Negócios

Entre a casa e o escritório: como vai ficar o Starbucks pós-coronavírus

O presidente da empresa aposta que as pessoas estarão ávidas para beber um cafezinho, mas o conceito da rede pode ter sido mudado para sempre

Starbucks: aposta do CEO é de que tudo ficará bem com o tempo (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Starbucks: aposta do CEO é de que tudo ficará bem com o tempo (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 29 de abril de 2020 às 15h38.

A aposta do presidente do Starbucks, Kevin Johnson, é que as pessoas estarão ávidas para beber um cafézinho assim que a pandemia do coronavírus acabar --- mas com bastante cautela.  "O coronavírus está se mostrando um teste de fogo para o conceito central de nossa empresa, que é criar um 'terceiro lugar', longe da casa e do trabalho das pessoas e onde consumidores podem relaxar e socializar. As pessoas não vão deixar a guarda baixar totalmente até uma vacina estar disponível e, até lá, os hábitos vão provavelmente ter mudado para sempre", afirmou Johnson em entrevista ao canal de televisão da Bloomberg.

O Starbucks deve ter 90% de sua cadeia reaberta até o começo de junho, com drive-thru limitado. A maioria das lojas nos EUA deve começar a expandir suas operações já na semana que vem, oferecendo a opção de "pegar e sair".

Segundo Johnson, em alguns casos, pedidos poderão ser feitos no caixa dentro da loja, mas respeitando as recomendações de distanciamento social. Antes da pandemia, nos Estados Unidos, 80% dos pedidos na rede de cafés era feito no estilo "pegar e sair", enquanto, na China, os consumidores preferiam se sentar dentro dos espaços, mas a forma de consumo mudou por lá com o surto da covid-19.

Em entrevista ao site BuzzFeed News, um porta-voz da empresa afirmou que os "cafés foram e continuarão fechados no futuro imediato e não serão feitos pedidos no caixa". O porta-voz também disse que as lojas norte-americanas pedirão para que os consumidores baixem o aplicativo do Starbucks e façam os pedidos com antecedência e que opções de delivery estarão disponíveis no aplicativo Uber Eats.

O CEO também espera que, com o tempo, as pessoas irão voltar a frequentar as lojas. "O fato é que nós, como seres humanos, temos um impulso gravitacional para interagir com outros humanos. Esse sentimento de ser parte de uma comunidade é o que o nosso 'terceiro lugar' representa", afirma.

 

Os mercados chinês e norte-americano são as prioridades do Starbucks e nem a pandemia foi capaz de mudar isso. No começo de março, a empresa estimou uma perda de 400 milhões a 430 milhões de dólares na China por causa da doença --- 50% do total em comparação ao segundo trimestre fiscal do ano passado. Johnson afirmou que 500 lojas devem ser abertas no país asiático ainda neste ano.

"Estamos todos em casa por seis semanas, é normal ficarmos um pouco loucos. As pessoas querem sair, mas querem ser responsáveis", disse Johnson.

Em maio o marketing da rede de cafés, que foi pausado pela pandemia, também deve voltar com força total. No quarto trimestre fiscal de 2019, o lucro da empresa subiu 6,2% e teve um crescimento de 7% da receita total, para 6,7 bilhões de dólares.

Segundo Johnson, "o efeito e a experiência da covid-19 vai nos afetar pelo resto da vida". Nesta quarta-feira, as ações do Starbucks caíam em 2,5%. Parece que o tempo de recuperação da empresa pode durar mais do que a preparação de um frapuccino.

Acompanhe tudo sobre:CaféCoronavírusStarbucks

Mais de Negócios

Ford aposta em talentos para impulsionar inovação no Brasil

Fortuna de Elon Musk bate recorde após rali da Tesla

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem