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Engie mira ativos de geração e transmissão da Eletrobras

A Engie também tem acompanhado de perto os desinvestimentos da Petrobras, com interesse em avaliar termelétricas, gasodutos e terminais de gás natural

Engie: "A gente está aberto para as oportunidades, mas sempre conservadoramente", disse o presidente da empresa no Brasil (Jacky Naegelen/Reuters)

Engie: "A gente está aberto para as oportunidades, mas sempre conservadoramente", disse o presidente da empresa no Brasil (Jacky Naegelen/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de outubro de 2017 às 20h47.

São Paulo - O grupo francês Engie segue em busca de oportunidades de expansão no Brasil, e entre os ativos no radar da companhia estão participações em usinas eólicas e linhas de transmissão que a estatal federal Eletrobras pretende vender, disse à Reuters o presidente da elétrica para o Brasil, Maurício Bähr.

A Engie também tem acompanhado de perto os desinvestimentos da Petrobras, com interesse em avaliar termelétricas, gasodutos e terminais de gás natural da estatal à medida que estes forem colocados no mercado, segundo o executivo.

"A gente está aberto para as oportunidades, mas sempre conservadoramente, com disciplina financeira, fazendo coisas que cabem no nosso bolso e não vão estressar demais o endividamento da empresa", explicou Bähr.

"Mas estamos com endividamento muito baixo no Brasil, então teria um espaço", acrescentou.

Nesta semana, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., disse que a estatal quer ao menos começar ainda em 2017 a venda de fatias em parques eólicos e linhas de transmissão nos quais a companhia é minoritária --ativos conhecidos no mercado como Sociedades de Propósito Específico, com sócios privados.

O presidente da Engie Brasil ressaltou, no entanto, que a companhia precisaria negociar algum arranjo para ter poder de controle nesses negócios, caso decida investir.

"Faz mais sentido para nós esse tipo de investimento, em que a gente como investidor estratégico tenha controle... aí depende de quem são os sócios (das SPEs) e como você poderia fazer uma composição... ou você compra um pedaço (do sócio) ou faz uma governança adequada, em que mesmo sendo minoritário você tem poder decisão em alguns temas relevantes", apontou.

"Teria que olhar ativo a ativo o que interessa. Linhas de transmissão, como é uma coisa que a gente quer entrar, teria que olhar.... acho que a gente está aberto para essas coisas", afirmou.

O interesse vem em um momento em que a Engie busca focar os investimentos em negócios de geração limpa, enquanto a controlada local Engie Brasil Energia avança com seus negócios também para outros segmentos do setor elétrico, como a transmissão e projetos solares de pequeno porte.

A estratégia, no entanto, não descarta ativos de gás natural, visto pela companhia como essencial para ajudar os países a lidar com a variação na produção de usinas eólicas e solares, cuja geração está associada às condições climáticas do momento.

"O gás vai complementar, fazer o equilíbrio das renováveis. A gente acredita muito nessa revolução energética, é natural que ela aconteça", disse Bähr.

A expectativa da companhia, no entanto, é que as vendas de ativos pela Petrobras acelerem após uma reformulação da regulamentação do setor de gás atualmente em discussão no governo, o programa "Gás Para Crescer".

"A gente está olhando para o gás como oportunidade de investimento... gasodutos, terminais, toda a estrutura de gás, depende do programa de desinvestimentos da Petrobras", complementou.

Outra oportunidade que a Engie pode analisar em breve é uma venda da fatia da Eletrobras na usina de Jirau, no rio Madeira, onde os franceses são majoritários.

A Eletrobras e autoridades têm comentado que a companhia pode buscar gerar caixa com a venda de fatias em suas hidrelétricas na Amazônia, como Belo Monte, Santo Antônio e Jirau.

"Não sei se eles vão querer vender Jirau ou não, depende do apetite deles. Mas eventualmente vai ser natural os sócios que têm (direito de) preferência acabarem exercendo... mas não sei, pode ser até que a gente avalie outras coisas, e não Jirau", disse Bähr.

Foco renovável

O presidente da Engie Brasil disse que a companhia ficou satisfeita com a compra na semana passada das hidrelétricas de Jaguara e Miranda, que pertenciam à Cemig, mas tiveram a concessão colocada à venda pelo governo devido ao fim das concessões. Nas aquisições, a empresa gastou ao todo cerca de 3,5 bilhões de reais.

Segundo ele, as aquisições se encaixam bem na estratégia do grupo para renováveis, que também deve incluir a participação nos leilões de energia A-4 e A-6, agendados pelo governo para dezembro, que contratarão novas usinas para entrar em operação a partir de 2021 e 2023.

A companhia pretende colocar projetos de usinas eólicas e solares fotovoltaicas na licitação.

Por outro lado, a Engie promove atualmente um processo de concorrência no Brasil para buscar compradores para seus empreendimentos termelétricos a carvão.

Bähr não quis abrir os detalhes sobre o processo, mas disse que há investidores interessados nos ativos e que tem confiança em concluir a transação com sucesso.

O executivo também disse estar animado com o momento do setor elétrico brasileiro, de crescimento de grandes grupos privados, principalmente internacionais, em meio a uma redução do papel das estatais no mercado.

Ele lembrou que a Engie, ex-GDF Suez, chegou ao Brasil há cerca de 20 anos, mesmo tempo em que o executivo atua na empresa, após ter liderado as operações de energia do extinto Banco Nacional.

"Eu era CEO de nada, porque a gente não tinha nada, era um escritório e uma secretária... e a gente construiu uma história muito interessante... acho que as empresas internacionais têm um papel importante a jogar aqui no Brasil", disse.

De acordo com Bähr, as atividades no Brasil hoje respondem por cerca de 18 por cento do resultado global da Engie, que está presente em mais de 70 países.

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