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Entregadores da Rappi se sindicalizam na Colômbia para exigir melhor tratamento

Muitas vezes, eles recebem menos de um dólar por trajetos de vários quilômetros, denuncia o sindicato que os entregadores formaram recentemente

Entregador: motorista da Rappi se sindicalizam na Colômbia para exigir melhor tratamento (Rappi/Divulgação)

Entregador: motorista da Rappi se sindicalizam na Colômbia para exigir melhor tratamento (Rappi/Divulgação)

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AFP

Publicado em 26 de outubro de 2022 às 07h11.

Última atualização em 26 de outubro de 2022 às 08h36.

Sob uma chuva torrencial, Luz Miryam Fique manobra como pode com sua motocicleta para entregar dois pacotes de comida. Assim como ela, milhares de entregadores na Colômbia enfrentam as intempéries por um pagamento modesto.

No país, há cerca de 50.000 entregadores da multinacional Rappi, que é originária desse país.

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Muitas vezes, eles recebem menos de um dólar por trajetos de vários quilômetros, denuncia o sindicato que os entregadores formaram recentemente.

Não existe qualquer contrato entre os entregadores - que em sua grande maioria se locomovem em bicicleta - e esta empresa líder do mercado de entrega a domicílio na Colômbia, fundada em 2015 e avaliada em 5,25 bilhões de dólares.

A Rappi assinala que não é o empregador dos entregadores, mas uma plataforma que permite a intermediação entre consumidores, entregadores independentes e estabelecimentos comerciais.

Luz Miryam, de 57 anos, deixou seu trabalho como auxiliar em um escritório para se dedicar somente à Rappi. Quatro anos depois, ela preside a organização União de Trabalhadores de Plataformas Digitais da Colômbia (UNIDAPP).

No início "ganhava cerca de 130 e 140.000 pesos por dia [cerca de 28 dólares], sem me cansar", explicou Luz Miryam. Hoje, para ganhar isso, "é preciso trabalhar pelo menos 16 horas [...] e dando um duro danado!", afirmou à AFP.

A Rappi alega que seus entregadores "independentes [...] podem ganhar por hora duas vezes mais" que um trabalhador com o salário mínimo legal (cerca de 200 dólares). "Eles ganham por hora mais do que 70% da população colombiana", enfatiza a companhia em um comunicado dirigido à AFP.

Entre setembro de 2018 e julho de 2021, a valorização da empresa cresceu 420%. Hoje ela atua em Argentina, Brasil, México, Chile e outros cinco países latino-americanos.

Para Luz Myriam, a pandemia "caiu como uma luva para o aplicativo". "A partir daí, Rappi fez e está fazendo tudo o que quer", lamentou.

Além da demanda ter disparado durante os confinamentos, muitos colombianos perderam seus empregos e recorreram ao aplicativo para sobreviver. A eles se juntaram os migrantes venezuelanos, que chegaram aos milhões no país, e hoje formam grande parte do plantel da empresa.

"Existe um aproveitamento: para um trabalhador migrante é muito difícil ou impossível se situar na economia formal, pois na Colômbia os empregos formais são escassos", explica Natalia Ramírez, professora de direito do trabalho na Universidade dos Andes.

"Apenas 14% dos entregadores teriam um emprego formal se as plataformas não existissem"  na Colômbia, onde seis de cada dez cidadão trabalham na informalidade, e "44% estariam desempregados", afirmou a Rappi, citando um estudo da Fundação para a Educação Superior e o Desenvolvimento (Fedesarrollo) da Colômbia.

A UNIDAPP busca pagamentos melhores para os entregadores e intercede quando eles são banidos do aplicativo, uma sanção habitual para quem recusar pedidos.

O parlamentar liberal Mauricio Gómez Amín está preparando um projeto de lei para "regulamentar não só a Rappi, mas todas as plataformas digitais [...] para que não abusem de seus colaboradores" na Colômbia.

Os entregadores "não tem direitos trabalhistas, e a Rappi não reconhece seus direitos [...] Não há contribuição para a previdência, não recebem um seguro pelos riscos que correm", denunciou Gómez ao meio Semana TV.

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