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Gafisa põe Tenda na geladeira, enquanto arruma a casa

Marca de baixa renda da Gafisa rende perdas de 12,4 milhões de reais no segundo trimestre


	Obra da Gafisa: lucro de 1 milhão de reais no segundo trimestre de 2012
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Obra da Gafisa: lucro de 1 milhão de reais no segundo trimestre de 2012 (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 17h46.

São Paulo - Com obras voltadas para a baixa renda, a Tenda prometia ser um tíquete dourado para a Gafisa entrar em um mercado que fazia brilhar os olhos da concorrência – o da emergente classe C. A compra foi fechada em 2008, mas o negócio acabou se revelando um problema dos grandes para a empresa: revisão no preço das obras, multas por atraso e inadimplência entre os clientes fizeram a Gafisa se tornar a companhia brasileira com maior prejuízo no ano passado, com perdas de quase 1 bilhão de reais.

Em processo de reestruturação, a empresa luta para reverter os números negativos. Congelar o crescimento da Tenda vem sendo uma de suas principais tarefas desde então. No primeiro semestre do ano, a Gafisa repassou o financiamento de 6.400 unidades da Tenda para instituições financeiras. A meta é chegar a 14.000 até o fim do ano.

Ao contrário do que acontecia no passado, os novos negócios só são fechados quando os futuros mutuários podem ser imediatamente transferidos para a Caixa Econômica Federal. Com a estratégia, a empresa espera evitar o cancelamento de vendas por conta dos não pagadores.

O ritmo dos novos negócios também diminuiu - e muito. De janeiro até agora, nenhum empreendimento com a marca chegou ao mercado. A Gafisa espera que os lançamentos da Tenda fiquem entre 270 milhões e 330 milhões de reais no ano, representando cerca de 10% do que a empresa quer lançar em 2012. Os outros 90% devem ser divididos entre as marcas Gafisa e Alphaville, com 50% e 40% de participação, respectivamente.

Corretivo

A figura era outra há exatos três anos, quando a companhia esperava que a Tenda respondesse, sozinha, por metade dos seus lançamentos, então estimados em 3,2 bilhões de reais. 


Em teleconferência a analistas nesta sexta, o presidente da Gafisa, Duílio Calciolari, afirmou que o menor volume "reflete a desaceleração deliberada dos lançamentos de Tenda, como resultado da nossa estratégia corretiva e o foco mais direcionado para Gafisa."

Se a gestão pisou no freio, as vendas da Tenda continuam aquecidas. Impulsionadas pelo Feirão da Caixa, elas chegaram a 344,8 milhões de reais no segundo trimestre, aumento de 38% em relação aos três primeiros meses do ano. É verdade que os cancelamentos de contrato continuam altos. Entre abril e junho, chegaram a 329,1 milhões. Mas, das 6.235 unidades que foram distratadas do começo do ano até agora, 4.957 voltaram ao estoque e 62% já foram revendidas.

A Gafisa ainda espera ganhar com a procura. Em entrevista à EXAME.com em junho, Duílio afirmou que a Tenda tem mercado e marca e, por isso, não haveria intenção de abandonar o negócio. Por enquanto, as operações da divisão seguem dando prejuízo. No segundo trimestre, a perda da Tenda foi de 12,4 milhões de reais.

Com a incorporadora de baixa renda na geladeira, no entanto, a companhia colhe os primeiros resultados da faxina tocada no restante da casa. Depois de uma avalanche de números negativos, a Gafisa gerou 231 milhões de reais de caixa no segundo trimestre, também embalada pela venda de terrenos não estratégicos, pela securitização de recebíveis e pelo aumento das unidades entregues.

A receita líquida subiu 6%, para 1 bilhão de reais, e o lucro líquido foi de 1 milhão, surpreendendo positivamente o mercado e revertendo prejuízo de 31,8 milhões registrado em igual período do ano passado. Depois de ter eleito a desalavancagem do caixa como uma de suas principais metas, a Gafisa também viu sua relação entre dívida e patrimônio líquido cair 10 pontos percentuais, chegando a 112% no fim de junho. 

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