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Enxuta, Telefunken, Walita: o que aconteceu com famosas marcas de eletrodomésticos do passado

A EXAME conta o que aconteceu com cinco das grandes marcas de eletrodomésticos sucesso de vendas no Brasil do século passado

Enxuta, Telefunken, Walita: marcas que bombavam nos anos 1980 (Reprodução/Internet)

Enxuta, Telefunken, Walita: marcas que bombavam nos anos 1980 (Reprodução/Internet)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 13 de abril de 2024 às 09h09.

Última atualização em 20 de junho de 2024 às 11h47.

Uma casa brasileira nos anos 1980 tinha uma porção de eletrodomésticos de marcas que não existem mais. Uma televisão da Telefunken, uma máquina de lavar da Enxuta, uma caixa de som da Gradiente.

Esses produtos marcaram gerações e vivem até hoje na memória das pessoas. Por isso, a EXAME separou cinco marcas famosas nos anos de 1970, 1980 e 1990 e te conta o que aconteceu com cada uma dela. Embarque conosco nesta viagem no tempo.

Enxuta

A marca gaúcha Enxuta nasceu em 1981 como um braço de produtos linha branca do Grupo Triches, de Caxias do Sul. Entre as décadas de 1980 e 1990, a empresa chegou à liderança de vendas no mercado de secadoras, contabilizando o domínio de 85% deste setor. Em 1995, por um problema de “carência de capital de giro”, a marca foi vendida para a controladora do grupo, a Ponto. Assim ficou até 2001, quando a marca entrou em falência e foi leiloada. Na ocasião, a razão para a falência foram as dívidas e a falta de capital de giro. Uma crise que representou o desemprego de 750 pessoas na cidade de Caxias do Sul.

Um ano depois, quem assumiu a operação da Enxuta foi a Cooperativa de Produção Industrial de Eletrodomésticos Caxias Ltda (Eletrocoop), uma entidade criada pelos ex-funcionários da empresa, sob a gerência da Atlas Indústria de Eletrodomésticos, uma empresa paranaense, que comprou toda operação em 2003. Naquele ano, foram relançadas as linhas de lava-roupas, lava-louças e secadoras de roupas batizada de Atlas Sul.

“Em 2003, tomei uma decisão da qual mais tarde me arrependi”, disse o fundador da Atlas, Claudio Petrycoski, em entrevista à EXAME em 2014. “Fui procurado por uma cooperativa de funcionários responsável por administrar a massa falida da Enxuta, fabricante de eletrodomésticos gaúcha que fazia máquinas de lavar e secar roupa. Achei que era uma boa oportunidade e investi 12 milhões de reais na compra das máquinas e na criação de uma subsidiária em Caxias do Sul”.

“Desde o início, o investimento só deu dor de cabeça. Fechei o negócio acreditando que poderia fazer um novo empréstimo no banco para renovar os produtos, mas o dinheiro não saiu. Fiquei sem recursos para investir e não consegui reestruturar a Enxuta como gostaria”, afirma. “As lavadoras e secadoras estavam defasadas em relação à concorrência, e nossos custos eram mais altos. Durante cinco anos, tentei de tudo para o negócio deslanchar, sem sucesso. Em 2008, fechei a fábrica  de Caxias do Sul. Olhando para trás, acredito que meu grande erro foi ter comprado a Enxuta sem ter planejado direito o que faria com ela”. 

A marca chegou a retornar ao Brasil com aquecedores de ambiente. No Uruguai, existe até hoje vendendo diversos produtos eletrônicos. Por lá, a marca é operada pela Gelbring.

Telefunken

Uma das marcas que mais trazem memória afetiva aos consumidores dos anos 1970 e 1980, a Telefunken desembarcou no país nos anos 1940. Marca originalmente alemã, chegou a ter fábricas por aqui. O principal produto eram os famosos televisores quadrados, pesados, com um botão para cada canal e saída de áudio na parte dianteira. 

Muitos aparelhos permaneceram nas casas das famílias mesmo depois de 1989, ano em que a marca foi descontinuada no Brasil após aquisição pela Gradiente. Em 2022, após 33 anos, a marca voltou ao varejo brasileiro, licenciada pelo grupo argentino Someco com foco em eletroeletrônicos.

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Gradiente

Fundada em 1964, a Gradiente se especializou em produtos de áudio na década de 1970, introduzindo ao mercado produtos como o toca-discos com saída óptica. A partir dos anos 1970, a empresa começou a se expandir por meio de aquisições de outras marcas. A estratégia permaneceu por bons anos. Nos anos 1980, por exemplo, adquiriu a Telefunken no Brasil. Em 2005, a Philco. Com isso, ganhou escala no mercado de televisores e aparelhos DVDs.  

Apesar disso, a Gradiente enfrentou desafios financeiros, entrando em processo de recuperação judicial. Nos anos 2010, deixou de produzir eletrônicos de consumo. A marca Gradiente foi licenciada para uma importadora e fabricante de eletroportáteis e caixas de som. Atualmente, o faturamento da Gradiente vem da administração de galpões de logística.

Walita

A Walita surgiu na década de 1930, no Largo do Arouche, no centro de São Paulo. O nome é uma mistura de Waldemar e Lita, o casal fundador. Nos anos de 1940, o casal faz, com base na experiência na construção de motores, o primeiro Liquidificador Walita, o primeiro totalmente fabricado no Brasil. No mesmo período, também faz o primeiro ventilador.

No início dos anos 1970, a Philips, empresa holandesa que atua no Brasil desde a década de 1920, compra a Walita.  A nova nomenclatura passa a ser Philips do Brasil - Divisão Walita, mantendo a marca como nome fantasia.

Depois, a marca passou a se chamar Philips Walita. O braço existe até hoje. A empresa vende produtos como airfryers, batedeiras, cafeteiras e liquidificadores.

Philips

Outra conhecida marca de televisão parou de fabricar este produto há alguns anos. A holandesa Philips decidiu deixar de fabricar o produto em 2011, por causa da forte concorrência, principalmente das fabricantes asiáticas, principalmente as sul-coreanas Samsung e LG. Hoje, até há alguns televisores, lâmpadas e outros equipamentos com a logomarca da Philips, mas são fabricados por terceiras, como na produção Philips Walita.  

Desde a saída das TVs, o foco da Philips se voltou para a divisão de saúde, que se divide entre softwares e equipamentos para clínicas e hospitais, no modelo B2B, e em cuidados pessoais.

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