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Essa empresa criou uma "amiga artificial" para você conversar no WhatsApp e praticar inglês

Empresa quer faturar 1,2 milhão de reais e já planeja outros 11 "amigos" para praticar outros idiomas, como alemão e japonês

Guilherme Seabra, da Kokedama AI Studio: "“O foco é a parte de praticar, não de ensinar o idioma” (Andre Fontes / Emily IA/Divulgação)

Guilherme Seabra, da Kokedama AI Studio: "“O foco é a parte de praticar, não de ensinar o idioma” (Andre Fontes / Emily IA/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 8 de julho de 2024 às 08h59.

Última atualização em 11 de julho de 2024 às 16h17.

Você está tomando seu café da manhã quando seu WhatsApp apita com uma nova mensagem. Não é um colega de trabalho ou um familiar, mas Emily, uma “amiga” criada por inteligência artificial.

A mensagem, em inglês, pergunta sobre como será o seu dia ou sobre como foi sua noite. Você responde no mesmo idioma, e se cometer algum erro ou não souber uma palavra, Emily está lá para corrigir e ajudar.

Emily é o nome da personagem criada pela empresa Kokedama AI Studio para ajudar brasileiros a praticarem inglês.

Segundo dados do British Council, apenas 1% da população brasileira é fluente em inglês, o que destaca a enorme demanda por soluções que facilitem o aprendizado do idioma.

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A empresa, fundada pelo paulista Guilherme Seabra, quer incentivar mais pessoas que já saibam um pouco sobre o inglês a praticarem ainda mais o idioma. 

"Hoje, só consegue praticar inglês diariamente quem trabalha numa empresa estrangeira ou quem mora fora do Brasil", diz. "É aí que surge a Emily. Basicamente, ela foi desenvolvida para ter as características de uma amiga. A personalidade dela não é professoral. Ela está ali para te ouvir e te estimular a falar mais. Dificilmente ela deixa a peteca cair. Ela deixa novo assunto, ela vai estimulando. Pode conversar por WhatsApp, por texto e voz".

Com a assistente Emily - e com outras personagens de outros idiomas que a empresa espera lançar até o final do ano -, a Kokedama quer faturar 1,2 milhão de reais em 2024. 

Qual é a história da Emily

Guilherme Seabra é sociólogo por formação, mas construiu sua carreira no mundo dos produtos digitais. Após uma experiência significativa em empresas como Itaú, Easyinvest e Nubank, ele decidiu se aventurar no empreendedorismo com foco em inteligência artificial. 

O primeiro negócio foi uma plataforma de engajamento para redes sociais. O negócio não deu certo. Entre mudar a operação ou criar uma nova, Seabra escolheu a segunda opção. E passou a olhar cada vez mais para a queridinha do momento: a inteligência artificial. 

Juntamente com uma equipe enxuta, mas especializada, ele criou a Kokedama AI Studio e desenvolveu a Emily. 

A ideia era simples: usar IA para criar uma ferramenta de prática de idiomas que fosse acessível e eficaz. A escolha do WhatsApp como plataforma foi estratégica, dada a sua popularidade no Brasil.

Dados da Meta, empresa mãe do WhatsApp, indicam que o Brasil possui 197 milhões de usuários da plataforma, consolidando-se como o segundo maior mercado global.

Como funciona a Emily

Emily é alimentada por um sistema de inteligência artificial baseado no GPT-4, da OpenAI, gigante do setor com um faturamento que passa dos 3 bilhões de dólares. 

Isso permite que ela mantenha conversas naturais e fluidas com os usuários, seja por texto ou por áudio.

A assistente virtual também envia mensagens ativamente, a cada dois dias, para estimular a prática contínua, abordando novos assuntos e incentivando a participação.

“O foco é a parte de praticar, não de ensinar o idioma”, diz Seabra. 

A personagem, que até tem personalidade e moradia (ela vive no Canadá), trabalha sob três níveis de expertise de inglês do usuário: o básico, o intermediário e o avançado. De acordo com cada categoria, a conversa pode ser mais ou menos densa e complexa. 

“Mas já se pressupõe que exista um inglês básico, e esse é um ponto importante: não somos substituição de escolas e professores de idiomas”, afirma. 

Aliás, parte da receita da Emily deve vir da venda da tecnologia para as escolas de idioma, que poderão ofertar o produto para seus alunos, inclusive numa ferramenta White Label (usando a marca e o nome do personagem que quiser). 

Para usar a Emily, o usuário final paga uma mensalidade de 49,90 reais. Há desconto num plano anual. 

Para o futuro, novos personagens e novos idiomas

Para o próximo ano, a Kokedama AI Studio projeta um faturamento de 1,2 milhão de reais, com uma grande parte proveniente da Emily e de outras assistentes planejadas para diferentes idiomas.

“Estamos desenvolvendo a Anna, que ajudará os usuários a aprender alemão, e planejamos lançar assistentes para vários outros idiomas até o final do ano”, revela Seabra.

A expectativa é que 12 personagens e idiomas estejam em operação até o final de 2024. “Fizemos estudos dos idiomas que farão mais sentido para desenvolvermos, como japonês, russo e holandês”. 

Os preços para os outros idiomas irão variar conforme a demanda de cada língua, o que também deve ajudar na receita final.

“Embora o breakeven seja um objetivo financeiro importante, nosso foco total e absoluto está em tornar cada um dos amigos uma ferramenta relevante, com crescimento considerável de usuários, confiando que tais resultados conduzirão à sustentabilidade financeira a médio prazo”, diz Felipe Macedo, cientista da computação e responsável pela gestão da Emily AI.

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