No topo do céu: LaucherOne desacompla acima dos 15 mil pés (Virgin Orbit/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 10 de maio de 2021 às 18h32.
Talvez a Virgin Orbit não seja tão famosa quanto a irmã Galactic – que promete levar pessoas comuns ao espaço –, só que a divisão dedicada a satélites pequenos chama a atenção por outro motivo: um Boeing 747-400, batizado “Cosmic Girl”, adaptado para lançar foguetes acima dos 15 mil pés de altitude. E essa aeronave poderá decolar do Centro Espacial de Alcântara (CEA), no Brasil.
Tudo começou no ano passado, quando foi realizado um Chamamento Público para encontrar empresas nacionais e internacionais interessadas em operar na base instalada no Maranhão. E por que esse local é tão cobiçado? Pela localização. Como está próximo à Linha do Equador, o CEA aproveita a área na qual o planeta gira mais rápido e garante mais velocidade inicial aos lançamentos.
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E a “grande sacada” da Virgin Orbit é justamente aproveitar um avião para economizar combustível nos trechos que mais exigiriam do veículo espacial, como vencer a gravidade e o arrasto atmosférico. Sendo assim, a operação do “LaucherOne” (como o foguete é chamado pela empresa) em solo nacional é mais racional que o processo no Mojave Air and Space Port, nos Estados Unidos.
“É uma oportunidade de aprimorar processos e procedimentos. Sem contar que, na visão estratégica, o Brasil tem a possibilidade de se inserir no cenário internacional como um centro de lançamento espacial no seu próprio território”, afirma o Major-Brigadeiro do Ar Paulo Roberto de Barros Chã, representante da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE).
Além da Virgin Orbit, que foi classificada para atuar a partir de aeronaves com decolagem do Aeroporto de Alcântara (MA), outras empresas foram selecionadas lançamento de veículos espaciais não militares, orbitais e suborbitais: C6 Launch (área do Perfilador de Vento); Orion AST (Plataforma Universal, área suborbital); e Hyperion (operação do Sistema de Plataforma VLS [SISPLAT]).
Essa iniciativa só foi possível por conta do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) firmado por Brasil e Estados Unidos em 2019. Com isso, o país garantiu por contrato a proteção de tecnologias embarcadas – cerca de 80% dos equipamentos espaciais do mundo têm componentes norte-americanos. E, assim, o CEA se torna mais competitivo no mercado global de lançamento ao espaço.
No último dois anos, a Agência Espacial Brasileira (AEB) lançou quatro satélites. Mas o governo publicou no Diário Oficial da União o Programa Constelação Catarina e o Consórcio Catarina, que preveem criação e fabricação de 13 satélites nacionais. Esses equipamentos serão destinados a monitoramento do clima, prevenção de desastres naturais e aprimoramento da agricultura de precisão.
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