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Lava Jato causa recuperação judicial da Lupatech

O escândalo de subornos fez uma nova vítima: a Lupatech diz que não recebe pagamentos desde dezembro e pode estar a caminho da liquidação


	Lupatech: liquidação da empresa provocaria um grande prejuízo aos investidores e deixaria 2.300 funcionários sem trabalho
 (Germano Lüders/EXAME)

Lupatech: liquidação da empresa provocaria um grande prejuízo aos investidores e deixaria 2.300 funcionários sem trabalho (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2015 às 18h02.

O escândalo de subornos que está minando a companhia petrolífera estatal do Brasil fez uma nova vítima, provocando a recuperação judicial da Lupatech SA apenas oito meses após a reestruturação da dívida da empresa.

Embora continue produzindo válvulas, cordas e outros equipamentos que a Petrobras necessita para operar suas sondas de perfuração, a Lupatech diz que não recebe um centavo em pagamentos desde dezembro.

Analistas preveem que a empresa de serviços petrolíferos, que obtém 85 por cento de suas receitas com vendas à Petrobras, pode estar a caminho da liquidação, provocando um grande prejuízo aos investidores e deixando 2.300 funcionários sem trabalho.

“Eu não sei o que mais a Lupatech pode pedir aos seus investidores além de paciência”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage LLC em Miami. “A liquidação é um risco muito sério”.

A Petrobras foi acusada pela primeira vez há mais de um ano de exigir propinas em troca de contratos de serviço.

O pedido de recuperação judicial da Lupatech é um sinal de que a totalidade das repercussões ainda é desconhecida, mesmo que as ações e bonds da produtora estejam se recuperando das maiores baixas dos últimos 12 anos.

Pelo menos outras quatro grandes empresas cujas receitas dependem da Petrobras -- incluindo a OAS SA -- decretaram default sobre suas dívidas ou entraram com pedido de recuperação judicial.

‘Grandes escândalos’

“Qualquer um que dependa muito da Petrobras vai se machucar”, disse David Tawil, fundador do fundo hedge Maglan Capital em Nova York. “Sempre há um efeito-dominó desses grandes escândalos”.

A Lupatech não respondeu aos e-mails e telefonemas em busca de comentários sobre a alegação de que está a caminho de uma liquidação e a Petrobras não comentou se está retendo os pagamentos devidos à empresa.

A produtora de petróleo disse que está cumprindo todas as suas obrigações contratuais.

O escândalo de corrupção na Petrobras surgiu em março do ano passado, quando a polícia prendeu um ex-diretor de refino e o acusou, em documentos judiciais, de um conluio com um conhecido doleiro brasileiro para esconder ou distribuir propinas como parte de um plano para inflar contratos de construção.

O dinheiro, segundo o Ministério Público Federal, foi usado para financiar campanhas e subornar políticos. A Lupatech não foi acusada de nenhum envolvimento nos esquemas.

A Lupatech teve problemas antes mesmo do surgimento do escândalo de subornos.

A empresa com sede em Caxias do Sul foi criada em 1980 para fornecer equipamentos à Petrobras e realizou 17 aquisições entre 2007 e 2010, prevendo que as descobertas massivas na costa brasileira impulsionariam a demanda.

Queda do petróleo

Em vez disso, a receita ficou abaixo das expectativas no início de 2009 porque a queda dos preços do petróleo desencorajou a perfuração de novos poços e a Petrobras enfocou em programas de exploração que não exigiam os produtos e serviços da Lupatech.

Em outubro, a Lupatech concluiu uma reestruturação voluntária, convertendo 85 por cento de sua dívida de R$ 1,1 bilhão (US$ 345 milhões) em ações. Isso transformou o BNDES em seu maior acionista, com uma participação de 31 por cento.

Entre os outros acionistas estão o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras e a firma de private equity GP Investments Ltd. A Lupatech tinha R$ 397 milhões em dívida líquida e ativos que totalizavam R$ 256 milhões no fim do primeiro trimestre.

Para sair da recuperação judicial e continuar suas operações, a Lupatech precisará convencer os credores mais céticos de que tem um plano realista para tornar-se rentável, segundo Maria Renata Lofti, analista da Standard Poor’s em São Paulo.

“Os credores precisarão saber se a empresa é operacionalmente sustentável”, disse ela em entrevista.

Texto atualizado às 18h01 do dia 02/06/2015, para alteração no título e no primeiro e penúltimo parágrafos

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