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Entre coronavírus e greves, Petrobras apresenta balanço do 4º trimestre

Resultados da petroleira devem mostrar alta no lucro, em parte pela produção recorde no fim do ano passado. Mas há incerteza

Petroleiros: apesar de decisão do TST contra a greve, ato reuniu manifestantes no Rio de Janeiro nesta terça-feira (Ricardo Moraes/Reuters)

Petroleiros: apesar de decisão do TST contra a greve, ato reuniu manifestantes no Rio de Janeiro nesta terça-feira (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 06h09.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2020 às 06h38.

São Paulo — Em meio à greve dos petroleiros e à possibilidade de uma paralisação dos caminhoneiros, a Petrobras vai divulgar nesta quarta-feira, 19, seus resultados financeiros referentes ao exercício de 2019.

A expectativa de analistas consultados por EXAME é que a companhia apresente avanço no lucro líquido no quarto trimestre, período entre outubro e dezembro.

O balanço mais robusto se deve, em parte, à produção recorde no período, fruto do incremento em plataformas como a P-67 e a P-69, no campo de Lula. Os resultados também devem se beneficiar dos altos índices de produtividade na camada pré-sal, que vieram acima do esperado pelo mercado.

O lucro estimado para o último trimestre de 2019 é de 8 bilhões a 9 bilhões de reais, o equivalente a quatro vezes o resultado líquido da Petrobras no mesmo período de 2018.

Na ocasião, a companhia ainda assim registrou um lucro de 2 bilhões de reais, devido ao reconhecimento de itens extraordinários, como impairment (reavaliação de ativos) e perdas com contingências.

Por sua vez, a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) deve atingir aproximadamente 35 bilhões de reais, ante os 29 bilhões de reais computador no mesmo período do ano anterior.

Já a receita projetada por analistas para o quarto trimestre deve alcançar algo entre 84 bilhões de reais e 98 bilhões de reais, ante os 92,7 bilhões de reais registrados um ano antes. Portanto, há margem tanto para entusiasmo quanto para frustração.

Ao longo do ano passado, a Petrobras também reconheceu perda de fatia de mercado. Embora a produção de derivados tenha crescido, a petroleira estatal reportou queda nas vendas no mercado interno, devido à maior participação dos importadores e de produtores de etanol hidratado, além da redução dos volumes comercializados de gasolina.

Esse movimento deve ser compensado, em parte, pela alta do dólar que favorece as receitas com exportações. Além disso, a elevação do barril tipo Brent em diversos momentos também deve conferir um resultado benéfico à empresa.

As ações da Petrobras subiram 1,33% na terça-feira, 18, antecipando os bons números da petroleira. No ano, entretanto, os papéis acumulam queda de 1,42%.

Com o cenário de 2019 esmiuçado, a próxima dúvida a partir de agora deve recair sobre o resultado do primeiro trimestre de 2020, quando os reflexos do coronavírus.

O presidente da companhia, Roberto Castello Branco, afirmou no início do mês que as exportações e vendas da Petrobras não foram afetadas até o momento pelo novo coronavírus, que tem provocado redução de preços globais de petróleo diante de temores sobre uma queda na demanda. “Mas nós administramos a Petrobras nos preparando para viver em um ambiente de preços de petróleo baixos”, disse.

Enquanto isso, a greve dos petroleiros segue, com adesão de 60% dos funcionários da área operacional da Petrobras. Nesta semana, o Tribunal Superior do Trabalho declarou a paralisação “ilegal e abusiva”, atendendo a pedido da Petrobras; mas o sindicato dos petroleiros avalia que a declaração é inconstitucional e afirmou que vai recorrer da decisão e manter a greve.

Ainda nesta seara, entre os caminhoneiros, há uma paralisação marcada para esta quarta-feira. Mas se uma greve maior acontecer de fato, nos moldes de maio de 2018, a situação pode ficar ainda mais desfavorável para a Petrobras.

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