Oi: 12 meses depois do maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil, ainda não há nenhuma solução à vista (Facebook/Oi/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2017 às 16h51.
São Paulo - Há um ano em recuperação judicial, a Oi reforça para o restante do mundo como o Brasil é um lugar perigoso até mesmo para os investidores mais experientes.
Nas duas décadas que se passaram desde sua privatização, a gigante das telecomunicações foi forçada a realizar aquisições desastrosas e se transformou em um depósito para a dívida de seus acionistas controladores.
A empresa foi utilizada pelo governo do Brasil para implementar medidas de cunho político e submetida a regulamentações que a deixaram sem caixa.
Agora, 12 meses depois do maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil, ainda não há nenhuma solução à vista.
Os investidores que hoje avaliam apostar na Oi deveriam estudar a história da operadora para compreender como pequenos grupos de acionistas e um governo interventor podem alterar drasticamente o destino de uma empresa brasileira.
Acionistas sem direito a voto que apostaram na Oi viram evaporar quase US$ 10 bilhões em valor de mercado sem que pudessem fazer nada enquanto uma minoria com poder de voto dilapidava o potencial de uma enorme rede de fibra óptica espalhada por um país maior que o território continental dos EUA.
“Até mesmo antes de ela nascer, a Oi foi saqueada pelos acionistas controladores”, disse Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), que defende os direitos dos acionistas minoritários e conta com gestores de recursos como Will Landers e Luis Stuhlberger em seu conselho consultivo.
“Ainda estamos esperando que alguém seja responsabilizado.”
Afogada em uma dívida de US$ 19 bilhões, a única operadora de telecomunicações nascida no Brasil está lutando para chegar a um acordo com credores, acionistas e possíveis investidores.
Dois planos de reestruturação, um em setembro e outro em março, foram rejeitados pelos detentores de títulos.
Possíveis investidores, como a Elliott Management, de Paul Singer, e o bilionário egípcio Naguib Sawiris, estão rondando a companhia, oferendo uma injeção de capital em troca da oportunidade de assumir as rédeas.
Já o investidor Nelson Tanure amealhou uma participação de 7 por cento na Oi e demonstrou como é fácil ganhar poder com uma fatia pequena, controlando duas das 11 cadeiras da diretoria.
“Houve uma série de equívocos, entre os quais aquisições erradas, má gestão e carência de investimentos. Mas essa fase pertence ao passado”, disse Tanure, cujo fundo Société Mondiale é o segundo maior acionista da Oi.
“Bem administrada, com investimentos saudáveis e as alianças corretas, a Oi voltará a ter o destaque no mercado que nunca deveria ter perdido.”
Fez um ano na semana passada que a Oi pediu proteção judicial contra seus credores. A Oi está analisando outra revisão de seu plano de reestruturação com o objetivo de realizar a assembleia geral de credores até setembro.
Se as partes chegarem a um acordo sobre um plano -- o que ainda é uma grande dúvida --, quem ficar no comando deverá tomar decisões que beneficiem todos os lados da equação.
Como a Oi não paga dividendos há três anos, agora todas as ações têm direito a voto. Mas a empresa ainda poderia ser suscetível aos caprichos de uma minoria preocupada com seus próprios interesses.
“É muito barato comprar o controle da Oi hoje”, disse Raphael Martins, sócio do escritório de advocacia Faoro & Fucci, no Rio de Janeiro, que defendeu os direitos dos acionistas minoritários na Oi. “Se uma reestruturação conseguir reduzir a dívida da companhia a níveis razoáveis, será um ótimo investimento.”