos contratos estão ficando maiores, os projetos mais estruturais", afirma Ripoll. Segundo o executivo, a empresa acaba competindo com gigantes como Accenture, Deloitte e NTT.
A empresa também aposta em serviços considerados ofensivos, como ethical hacking ("hack ético"), que simulam ataques para testar a resiliência de sistemas.
A prática, além de identificar vulnerabilidades técnicas, tem ajudado a convencer executivos sobre os riscos reais de exposição. 95% dos ataques bem-sucedidos simulados pela SEK exploram falhas em credenciais e permissões de acesso.
“Muitas lideranças ainda subestimam o impacto de um ataque até verem na prática como suas estruturas podem ser invadidas. O teste controlado vira um argumento poderoso”, diz Ripoll. Para ele, é uma forma de transformar a segurança digital em pauta de negócio — não apenas de TI.