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Entre goles, disputas e protestos: ele construiu uma fortuna de US$ 10,9 bilhões com bebidas

Charoen Sirivadhanabhakdi é dono da Chang, a cerveja mais vendida da Tailândia

O império de haroen Sirivadhanabhakdi vai além das cervejas e passa por supermercados e imóveis (Getty Images/Getty Images)

O império de haroen Sirivadhanabhakdi vai além das cervejas e passa por supermercados e imóveis (Getty Images/Getty Images)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 4 de maio de 2024 às 10h59.

Última atualização em 4 de maio de 2024 às 17h52.

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O ano de 2005 foi emblemático para a história do Charoen Sirivadhanabhakdi, empresário de origem chinesa que ainda criança migrou para a Tailândia. Filho de um vendedor ambulante de panquecas de mexilhão em Bangkok, ele largou a escola cedo para trabalhar vendendo uma espécie de jogos de loteria. 

O princípio da virada de vida veio quando começou a distribuir suprimentos para destilarias que faziam whiskey, um mercado sob monopólio do estado naquele momento, entre as décadas de 1970 e 1980. Com o trabalho e com contatos no setor, adquiriu a própria licença para produzir os seus licores. 

Como começa a história do bilionário

Em 1985, quando o governo abriu licitação para os demais 85% das licenças, lá estava ele de novo. Recorrendo a empréstimos bancários estimados em US$ 200 milhões, obteve o monopólio da produção no país. Dois anos depois, a  Thai Charoen Corp (ou TCC), mesmo diante das altas taxas sobre as bebidas, pagou US$ 550 milhões em royalties ao departamento de impostos da Tailândia. 

Com o crescimento acelerado do negócio, Sirivadhanabhakdi decidiu expandir a operação e entrar no universo das cervejas. Começou com uma joint-venture para a produção e distribuição com a dinamarquesa Carlsberg e logo depois lançou a sua própria marca, a Chang, hoje a cerveja mais vendida no país. 

O portfólio cresceu rapidamente e, 2005, a companhia, já sob o nome de Thai Beverages desde 2003, tinha se tornado a maior de bebidas no país, com  mais de 40 marcas. Era o momento ideal para a abertura de capital, em busca de 1 bilhão de dólares.

Os protestos e os processos

Não deu certo. Monges budistas e outros grupos pensavam o contrário e saíram em protesto pelas ruas de Bangkok - mais de 5.000 deles. Os manifestantes argumentam que o álcool era contra o budismo, o islamismo e a própria cultura do país. O caminho foi fazer o IPO num país vizinho, no caso, na bolsa de Cingapura, no ano seguinte. Até hoje, a bolsa da Tailândia proíbe a negociação de papéis de companhias com produtos alcoólicos.

O ano de 2005 ainda marcaria a vitória de Sirivadhanabhakdi sobre a Carlsberg, após a dinamarquesa encerrar a joint-venture com uma empresa que ele controlava. Após pedir US$ 2 bilhões em indenizações, o acordo foi fechado em US$ 120 milhões. 

A disputa com europeus seria assistida também em 2012, quando companhias ligadas ao empresário fizeram movimentos fortes para adquirir a Asia Pacific Breweries Ltd (APB), fabricante da cerveja Tiger e de outras cervejas. A holandesa Heineken correu para ficar com a operação e não perder acesso ao mercado. 

Sirivadhanabhakdi conseguiu manejar para ficar com o controle da Fraser & Neave (F&N), negócios de refrigerantes, alimentos e imóveis, que estava dentro do APB. Em 2012, adquiriu 22% da F&N e, um ano mais tarde, assumiu o controle, após uma oferta de US$ 11,2 bilhões.

Ao longo dos anos, o bilionário entregou em outros negócios e construiu um império que passa por supermercados, como Big C Supercenter, comprado do Grupo Cassino, em 2016, e se estende a diversos imóveis, hotéis e shopping centers.

A maior parte da fortuna continua, porém, sustentada pela Thai Beverages, da qual detém cerca de 70%. Em 2022, o negócio fechou com uma receita de US$ 7,9 bilhões.

Com uma fortuna estimada em US$ 10,9 bilhões pela Forbes, Charoen é a terceira pessoa mais rica da Tailândia. Na lista global, o empresário de 80 anos aparece na posição 177.

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