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Engie Brasil pode adiar para 2019 compra de fatia em hidrelétrica de Jirau

Participação da usina envolvida no negócio de aquisição pertence à controladora da empresa, a francesa Engie

Engie Brasil Energia: empresa iniciou conversas com o BNDES para renegociar empréstimos realizados para seus projetos (Charles Platiau/Reuters)

Engie Brasil Energia: empresa iniciou conversas com o BNDES para renegociar empréstimos realizados para seus projetos (Charles Platiau/Reuters)

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Reuters

Publicado em 30 de maio de 2018 às 18h29.

São Paulo - A elétrica Engie Brasil Energia pode deixar para o ano que vem a aquisição de uma fatia na hidrelétrica de Jirau detida por sua controladora, a francesa Engie, disse nesta quarta-feira o presidente da companhia, Mauricio Bahr.

O negócio está no radar da empresa há anos e faz parte de uma estratégia adotada pela Engie para projetos de grande porte no Brasil, segundo a qual os ativos são transferidos para o portfólio da filial local da companhia somente quando há uma visão de que os riscos envolvidos no empreendimento já foram mitigados.

A usina de Jirau, em Rondônia, recebeu investimentos de cerca de 20 bilhões de reais e é uma das maiores do Brasil, com 3,75 gigawatts em capacidade já totalmente operacionais.

"A transferência de Jirau não é uma prioridade neste momento, a gente tem outros temas... a gente está adiando um pouco essa transferência, para o final do ano, início do ano que vem", disse Bahr a jornalistas, após participar de evento em São Paulo.

A Engie Brasil Energia já contratou o Itaú BBA para assessorar a transação envolvendo Jirau. Além da Engie, a usina tem como sócios Chesf e Eletrosul, da Eletrobras, e a japonesa Mitsui.

A geradora chegou a avaliar concluir a aquisição de Jirau no ano passado, mas o prazo foi alterado para 2018 e agora pode chegar a até 2019.

Empréstimo renegociado?

O presidente da Engie Brasil Energia também afirmou que a empresa iniciou conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para buscar algum tipo de renegociação em empréstimos realizados pelo banco para seus projetos, como Jirau.

O movimento acontece após a taxa que referencia os financiamentos oferecidos anteriormente pelo banco estatal, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), subir para níveis acima do esperado.

Fixada em torno de 5 por cento na época em que os empréstimos foram liberados, a TJLP saltou para até 7,5 por cento em 2016 e em 2017 permaneceu em 7 por cento. Neste ano, ela está em 6,6 por cento.

"Não está atrapalhando só a nós, está atrapalhando o setor elétrico como um todo, porque os contratos de venda (de energia) são corrigidos pelo IPCA e na verdade os custos financeiros subiram muito acima do esperado", afirmou.

"As taxas da TJLP estão acima do CDI, no fundo você tem uma situação de não conseguir atingir o índice de cobertura da dívida... estamos buscando conversas com o BNDES", adicionou Bahr.

Ele afirmou que, com a alta na TJLP, os acionistas de empreendimentos de energia que tomaram empréstimos do BNDES continuam tendo que colocar recursos nos projetos mesmo após a conclusão das obras, o que não estava nas contas.

"Essa fase a gente não devia estar fazendo aportes, devia estar pagando as dívidas e começando a receber dividendos", disse.

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, afirmou também estar envolvido nas negociações com o banco e com o governo.

"Nenhum dos investidores está conseguindo rentabilizar seus projetos", disse ele a jornalistas nos bastidores do Brazil Investment Forum, em São Paulo.

O executivo destacou que uma menor produção das hidrelétricas do país em geral devido ao baixo nível dos reservatórios também tem prejudicado empreendimentos financiados pelo BNDES, como Jirau e outras grandes usinas hídricas.

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